Folha de S.Paulo

Gigantes da internet investem no esporte

Empresas como Amazon, Twitter e Facebook entram no mercado de transmissã­o on-line de eventos esportivos

- EDUARDO GERAQUE PAULO ROBERTO CONDE

Empresas de mídia e ligas esportivas buscam ocupar espaço nas redes sociais com transmissã­o ao vivo de partidas

No final de setembro, a Amazon exibiu para seus assinantes em 200 países pela primeira vez um jogo da NFL, liga profission­al de futebol americano. A audiência atingiu 370 mil pessoas.

A entrada da sexta empresa mais valiosa do mundo, segundo a revista “Forbes”, no mercado de transmissã­o online de eventos esportivos ao vivo mostra o quanto esse mercado pode ser lucrativo.

O negócio de streaming, como é conhecido este tipo de transmissã­o, é efervescen­te, já movimenta bilhões de dólares e está cheio de novos atores, a Amazon é um deles.

Como onde há dinheiro há interessad­os, os grandes conglomera­dos de mídia têm destinado investimen­tos maciços para se inserir na cena.

Não são, porém, os únicos. Federações internacio­nais e as próprias ligas têm despejado muito dinheiro para distribuir conteúdo on-line.

Se os valores de contrato ainda são inferiores aos comerciali­zados com as TVs, a tendência é que haja uma equiparaçã­o no médio prazo.

A Amazon, por exemplo, negociou com a NFL a compra dos direitos para transmitir dez partidas de quinta-feira durante a temporada regu- lar em 2017 —os valores do acerto não são divulgados.

Em 2016, a liga norte-americana, que é a mais rica do mundo, havia concedido o direito de transmissã­o on-line ao Twitter. No primeiro jogo transmitid­o, a plataforma registrou que 2,1 milhões de espectador­es viram ao menos três segundos do evento.

Embora na TV o índice de visualizaç­ão do mesmo duelo tenha sido 40 vezes maior, é um consenso que streaming representa o futuro.

“Para a empresa, a conclusão natural é que é preciso apostar no streaming”, disse Pitter Rodriguez, diretor de Parcerias de Esportes do Twitter para a América Latina.

Além da NFL, o Twitter já transmitiu jogos de parceiros como WNBA, MLB (liga de beisebol), PGA Tour (circuito americano de golfe) e Wimbledon, entre outros.

“O streaming é parte fundamenta­l da nossa estratégia”, afirmou Rodrigues. “A nossa ideia é complement­ar a interação do público com a transmissã­o”, completa.

Diferentem­ente da Amazon, por ora o Twitter não pretende cobrar pelo serviço.

Outra plataforma digital, o Facebook, também está atento ao mercado de transmissõ­es on-line. No Brasil, até um amistoso da seleção de futebol foi transmitid­o por ele em janeiro. O vídeo teve mais de seis milhões de visualizaç­ões, segundo a empresa.

A estratégia do Facebook no Brasil é fazer parcerias com as organizaçõ­es de mídia ou outras corporaçõe­s que tenham conteúdo esportivo para oferecer. Por enquanto, Esporte Interativo - EI Plus > eiplus.com.br > R$ 14,99 (por mês, plano mensal) ou R$ 9,90 (por mês, plano anual) SporTV - SporTV Play > Para assinantes do canal de TV fechada > globosatpl­ay.globo. com/sportv TWITTER > Golfe, basquete, futebol e NFL (programas e reportagen­s) > Acesso gratuito > twitter.com AMAZON-PRIMEVIDEO > NFL (jogos), filmes e seriados > R$ 7,90 por mês nos primeiros 3 meses, depois R$ 14,90 por mês > primevideo.com a rede social não paga nada pelos direitos de transmissã­o, mas oferece a possibilid­ade de obtenção de receita com anunciante­s. TERRA DE GIGANTES Em 2018, a Liga dos Campeões deve ser distribuíd­a via internet pela Turner para os EUA. O grupo, que é dono dos canais Esporte Interativo, também comerciali­za o torneio no Brasil. O serviço é dado mediante assinatura.

No final do ano, a expectativ­a na Inglaterra é que gigantes digitais, como Amazon e Facebook, entrem no leilão para compra dos direitos de transmissã­o do Inglês até a temporada de 2019.

O mesmo expediente tem aparecido em outros esportes como críquete, tênis, surfe e diversos esportes olímpicos.

“É um caminho sem volta. Não é algo para o futuro. Está acontecend­o. As transmissõ­es ao vivo por plataforma­s digitais vão mudar o mercado”, diz Pedro Daniel, especialis­ta em negócios do esporte da consultori­a BDO.

Se de um lado as chamadas empresas essencialm­ente digitais estão se posicionan­do no campo de jogo, os canais de televisão também decidiram enfrentar este novo universo que se abre.

A ESPN lançou a sua plataforma de streaming (Watch ESPN) há alguns anos e a define como um complement­o para sua programaçã­o.

“É um produto importantí­ssimo, que já se tornou uma realidade. E não acontece canibalism­o. o consumo digital é totalmente complement­ar à TV. Há estudos que comprovam isso”, disse André Quadra, diretor sênior de marketing da ESPN Internacio­nal.

Para Pedro Trengrouse, coordenado­r acadêmico do curso de Gestão, Marketing e Direito no Esporte da Fundação Getúlio Vargas , a migração do dinheiro da televisão para a internet é inevitável.

Na avaliação do especialis­ta, no caso do Brasil, os clubes de futebol, muito dependente­s dos recursos dos direitos de televisão, são os que mais precisam ficar atentos ao novo mercado.

“A TV não vai ter mais tanto dinheiro. Os custos de produção e transmissã­o de eventos esportivos ao vivo estão caindo. Isso facilita a todos”, afirmou o acadêmico.

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Mitchell Leff - 5.nov.2017/Getty Images/AFP Nos EUA, Amazon comprou direitos para exibir pela internet jogos de futebol americano

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