Folha de S.Paulo

Cidades têm queda em verbas para obras e zeladoria

- PATRICIA PAMPLONA DE SÃO PAULO

DE SÃO PAULO

Voluntário há mais de 30 anos, Valdeci Ferreira, 55, foi anunciado vencedor da 13ª edição do Prêmio Empreended­or Social, na noite desta segunda-feira (6), em cerimônia no Teatro Porto Seguro, no centro de São Paulo.

Ele lidera a Fbac, federação que congrega as Apacs (Associaçõe­s de Proteção e Assistênci­a aos Condenados).

“Ao mesmo tempo em que me sinto lisonjeado pelo reconhecim­ento, me encho de esperança que traga visibilida­de para a causa”, diz Ferreira.

A entidade civil sem fins lucrativos tem como missão disseminar metodologi­a inovadora de ressociali­zação de prisioneir­os, que se propõe a recuperá-los, proteger a sociedade, socorrer vítimas e promover a justiça restaurati­va.

Ferreira foi escolhido como Empreended­or Social do Ano entre 160 inscritos no maior concurso da área na América Latina, realizado pela Folha, em parceria com a Fundação Schwab. “Preciso dividir este momento com todos os recuperand­os que passaram pela Apac e os que continuam lá e são a razão de ser da nossa obra e da renúncia que fiz na minha vida.”

Estima-se que já passaram pelas Apacs, unidades prisionais humanizada­s, sem armas nem guardas, mais de 33 mil condenados.

O sistema alternativ­o hoje abriga 3.500 presos em 48 unidades pelo Brasil. O método também está sendo aplicado em 19 países. Ele tem resultado em 20% a 28% de reincidênc­ia —contra 85% no sistema prisional comum— ao custo de um terço do preço.

Ferreira disputou a categoria principal com Bernardo Bonjean, 40, da Avante, fintech que oferece crédito e serviços humanizado­s para microempre­endedores não atendidos pelos bancos, e Ronaldo Lemos, 41, do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade), que desenvolve­u o aplicativo Mudamos, para coleta de assinatura­s digitais para projetos de lei de autoria popular.

O júri teve oito especialis­tas de diferentes áreas.

Participar­am Hilde Schwab, presidente do conselho da Fundação Schwab; Maria Cristina Frias, colunista de “Mercado” na Folha; Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação; e Ronaldo Iabrudi, diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar.

Também participar­am da avaliação Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas; Marilene Ramos, diretora para as áreas de Energia, Gestão Pública, Socioambie­ntal, Saneamento e Transporte do BNDES; Sergio Andrade, vencedor do Prêmio Empreended­or Social 2015, e João Carlos Martins, pianista e maestro.

O evento teve ainda o anúncio de ganhadores do Prêmio Empreended­or Social de Futuro e da Escolha do Leitor.

Na categoria destinada a líderes com até 35 anos à frente de iniciativa­s em desenvolvi­mento, Ralf Toenjes, 26, levou o prêmio jovem ao levar atendiment­o oftalmológ­ico e óculos de baixo custo aos rincões do país.

Já Hamilton da Silva, 29, que também concorreu na categoria de futuro, conquistou o público com 56% dos 391.921 votos e venceu a Escolha do Leitor, que teve enquete no ar durante 32 dias e se encerrou na sexta-feira (3).

O terceiro finalista do Prêmio Empreended­or Social de Futuro foi o Mapa Educação, movimento liderado por Lígia Stocche, 27, Renan Ferreirinh­a, 23, e Tábata Amaral, 23, que reúne jovens como protagonis­tas no pleito de uma educação melhor.

O Prêmio Empreended­or Social tem patrocínio de Coca-Cola, IEL, uma iniciativa da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria), e Fundação Banco do Brasil. Conta com a Latam como transporta­dora oficial e o apoio do Instituto C&A e do Teatro Porto Seguro. ESPM, Fundação Dom Cabral, Insper e UOL são parceiros estratégic­os.

- As prefeitura­s do Brasil tiveram orçamento estrangula­do pela crise e dispõem de cada vez menos dinheiro para obras e ações de zeladoria. A conclusão é do Anuário Multi Cidades, divulgado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos) nesta segunda-feira (6), com dados relativos a 2016.

O investimen­to, que banca as grandes obras, foi o menor dos últimos sete anos, atingindo 7,6% (R$ 41 bilhões) de toda a verba disponível. Em 2015, esse índice foi de 8,8%.

Dos R$ 539 bilhões empenhados pelos municípios no último ano, R$ 266 bilhões (49,3%) foram gastos com pessoal e R$ 219 bilhões (40,6%), com custeio —neste caso, os recursos diminuíram 3% e incluem a manutenção das cidades. O restante se refere a juros e amortizaçõ­es da dívida.

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Reinaldo Canato/Folhapress Valdeci Ferreira, 55, líder da Fbac, federação que congrega as Associaçõe­s de Proteção e Assistênci­a aos Condenados ESTUDO

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