Bicho
Nada é exatamente o que parece no espetáculo “Bicho”, texto de André Sant’Anna dirigido por Georgette Fadel, que estreou no sábado (4).
Para uma pesquisa sobre prostituição masculina, um ator (Jean Martins) decide abordar um michê (Eduardo Speroni) e uma travesti (Rael Barja e Verónica Valenttino) com uma série de perguntas, de sexualidade a política.
As conversas, que transitam entre o violento e o filosófico, aos poucos revelam outras faces dos personagens e questionam valores. Há conservadorismo em quem consideramos liberal? Prostituir-se também pode ser uma arte?
“A dramaturgia traz uma monstruosidade, uma exacerbação das paixões, distorções e opiniões, do senso comum”, afirma Fadel. “É violenta, mas no fim tem uma poesia, como a imagem da pedra onde nasce o capim, que rompe tudo para continuar vivendo nesse planeta.”
Segundo a diretora, é também uma discussão sobre a liberdade de expressão. “[A peça] enfoca todos os nervos dessa vida contemporânea, desses e rótulos que as pessoas colocam hoje nos outros”.
Os assuntos levantados pela peça também serão temas de debates realizados após as sessões das segundas-feiras. No dia 27/11, por exemplo, haverá participação de Natalia Mallo, diretora de “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, peça que sofreu duas censuras judiciais neste ano.
“A gente quer um debate mais amplo, para não ficarmos repetindo frases feitas”, comenta Georgette Fadel.