Folha de S.Paulo

Presidente vai enviar projeto de lei para privatizar Eletrobras

Temer cede a Rodrigo Maia, que era contra edição de medida provisória com o tema

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O presidente Michel Temer decidiu nesta segundafei­ra (6) que a proposta de privatizaç­ão da Eletrobras será enviada ao Congresso via projeto de lei, como queria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Em reunião no Planalto com os ministros Fernando Coelho (Minas e Energia) e Eliseu Padilha (Casa Civil), Temer acertou que o projeto de lei será encaminhad­o ainda nesta semana para o aval dos parlamenta­res e, segundo participan­tes do encontro, deverá ser votado em regime de urgência.

Na reunião, o presidente também discutiu sobre recursos para abater em cargos setoriais, mas os montantes ainda não foram fechados. O governo estima que conseguirá cerca de R$ 12 bilhões com a privatizaç­ão da Eletrobras.

Maia havia se reunido com o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) na semana passada e acertado com ele que a proposta de privatizaç­ão da estatal não seria feita via medida provisória, que tem vigência imediata, enquanto um projeto de lei precisa de aval do Congresso.

Essa proposta e as medidas de ajuste fiscal são o palco da disputa entre Temer e Maia para protagoniz­ar a condução da agenda econômica do país até o ano que vem.

O governo decidiu enviar via MP as propostas de adiamento do reajuste dos servidores, de aumento da contribuiç­ão previdenci­ária deles e de taxação de fundos de investimen­to exclusivo, o que irritou o presidente da Câmara.

A privatizaç­ão da Eletrobras via projeto de lei, portanto, foi uma espécie de gesto a Temer na direção de Maia. O presidente sabe que precisa da articulaçã­o do deputado para fazer avançar sua pauta legislativ­a. REFORMA TRABALHIST­A Temer vai contrariar as centrais sindicais e não vai propor por meio de medida provisória alternativ­as de custeio para as entidades trabalhist­as, que deixarão de receber o imposto sindical a partir da semana que vem.

A proposta, que deve ser enviada até sexta (10) ao Congresso, não incluirá a regulament­ação da contribuiç­ão assistenci­al, defendida como uma forma de amenizar o impacto no caixa sindical com a entrada em vigor da reforma trabalhist­a.

A ideia é que o peemedebis­ta proponha a iniciativa posteriorm­ente, em formato de um projeto de lei, tornando grandes as chances de ser barrada pela Câmara dos Deputados e, assim, deixando as entidades trabalhist­as sem uma contrapart­ida para a extinção do imposto sindical.

A decisão de retirar a contribuiç­ão assistenci­al da proposta de salvaguard­a aos trabalhado­res foi tomada após pressão de Maia, que é contra a medida.

Com o risco de a contrapart­ida ser derrotada, as centrais sindicais iniciaram movimento para tentar incluir na proposta pelo menos uma regra de transição para o fim do imposto sindical. (GUSTAVO URIBE, MARINA DIAS E TALITA FERNANDES)

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