Cidades têm queda em verbas para obras e zeladoria
DE SÃO PAULO
Voluntário há mais de 30 anos, Valdeci Ferreira, 55, foi anunciado vencedor da 13ª edição do Prêmio Empreendedor Social, na noite desta segunda-feira (6), em cerimônia no Teatro Porto Seguro, no centro de São Paulo.
Ele lidera a Fbac, federação que congrega as Apacs (Associações de Proteção e Assistência aos Condenados).
“Ao mesmo tempo em que me sinto lisonjeado pelo reconhecimento, me encho de esperança que traga visibilidade para a causa”, diz Ferreira.
A entidade civil sem fins lucrativos tem como missão disseminar metodologia inovadora de ressocialização de prisioneiros, que se propõe a recuperá-los, proteger a sociedade, socorrer vítimas e promover a justiça restaurativa.
Ferreira foi escolhido como Empreendedor Social do Ano entre 160 inscritos no maior concurso da área na América Latina, realizado pela Folha, em parceria com a Fundação Schwab. “Preciso dividir este momento com todos os recuperandos que passaram pela Apac e os que continuam lá e são a razão de ser da nossa obra e da renúncia que fiz na minha vida.”
Estima-se que já passaram pelas Apacs, unidades prisionais humanizadas, sem armas nem guardas, mais de 33 mil condenados.
O sistema alternativo hoje abriga 3.500 presos em 48 unidades pelo Brasil. O método também está sendo aplicado em 19 países. Ele tem resultado em 20% a 28% de reincidência —contra 85% no sistema prisional comum— ao custo de um terço do preço.
Ferreira disputou a categoria principal com Bernardo Bonjean, 40, da Avante, fintech que oferece crédito e serviços humanizados para microempreendedores não atendidos pelos bancos, e Ronaldo Lemos, 41, do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade), que desenvolveu o aplicativo Mudamos, para coleta de assinaturas digitais para projetos de lei de autoria popular.
O júri teve oito especialistas de diferentes áreas.
Participaram Hilde Schwab, presidente do conselho da Fundação Schwab; Maria Cristina Frias, colunista de “Mercado” na Folha; Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação; e Ronaldo Iabrudi, diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar.
Também participaram da avaliação Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas; Marilene Ramos, diretora para as áreas de Energia, Gestão Pública, Socioambiental, Saneamento e Transporte do BNDES; Sergio Andrade, vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2015, e João Carlos Martins, pianista e maestro.
O evento teve ainda o anúncio de ganhadores do Prêmio Empreendedor Social de Futuro e da Escolha do Leitor.
Na categoria destinada a líderes com até 35 anos à frente de iniciativas em desenvolvimento, Ralf Toenjes, 26, levou o prêmio jovem ao levar atendimento oftalmológico e óculos de baixo custo aos rincões do país.
Já Hamilton da Silva, 29, que também concorreu na categoria de futuro, conquistou o público com 56% dos 391.921 votos e venceu a Escolha do Leitor, que teve enquete no ar durante 32 dias e se encerrou na sexta-feira (3).
O terceiro finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro foi o Mapa Educação, movimento liderado por Lígia Stocche, 27, Renan Ferreirinha, 23, e Tábata Amaral, 23, que reúne jovens como protagonistas no pleito de uma educação melhor.
O Prêmio Empreendedor Social tem patrocínio de Coca-Cola, IEL, uma iniciativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), e Fundação Banco do Brasil. Conta com a Latam como transportadora oficial e o apoio do Instituto C&A e do Teatro Porto Seguro. ESPM, Fundação Dom Cabral, Insper e UOL são parceiros estratégicos.
- As prefeituras do Brasil tiveram orçamento estrangulado pela crise e dispõem de cada vez menos dinheiro para obras e ações de zeladoria. A conclusão é do Anuário Multi Cidades, divulgado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos) nesta segunda-feira (6), com dados relativos a 2016.
O investimento, que banca as grandes obras, foi o menor dos últimos sete anos, atingindo 7,6% (R$ 41 bilhões) de toda a verba disponível. Em 2015, esse índice foi de 8,8%.
Dos R$ 539 bilhões empenhados pelos municípios no último ano, R$ 266 bilhões (49,3%) foram gastos com pessoal e R$ 219 bilhões (40,6%), com custeio —neste caso, os recursos diminuíram 3% e incluem a manutenção das cidades. O restante se refere a juros e amortizações da dívida.