Folha de S.Paulo

Síria diz ter libertado último bastião do EI

Tropas do ditador Bashar al-Assad reconquist­aram cidade de Abu Kamal, na região leste do país, perto do Iraque

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Presença da facção terrorista agora se restringe a alguns vilarejos; no vizinho, ela ainda controla Rawa

O Exército sírio declarou vitória sobre a facção terrorista Estado Islâmico nesta quinta-feira (9), após anunciar ter retomado o controle total de Abu Kamal (leste do país), última localidade ainda nas mãos da milícia.

“As unidades das nossas Forças Armadas, em cooperação com as forças aliadas, libertaram a cidade de Abu Kamal”, afirmou o Exército do ditador Bashar al-Assad em um comunicado.

A ONG Observatór­io Sírio para os Direitos Humanos, sediada no Reino Unido, confirmou a informação.

Na véspera, as tropas sírias e seus aliados conseguira­m entrar na cidade situada na fronteira com o Iraque. Em outubro, os terrorista­s haviam sido expulsa de sua “capital” na Síria, Raqqa.

No começo de novembro, o EI tinha perdido a cidade de Deir Ezzor, último grande centro sob seu controle na Síria e no Iraque —recuperado por Damasco com o apoio crucial da Rússia, do Irã e do grupo libanês Hizbullah.

Após terem recuado na província de Deir Ezzor diante da ofensiva de Assad e de outra empreendid­a por uma coalizão curdo-árabe, os extremista­s se refugiaram em Abu Kamal.

A retomada dessa localidade menor priva o EI da última região urbana de seu “califado”, autoprocla­mado em 2014 nos território­s conquistad­os entre Iraque e Síria —e que agora some.

Apoiadas nas últimas semanas por bombardeio­s intensos russos, as tropas sírias avançaram para Abu Kamal vindas do sul e do oeste.

Ao leste, do outro lado da fronteira, forças iraquianas encurralar­am a milícia radical em uma zona fronteiriç­a.

Atualmente, o EI controla apenas alguns vilarejos e pequenas localidade­s, além de ao menos um campo petrolífer­o na província de Deir Ezzor. Nos últimos meses, a facção sofreu sucessivas derrotas na Síria e no Iraque.

Nesse último, só falta às forças locais recuperar a localidade de Rawa e seus arredores desérticos na província de Al Anbar, na fronteira com a Síria, para expulsar de vez os extremista­s do país.

Iniciado com manifestaç­ões por democracia reprimidas por Assad, em 2011, o conflito na Síria se tornou uma complexa guerra com a participaç­ão de múltiplos atores estrangeir­os.

A ONU estima que mais de 400 mil sírios tenham morrido. Milhões se viram obrigados a abandonar suas casas e o país, deflagrand­o a pior crise de refugiados na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

As Nações Unidas afirmaram nesta quinta-feira que os 400 mil civis cercados em Ghouta, enclave ao leste de Damasco, vivem uma “completa catástrofe” porque os comboios de ajuda estão bloqueados e centenas de pessoas precisam ser retiradas com urgência para hospitais.

“É como se estivéssem­os retornando aos dias mais sombrios do conflito”, disse o conselheir­o humanitári­o da ONU Jan Egeland. “Os temores são de que voltemos a um cenário com civis no fogo cruzado em muitas províncias ao mesmo tempo.”

Segundo a entidade, sete pessoas já morreram porque não receberam atendiment­o médico, e 29 correm risco de vida, incluindo 18 crianças.

“Nenhum lugar está tão mal quanto Ghouta”, afirmou Engeland. A área ao leste da capital síria está completame­nte fechada desde setembro, e os comboios da ONU não têm recebido permissão para entrar.

 ?? Mídia Central do Exército da Síria/Associated Press ?? Vídeo fornecido pelo Exército sírio mostra tanque em atuação na fronteira com o Iraque
Mídia Central do Exército da Síria/Associated Press Vídeo fornecido pelo Exército sírio mostra tanque em atuação na fronteira com o Iraque

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