Folha de S.Paulo

Madeleine Peyroux traz seus hinos ao país

Cantora começa hoje no Municipal do Rio turnê de ‘Secular Hymns’, que passa por outras cinco capitais até 16/11

- THALES DE MENEZES

Ela fará shows em SP nos dias 12 (esgotado) e 13 e diz querer ver na cidade músicos de rua como ela foi um dia

Madeleine Peyroux, 43, traz novamente ao Brasil sua mistura franco-americana.Sete anos após sua última turnê no país, a cantora mostra as canções de “Secular Hymns”, álbum mais recente, e sucessos de uma carreira que lhe rende comparaçõe­s com o estilo vocal de Billie Holiday.

Nascida nos EUA, ela se mudou para Paris aos 13 anos, em 1987. Foi lá que a adolescent­e se tornou cantora de rua, viajando pela Europa antes de voltar ao país natal e lançar seu primeiro disco, “Dreamland”, em 1996.

Falando à Folha, ela relembra sua vida nas calçadas, e se mostra animada com a chance de ver os músicos de rua em São Paulo.

“Eu imagino São Paulo um pouco como Nova York, com as pessoas muito ocupadas, trabalhand­o duro. Então, quando alguém resolve parar e assistir a um artista cantando ou tocando, é porque realmente está interessad­o. Você tem que fugir do barulho para ser escutado, amplificar o som de alguma maneira.”

Para ela, fazer música na rua é mais do que simples- mente tentar ganhar dinheiro. É uma atitude política, de intervir na vida dos outros.

“Claro que é um grande serviço para a comunidade. Em grandes cidades há muita gente sem dinheiro, que não pode se dar ao luxo de pagar para ver um músico tocar.”

Peyroux equipara as apresentaç­ões na rua aos concertos em auditórios.

“Cada show é único, mas ali, na rua, mais do que numa casa de espetáculo­s, é que a gente pode sentir como cada performanc­e é especial, um momento que não se repetirá. Ah, estou entusiasma­da com a conversa, falando muito. Acho que tomei muito café”, diz, às gargalhada­s.

As constantes viagens, desde jovem, ajudam a manter sua cabeça aberta a novos sons. “Boa parte da melhor música produzida no mundo vem da fusão entre culturas de diferentes países.”

Da música francesa, diz ter aprendido uma maneira passional, dramática e quase teatral de cantar.

Cita Édith Piaf (1915-1963) e Jacques Brel (1929-1978) como expoentes máximos desse uso de inflexões diferentes e até exageradas, para compensar um tanto de monotonia que ela sente na sonoridade da língua francesa. “Trouxe isso para minhas canções em inglês, eu acho.”

Definida como cantora de jazz e blues, ela fica lisonjeada com as comparaçõe­s que críticos fazem com Billie Holiday (1915-1959). Principalm­ente quando canta blues dos anos 1920 e 1930, algo que preserva em seu repertório.

Desta vez o público brasileiro ouvirá um repertório de músicas que escuta desde criança. “Secular Hymns” traz temas de artistas de blues e gospel, tocados com os músicos que a acompanham há dez anos, Jon Herington (guitarra) e Barak Mori (baixo). Ela produziu o disco, gravado numa pequena igreja.

“Penso que essas canções criam uma atmosfera agradável, de inocência mesmo, quase uma proteção do mundo lá fora. Gravar numa igreja tem um pouco a ver com isso”, explica Madeleine. Para os shows no Brasil, admite que talvez incorpore uma surpresa ou outra. Talvez alguma coisa de bossa nova. QUANDO no RJ, seg. (6) e ter. (7) às 20h; em Porto Alegre, qui. (9) às 21h; em Brasília, sex. (10) às 21h; em SP, dom. (12) às 20h (esgotado) e seg. (13), às 21h; em Curitiba, ter. (14) às 21h; em Belo Horizonte, qui. (16) às 21h ONDE no RJ, Theatro Municipal (praça Floriano, s/n); em Porto Alegre, Teatro do Bourbon Country (av. Túlio de Rose, 80); em Brasília, Centro de Convenções Ulysses Guimarães (SDC Eixo Monumental, Lote 05); em SP, Teatro Bradesco (Bourbon Shopping, r. Palestra Itália, 500); em Curitiba, Teatro Guaíra; em Belo Horizonte, Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420) QUANTO de R$ 30 a R$ 360; ingressos em www.ingressora­pido.com.br e bilheteria­digital.com (para Brasília)

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Shervin Laine/Divulgação Madeleine Peyroux, tendo ao fundo os músicos que a acompanham, o guitarrist­a Jon Herington e o baixista Barak Mori

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