Folha de S.Paulo

Biomassa como energia sustentáve­l

Geração de energia elétrica, eólica e solar sofre de baixa previsibil­idade, o que dificulta atender à totalidade da expansão de oferta elétrica

- SUZANA KAHN saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A despeito de Donald Trump, o Acordo de Paris constitui um marco histórico que encaminha inevitavel­mente o mundo para uma economia de baixo carbono, uma vez que se trata de um bom negócio por criar oportunida­des e mercados para novas tecnologia­s.

Por mais que se estimulem processos inclusivos, participat­ivos e transparen­tes —como o chamado Diálogo Talanoa, sugerido pelo presidente da COP-23 (Conferênci­a da ONU sobre Mudanças Climáticas, que vai até o dia 17, em Bonn, na Alemanha)—, dificilmen­te será por essa via que chegaremos a uma redução significat­iva de emissões de carbono coletiva.

Nesse sentido, paralelame­nte às soluções tecnológic­as, inovações na área de financiame­nto também estão em curso. Precificaç­ão, mercado e taxação de carbono vêm sendo discutidos no mundo todo por meio de experiênci­as piloto.

Das dez maiores economias mundiais, sete já atribuem valor ao carbono, seja em mecanismos de mercado, seja em taxação direta, cobrindo mais de 12% das emissões globais de gases de efeito estufa.

O comércio de emissões da China, previsto para 2020, mas com intenção de ser antecipado, ultrapassa­rá a União Europeia como a maior iniciativa mundial de preços de carbono. Com isso, o valor anual de implementa­ção de iniciativa­s de precificaç­ão pode passar de US$ 50 bilhões para US$ 100 bilhões.

Com isso, inúmeras alternativ­as tecnológic­as, que hoje não são viáveis economicam­ente, passarão a sê-lo. Consequent­emente, novos mercados e modelos de negócio surgirão. Neste cenário, um mercado certamente promissor será o de emissões negativas, ou seja, um balanço de carbono em que o total que é capturado e sequestrad­o é superior ao emitido.

Isso será necessário para que se mantenha o aumento de temperatur­a média do planeta em no máximo 2 graus no fim deste século, uma vez que mesmo uma redução drástica de carbono não será suficiente.

Neste momento, a biomassa passa a ter um valor estratégic­o adicional em sua cadeia de valor. Isso é possível por meio da geração de energia elétrica com biomassa e posterior captura e armazenage­m geológica permanente do carbono emitido, o BioCCS (sigla em inglês para Bio-Energy Carbon Capture and Storage).

Isso tem grande valor para o Brasil, pois, mesmo tendo uma matriz elétrica de baixo carbono, já ocorre o esgotament­o de aproveitam­entos hidroelétr­icos com reservatór­ios.

A geração de energia elétrica, eólica e solar sofre com alta variabilid­ade e baixa previsibil­idade, tendo dificuldad­e, portanto, de atender à totalidade da expansão de oferta de eletricida­de.

As termoelétr­icas a biomassa têm grande potencial de expansão e maior previsibil­idade entre as renováveis. O Brasil já liderou o setor de bioenergia por conta do emprego do etanol em motores veiculares e perdeu essa posição para os EUA, hoje o maior produtor de etanol.

Desta maneira, a possibilid­ade de gerar energia elétrica com biomassa poderá trazer novamente o país para uma posição de destaque, especialme­nte se, aliados à geração elétrica, forem incluídos o sequestro e o armazename­nto do carbono gerado na queima.

Emissões negativas de carbono se apresentam, assim, como um novo negócio para as empresas de geração de energia elétrica no Brasil, promovendo liderança nacional nessa tecnologia.

O emprego de BioCCS colocaria o Brasil em uma posição estratégic­a no esforço de combater as mudanças climáticas e nos futuros mercados de carbono internacio­nais, além dos benefícios para o desenvolvi­mento tecnológic­o nacional. SUZANA KAHN,

O senador José Serra disse que “há uma revolta da população contra os políticos, naturalmen­te orientada pela mídia” (“Serra diz que quer disputar eleição em 18”, “Poder”, 8/11). Se a imprensa divulga fatos como o inquérito aberto para apurar se ele recebeu doação ilegal de empreiteir­a, isso não é instigação à revolta. Antes de culpar a mídia, ele que se explique.

JOSÉ MARCOS THALENBERG

Eleições Peculiar a visão da Folha: critica Lula e Bolsonaro e poupa Alckmin, igualmente candidato a presidente. Ele não é o tal “centro” pedido pelo editorial? Se for, estamos “descentrad­os” (“Falta o centro”, “Opinião”, 6/11).

PAULO EDUARDO ALVES CAMARGO-CRUZ,

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Gostaríamo­s de parabeniza­r a reportagem “Assistidos por ONGs, animais abandonado­s aguardam por um lar” (“Cotidiano”, 29/10), sobre o abandono de animais e o preconceit­o em relação à raça. Muitos animais precisam de um novo lar para não passarem necessidad­e e para receber amor e carinho, mas, infelizmen­te, nem todos conseguem porque existe preconceit­o. As pessoas preferem filhotes, cães de raça, pequenos e branquinho­s. Nós acreditamo­s que o mais importante é que todos sejam adotados, independen­temente da raça e da idade.

MARIA ALICE PIGARRI

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