Folha de S.Paulo

Brasil pode ter campeão mundial de F-1, mas apenas em torneio virtual

Piloto de F-3, Igor Fraga, 19, se divide entre treinos no computador e no mundo real

- FÁBIO ALEIXO PAULO ROBERTO CONDE

DE SÃO PAULO

Se no mundo real o Brasil vive uma seca de vitórias de mais de oito anos na F-1 e em 2018 não terá pilotos pela primeira vez desde a temporada de 1969, no virtual um brasileiro tem chance de se tornar campeão mundial.

Nos dias 24 e 25, o mineiro Igor Fraga, 19, disputará em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a superfinal do torneio de videogame da F-1. O evento ocorrerá paralelame­nte ao GP real no país árabe, que fecha a temporada de 2017 da F-1. É a primeira vez que a categoria dá sua chancela para um campeonato de jogos virtuais.

Igor terá outros 19 concorrent­es. Eles disputarão provas em simuladore­s em três diferentes circuitos: Montréal (CAN), Spa-Francorcha­mps (BEL) e Abu Dhabi. Cada prova tem a duração de 25% da distância da disputa real. Ganha quem somar mais pontos após as três provas.

No jogo, apesar de os carros representa­rem as escuderias do mundo real, todos possuem a mesma configuraç­ão. Dessa forma, não há diferença entre conduzir uma Mercedes, campeã mundial, ou a Sauber, última colocada do campeonato. O que vale é a habilidade do jogador.

“São circuitos muito técnicos e desafiador­es. Acho que foi uma boa escolha dos organizado­res”, disse Fraga.

O brasileiro chega à disputa após passar por duas fases classifica­tórias. A primeira foi uma seletiva global, em que qualquer um com o jogo podia participar pela internet.

Nesta seletiva, se classifica­ram os 40 melhores, que disputaram a semifinal em Londres, em setembro. Na capital inglesa foram usados simuladore­s. Fraga acabou na nona posição após corridas que reproduzia­m os circuitos de Interlagos e Silverston­e.

“O campeonato é muito equilibrad­o. Qualquer um tem pode ser campeão. Vai depender da estratégia. Já tenho traçado o que fazer. Treino de seis a oito horas por dias e tenho melhorado meus tempos”, afirmou Fraga.

O campeão será um personagem da versão do jogo da F-1 em 2018 e poderá acompanhar alguns GPs com todas as despesas pagas.

Nascido no Japão, onde seus pais moraram na década de 1990, Fraga é fã dos jogos eletrônico­s, um de seus passatempo­s favoritos.

“Quando morava no Japão, meu pai me deu de presente o jogo Grand Turismo 3 e um volante para eu ter noção de pilotagem”, conta.

O jovem divide os treinos e competiçõe­s no videogame com as corridas em monopostos no mundo real.

Ele é o líder da F-3 Brasil Light, com sete vitórias em 12 provas. Tem 28 pontos de vantagem sobre o segundo, Enzo Elias, a duas corridas do fim do campeonato.

Fraga também corre na versão americana da F-4. Venceu as duas primeiras corridas da temporada 2017/2018, na Cidade do México.

“Eu comecei cedo no automobili­smo e meu pai sempre me incentivou. Desde os cinco anos eu corro de kart. Sei que ainda é uma realidade bem distante, mas sonho em um dia chegar à F-1. É uma pena que no ano que vem não terá nenhum piloto brasileiro. Mas quem sabe um dia eu chego lá, né?”, comentou.

Por causa de compromiss­os pessoais, Fraga não poderá estar em Interlagos neste fim de semana, mas acompanhar­á de casa o GP Brasil, que será disputado no próximo domingo (12), no autódromo de Interlagos. NATV Treino do GP Brasil SporTV 2

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Joe Brady/Flickr/Gfinity UK/Divulgação O mineiro Igor Fraga em seu simulador durante a disputa das semifinais do Mundial virtual de F-1, em Londres

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