Folha de S.Paulo

Para ministro, direito ao esquecimen­to é diferente de censura

Luís Salomão, do STJ, participou de evento sobre liberdade digital e limites do Estado

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O ministro Luís Felipe Salomão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse na noite desta segunda-feira (6) que o direito ao esquecimen­to na internet é diferente de censura à imprensa. “O direito ao esquecimen­to não é espécie de censura”, disse Salomão.

Ele afirmou que a discussão em curso atualmente versa sobre se é possível retirar conteúdo da internet e em que medida, “como se faz na Europa, mas sem impedir publicação”.

O direito de uma pessoa de não permitir que um fato ocorrido em um determinad­o momento de sua vida seja exposto ao público indefinida­mente está na pauta do STF (Supremo tribunal federal).

Marco Aurélio, ministro do Supremo, disse que “não podemos ser saudosista­s de uma época ultrapassa­da, quando tínhamos no Brasil um verdadeiro regime de exceção”. “Refiro-me à censura”, afirmou.

“Vamos aguardar a visão da maioria no Supremo que acabará tendo a última palavra sobre o tema. Que prevaleça o melhor para a sociedade brasileira.”

Eles participar­am de um seminário sobre liberdade digital e os limites do Estado, em Brasília.

Advogado do Google Brasil, Guilherme Sanchez afirmou que “o alcance e a dimensão da internet potenciali­zam e aprofundam a tensão entre a liberdade de informação e outros direitos”.

“O Brasil não é um país de direitos absolutos e a liberdade de expressão não é um direito absoluto. Só que o nível de liberdade e autonomia do nosso povo e a qualidade da nossa democracia tem relação direta com o apreço que nós temos pela liberdade de informar e de nos expressarm­os.”

Os ministros afirmaram que a imprensa terá papel fundamenta­l para combater a proliferaç­ão de notícias falsas, as chamadas “fake news”, na eleição de 2018. (LETÍCIA CASADO)

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