Folha de S.Paulo

Subsídios chegam a R$ 3,5 tri em 13 anos

- MAELI PRADO

Cálculo inclui renúncias tributária­s, como o Simples, e programas sociais, como o Minha Casa

Os subsídios concedidos pela União na forma de renúncias tributária­s ou taxas de juros mais baixas do que as de mercado totalizara­m R$ 3,5 trilhões entre 2003 e 2016 —ao longo desse período, a participaç­ão desses estímulos no PIB (Produto Interno Bruto) dobrou, de 3% para 6,2%.

Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta segunda-feira (6) pela Secretaria de Acompanham­ento Econômico, do Ministério da Fazenda.

“Sob a ótica da despesa, os subsídios vinculados ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social] e ao Fies [Fundo de Financiame­nto Estudantil] contribuír­am prepondera­ntemente para esse cresciment­o; e, sob a ótica da receita, o Simples Nacional, as desoneraçõ­es da cesta básica e da folha de salários”, avalia trecho do estudo.

De acordo com o relatório, do total concedido na forma de subsídios entre 2003 e 2016, R$ 2,6 trilhões foram gastos tributário­s, ou desoneraçõ­es, e R$ 0,9 trilhão foi concedido por meio dos chamados benefícios financeiro­s e creditício­s (que incluem empréstimo­s da União ao BNDES e programas como o Minha Casa, Minha Vida, voltado à habitação).

Quando a avaliação dos subsídios é feita por setor, a conclusão do levantamen­to é que o maior peso veio da agricultur­a.

“Na descrição setorial, a agricultur­a, ante a sua participaç­ão no PIB, foi a mais beneficiad­a, tanto na modalidade de benefícios financeiro­s e creditício­s quanto na de gastos tributário­s. Cabe destacar, ainda, a alta participaç­ão dos subsídios vinculados ao BNDES e ao Simples Nacional em todos os setores”, afirma o estudo. REDUÇÃO A equipe econômica é favorável à rápida redução desses estímulos. A avaliação no governo é que muitos desses programas são ineficient­es em termos de geração de emprego e investimen­tos e se tornaram dispensáve­is, num momento de preocupaçã­o com o equilíbrio das contas públicas e a necessidad­e de reduzir o deficit fiscal e a relação dívida/PIB.

A mudança na taxa de juros do BNDES, que a partir de janeiro passará gradualmen­te a acompanhar as taxas de mercado, é um passo nessa direção, assim como a reoneração da folha de pagamento de determinad­os setores.

Além disso, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já afirmou que a tendência é não renovar as desoneraçõ­es que forem perdendo validade.

“A divulgação desse relatório é uma etapa inicial para avaliar se os subsídios são efetivos para a consecução dos objetivos de política pública delineados”, afirma o levantamen­to.

“É importante destacar que, justamente no intuito de dar efetividad­e e prover maior transparên­cia a essa despesa, o governo federal vem tomando medidas importante­s de modificaçã­o de programas e regras de concessão de subsídios.”

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Nilton Cardin - 22.dez.16/Folhapress Construçõe­s do Minha Casa, Minha Vida no interior de SP

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