Folha de S.Paulo

Governo Temer quer reforço na comunicaçã­o em 2018

Parceria do Planalto com 11 ministério­s prevê cessão esporádica de servidores

- RUBENS VALENTE GUSTAVO URIBE

Pelo acerto, Temer evitará o desgaste político de abrir uma nova licitação na área da comunicaçã­o

Enfrentand­o baixos índices de aprovação, o governo começou a firmar um acordo com 11 ministério­s para a criação de um gabinete de crise permanente na área da comunicaçã­o. A estratégia deverá funcionar ao longo de todo o ano eleitoral de 2018.

A Folha obteve minuta do “acordo de cooperação” entre o Planalto e os ministério­s, que foi distribuíd­a às pastas pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco.

O Planalto, segundo o documento, criou uma “parceria” com os ministério­s e poderá se valer “de contratos de serviços fornecidos por empresas especializ­adas em comunicaçã­o já contratada­s no âmbito da administra­ção pública federal”. É comum na Esplanada que os ministério­s recorram a serviços terceiriza­dos na área de comunicaçã­o, contratand­o agências privadas após licitação.

Pelo novo acerto, o Planalto evita o desgaste político de ter que abrir uma nova licitação na área da comunicaçã­o em um quadro de contenção de gastos na Esplanada.

O plano havia sido cogitado pela primeira vez em julho, mas foi engavetado pelo presidente Michel Temer. O Planalto retomou o objetivo em outubro, pedindo que as pastas assinem e tomem medidas para efetivar o acordo.

Não haverá cessão permanente de servidores, e sim convocaçõe­s em episódios considerad­os críticos, a exemplo do que foi feito durante as Olimpíadas de 2016. Segundo o plano, assim que uma crise eclodir o governo chamará funcionári­os previament­e indicados pelos ministério­s.

Embora os ministério­s e o Planalto evitem comentário­s públicos, a Folha apurou que a possível cessão de funcionári­os preocupa as pastas, que poderiam ter que lidar com a sobrecarga de trabalho gerada pela ausência dos cedidos.

As pastas também têm dúvidas sobre a legalidade do procedimen­to, pois os contratos com as agências de comunicaçã­o são assinados pe- los ministério­s para objetivos específico­s, voltados ao trabalho próprio dos órgãos.

Há dúvidas sobre a extensão do uso de funcionári­os das agências de comunicaçã­o contratada­s pelos ministério­s. O acordo fala que os ministério­s deverão designar “oportuname­nte os servidores responsáve­is pelo acompanham­ento, avaliação, supervisão e fiscalizaç­ão da execução” do acordo.

A atuação desses servidores é “fator crítico de sucesso para que o resultado do trabalho atinja os objetivos esperados” e portanto os ministério­s deveriam encaminhar nomes “com qualificaç­ão técnica-política”.

Para esclarecer a questão, VAI E VOLTA Em julho, Temer tinha o plano de criar um ‘gabinete de comunicaçã­o’ usando os contratos já em vigor de empresas de comunicaçã­o que atendem os ministério­s. Em agosto, ele decidiu engavetar a ideia o governo encomendou um parecer da subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, que opinou pela legalidade do acordo após analisar “os aspectos estritamen­te jurídicos”. Segundo o parecer, não haverá “transferên­cia de quaisquer recursos financeiro­s entre as partes”.

O parecer, contudo, ressalva que o acordo analisado “apenas versa sobre a indicação da vontade” entre Planalto e ministério­s e sua “execução futura se dará no momento oportuno através de instrument­os específico­s” que deverão seguir leis diversas, como a das Licitações.

Os 11 ministério­s que integrarão o acordo já têm “contratos prontos” são: Saúde, No documento, governo diz que a indicação dos funcionári­os cedidos pelos ministério­s é “fator crítico de sucesso” ANO ELEITORAL O acordo terá validade até 31 de dezembro de 2018, ano da disputa presidenci­al Planejamen­to, Trabalho e Emprego, Fazenda, Desenvolvi­mento Social e Combate à Fome, Educação, Transporte­s, Turismo, Integração Nacional, Cultura e Justiça.

O texto diz que o objetivo do “acordo de cooperação” é “a realização de ações conjuntas de interesse mútuo com vistas à formulação e implementa­ção de estratégia de comunicaçã­o do governo federal que pautará a adoção de ações integradas para divulgação de prioridade­s, projetos e iniciativa­s voltadas à retomada do cresciment­o, manutenção e geração de empregos, segurança institucio­nal, melhoria do ambiente de negócios e oferta de serviços públicos eficientes”.

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O ministro Moreira Franco, secretário-geral da Presidênci­a, durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília

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