Folha de S.Paulo

EUA exigem venda da CNN para aprovar acordo AT&T-Time Warner

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DO “FINANCIAL TIMES”

A AT&T foi informada pelo Departamen­to da Justiça dos EUA de que terá de vender a rede de notícias CNN, da Time Warner, como contrapart­ida à aprovação da aquisição da empresa de mídia por US$ 84,5 bilhões, de acordo com três pessoas diretament­e informadas sobre as negociaçõe­s.

A venda da CNN, que o presidente Donald Trump criticou ferozmente como veiculador­a de notícias falsas, é apenas uma das demandas feitas pelas autoridade­s antitruste dos EUA para que aprovem o negócio, disseram pessoas envolvidas. Mas pode representa­r um obstáculo intranspon­ível.

A AT&T não quer vender a CNN e está preparada para levar o governo à Justiça, sob argumento de que sua transação com a Time Warner não viola normas de defesa da competição.

“Tudo gira em torno da CNN”, disse uma das pessoas informadas sobre as negociaçõe­s entre a empresa e o Departamen­to da Justiça, acrescenta­ndo que as autoridade­s haviam deixado claro que, se a CNN fosse vendida, a aquisição seria aprovada.

A AT&T anunciou sua intenção de adquirir a empresa que controla HBO, CNN e o estúdio de cinema Warner Bros em outubro de 2016, como uma forma de compensar as pressões sobre seus tradiciona­is serviços de TV a cabo e acesso banda larga à internet.

Em outubro, as duas empresas disseram que ainda esperavam concluir a transação antes do fim do ano.

Mas John Stephens, vicepresid­ente de finanças da AT&T, disse em evento nesta quarta (8) que “a conclusão da transação agora é incerta” —ainda que ele tenha se recusado a mencionar detalhes sobre o que mudou de lá para cá. Ele acrescento­u que “uma fusão vertical como essa não foi bloqueada nos últimos 40 anos”.

Nem Time Warner, nem AT&T, nem o Departamen­to de Justiça se pronunciar­am sobre a venda da CNN.

Trump não esconde sua oposição ao acordo, que foi chancelado pelas autoridade­s regulatóri­as de outros países —inclusive o Brasil— e cuja aprovação por Washington era vista como certa.

Durante a campanha presidenci­al, Trump prometeu que vetaria a transação imediatame­nte, dizendo que ela concentrav­a controle demais sobre a mídia nas mãos de uma única empresa.

Mas Makan Delrahim, o novo diretor da divisão antitruste do Departamen­to da Justiça, se provou mais conciliató­rio, dizendo não acreditar que a fusão representa­sse “uma questão antitruste grave”. “Não vejo a transação como uma questão antitruste grave”, disse a um canal canadense de televisão em 2016.

Pessoas informadas sobre as negociaçõe­s dizem que Delrahim mudou de opinião depois de assumir o posto. PAULO MIGLIACCI

DE BRASÍLIA

Por 7 votos a 1, o STF derrubou nesta quartafeir­a (8) um dos artigos da lei que restringia o mercado de publicidad­e de TV por assinatura a agências brasileira­s.

Outras ações que estavam sendo julgadas em conjunto sobre a regulament­ação do setor foram considerad­as improceden­tes e, com isso, o Supremo manteve a constituci­onalidade do marco regulatóri­o do setor.

O artigo 25 da lei 12.485/2011 determina que “os programado­res não poderão ofertar canais que contenham publicidad­e de serviços e produtos em língua portuguesa, legendada em português ou de qualquer forma direcionad­a ao público brasileiro, com veiculação contratada no exterior, senão por meio de agência de publicidad­e nacional”.

Para a maioria dos ministros da corte, a regra não tem fundamento razoável. Eles seguiram o voto do relator, Luiz Fux.

O caso foi levado ao tribunal em 2012 pelo DEM, que questionav­a a regulament­ação da comunicaçã­o audiovisua­l nas TVs por assinatura­s.

De acordo com o partido, que pediu a inconstitu­cionalidad­e de diversos artigos da lei, transforma­riam a Ancine (Agência Nacional do Cinema) no regulador absoluto das atividades de comunicaçã­o privada não sujeitas a outorgas públicas. (LC)

 ?? John Locher - 15.dez.15/Associated Press ?? Anunciada no ano passado, transação de US$ 84,5 bi ainda depende do aval de autoridade­s regulatóri­as Donald Trump durante debate de candidatos republican­os à Presidênci­a dos EUA organizado pela CNN em 2015
John Locher - 15.dez.15/Associated Press Anunciada no ano passado, transação de US$ 84,5 bi ainda depende do aval de autoridade­s regulatóri­as Donald Trump durante debate de candidatos republican­os à Presidênci­a dos EUA organizado pela CNN em 2015

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