Um chamado ao capital externo
É certo que o ambiente de negócios no Brasil não é amigável, mas o país possui um mercado interno de enorme potencial
O Brasil enfrenta o colossal desafio de recolocar a economia no rumo do crescimento consistente e contínuo. Só assim será possível superar graves problemas que afligem a sociedade, como o desemprego que atinge 13 milhões de pessoas.
Nesse esforço, não podemos abrir mão do investimento externo, sobretudo numa conjuntura em que a União, os Estados e os municípios apresentam baixa capacidade de investimento.
O que vemos, porém, é uma retração no fluxo de recursos externos para o Brasil. Em 2016, o volume caiu para US$ 50 bilhões, contra US$ 65 bilhões registrados no ano anterior, segundo a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) —uma queda de 23%, bem superior à média global de 13%.
Mesmo assim, o Brasil foi o sexto principal destino de investimentos externos no mundo, demonstrando que, apesar da instabilidade política e econômica, o país desperta o interesse dos investidores.
Ou seja, a atração desse capital é factível e deveria constar da agenda deste e do governo que será escolhido pela população nas eleições do próximo ano.
É certo que o ambiente de negócios brasileiro não é amigável em função da burocracia, da carga tributária e da complexidade da estrutura fiscal. Por outro lado, o Brasil possui um mercado interno de enorme potencial e com grandes oportunidades de negócio.
Sua liderança econômica no continente também o credencia a se tornar base de exportação para os demais mercados da região.
Assim, além de começar a remover os obstáculos já citados, o país deveria assumir uma atitude ousada na disputa pelos recursos disponíveis para investimentos ao redor do mundo, promovendo eventos e “roadshows” para apresentar as oportunidades e potencialidades encobertas nos últimos anos pela recessão e por acontecimentos negativos, como a corrupção exposta pela Lava Jato.
Pode parecer irreal defender a alocação de dinheiro público para essa tarefa num momento de forte restrição orçamentária. Há, porém, programas de atração de investimentos baseados em parcerias com empresas privadas, que não requerem grandes volumes de dinheiro.
Em 2014, por exemplo, o governo do Reino Unido promoveu uma licitação pública para selecionar consultorias que conduzissem o processo de busca de investimentos em diversas regiões do planeta.
Na América Latina, com exceção do Brasil e do México, a escolhida foi a consultoria brasileira Integration. Os resultados obtidos com esse trabalho, que motivou mais de 50 empresas latino-americanas a se instalarem no mercado britânico, revelam que parcerias bem construídas e criativas podem ser um importante aliado na atração do capital externo e na recuperação do crescimento econômico, sem a necessidade de investimentos vultosos.
Eis aí um debate obrigatório para um país que, como o Brasil, necessita urgentemente retomar o desenvolvimento e se integrar à economia mundial, assumindo um protagonismo que perdeu nas últimas décadas. No próximo ano, graças à campanha eleitoral, a sociedade mergulhará num profundo processo de reflexão sobre grandes temas nacionais. Este é um ponto que deverá estar presente na agenda de todos os candidatos e ser exaustivamente debatido em função de sua importância para o futuro do país. CARLOS LIMA, GUIDO SOLARI,
À época da bonança econômica, antes da crise de 2014, ninguém falava em sacrificar direitos trabalhistas para gerar emprego, e chegamos ao menor nível de desemprego em décadas. Portanto não há lógica na afirmação desse “pseudojuiz”. Por outro lado, imaginar que de um dano moral possa resultar algo equivalente a um prêmio de loteria, isso, sim, é uma “brincadeira de mau gosto”, para usar a cínica expressão do presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho (“É preciso flexibilizar direitos sociais para haver emprego”, Entrevista da 2ª, 6/11).
DANTON MONTROW
É sabido que a coisa mais difícil é um patrão conseguir despedir um empregado por justa causa. É preciso reunir um monte de provas, enquanto o trabalhador que recorre à Justiça quase sempre sai vencedor. O presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, falou com conhecimento de causa. Aqueles que o repudiaram são os de sempre, contra o patronato, como se não fosse o patrão quem dá emprego e sofre com a mão de obra dos desqualificados e indolentes.
PAULO M. GOMES LUSTOZA
Eleições 2018 Esse projeto de candidatura às eleições presidenciais é o suprassumo do mau gosto e do ridículo. Luciano Huck, o Brasil não é uma Disneylândia para as suas peripécias político-eleitorais.
PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS
Paradise Papers
Ainda que sedutora a ideia de que a liberdade de expressão deva se sobrepor às determinações curriculares, tendo a concordar com o critério de correção estabelecido pelo Inep, agora invalidado em decisão liminar do STF. Ocorre que a redação no Enem não é um texto de opinião livre de pressupostos encomendado aos estudantes. Trata-se de uma tarefa escolar com um propósito avaliativo. Portanto, deve se submeter a determinações educacionais.
KLINGER SOUSA
Hélio Schwartsman, em seu didático porquanto lúcido texto (“Direitos humanos no Enem”, “Opinião”, 7/11), remete os luminares do Inep ao fato de que há tempos se ensina nas faculdades de direito sobre a inexistência de direitos absolutos. Esperase que tenham aprendido a lição.
TABAJARA NOVAZZI,
Manobras fiscais Os conselheiros do TCE afirmam que podem rejeitar o balanço das contas de 2017 caso o governo Alckmin não esclareça as desonerações fiscais e o não pagamento de precatórios. E aí pergunto: será que os juristas Miguel Reale Junior, Janaina Paschoal e Hélio Bicudo vão pedir o impeachment de Alckmin tal como fizeram com Dilma Rousseff em relação às pedaladas do seu governo? Aí poderemos saber a diferença entre ética e mera hipocrisia (“Fiscalização vê caixa-preta e manobra fiscal de Alckmin”, “Poder”, 6/11)!
PEDRO VALENTIM
Êxodo de cientistas