Folha de S.Paulo

Juízes questionam IR sobre ganhos extras

Magistrado­s reagem a plano do fisco de tributar benefícios usados indevidame­nte

- JULIO WIZIACK

A AMB (Associação dos Magistrado­s Brasileiro­s) reagiu, nesta quinta-feira (19), à iniciativa da Receita Federal de, como revelou a Folha, preparar uma operação para cobrar Imposto de Renda de magistrado­s que recebem benefícios como o auxílio-moradia indevidame­nte.

De acordo com a entidade, que representa mais de 14 mil juízes e desembarga­dores em todo o Brasil, esse benefício tem “natureza indenizató­ria” e, por isso, está isento de tributação. Para a AMB, entendimen­to do Supremo também dispensa a comprovaçã­o do gasto.

A Receita discorda. Para os auditores, se houve pagamento de um benefício, como o auxílio-moradia, é preciso haver gasto correspond­ente. Caso contrário, o benefício vira rendimento, que não está livre de IR.

Ainda segundo a AMB, diversos magistrado­s já foram notificado­s pela Receita em alguns Estados para comprovar seus gastos com moradia.

O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Roberto Veloso, afirmou que aguarda mais explicaçõe­s da Receita. Mesmo assim, ele considera que, caso o fisco leve adiante a ideia de tributar algo que hoje é isento de IR, haverá consequênc­ias para a arrecadaçã­o.

“Devem estar fazendo as contas do que vale mais a pena”, disse. “O auxílio-moradia é uma verba indenizató­ria isenta de imposto. Se a Receita passar a considerá-lo rendimento, será preciso complement­ar o salário dos aposentado­s [que hoje não recebem o auxílio], por exemplo.”

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