FHC defende que Alckmin assuma comando do PSDB
Ex-presidente diz que, do contrário, as ‘chances do PSDB’ estarão em risco
No Rio, onde participou de um evento com economistas alinhados ao partido, governador de SP rechaçou a ideia
No dia seguinte à destituição do senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu que o governador paulista, Geraldo Alckmin, assuma o comando do partido, em “posição central”.
Em texto publicado em uma rede social nesta sextafeira (10), FHC afirmou que, “se porventura tal convergência não se concretizar, o que porá em risco as chances do PSDB, já disse que apoiarei a candidatura de Tasso à presidência do partido”.
Os nomes de Alckmin, favorito entre tucanos para disputar o Palácio do Planalto, e do próprio FHC são lembrados como alternativas, em tese pacificadoras, à disputa entre Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo, pela presidência do PSDB.
No Rio, onde participou de encontro na Casa das Garças, núcleo de pensamento econômico alinhado com os tucanos, Alckmin rechaçou a hipótese.
“Não há necessidade. O partido tem bons quadros. O que a gente precisa é fazer um processo de aproximações sucessivas, buscar a unidade partidária”, afirmou.
Alckmin também deixou clara sua contrariedade com a remoção de Tasso da presidência do partido.
“Não fui consultado. Se fosse, não concordaria. Agora, nós temos que unir o partido”, afirmou ele.
Para um dos principais aliados do governador paulista, o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), FHC se referia à tentativa de Alckmin de fazer um mandato casado entre Tasso e Perillo, com um ano de presidência para cada. “O que o Geraldo já está fazendo ‘por fora’, ele passaria a fazer formalmente’”, afirmou Torres.
O senador cearense aceitou a proposta e a sugeriu ao governador goiano, que, no entanto, não aceitou.
Alckmin e Fernando Henrique se encontraram na quinta (9), depois do anúncio feito pelo senador Aécio Neves (MG) da substituição de Tasso pelo ex-governador de São Paulo Alberto Goldman.
Em sua publicação, FHC reconheceu “o acirramento que causou nas tensões do PSDB” a troca de comando.
“O restabelecimento da coesão, com tolerância à variabilidade das opiniões internas, mas também com firmeza de propósitos, requer que Alberto Goldman crie condições para que líderes experientes e respeitados, como Alckmin, assumam posição central no partido”, escreveu.
FHC ponderou que “a coesão é requisito para enfrentarmos a próxima campanha, propondo as transformações pelas quais o país clama”.
A exposição de Fernando Henrique converge com a defesa de Tasso pela reformulação do estatuto tucano. O senador cearense é crítico do governo Temer e, junto dos “cabeças pretas” (ala jovem) e parte das bancadas tucanas no Congresso, pressiona pela saída dos quatro ministros tucanos da administração federal.
Perillo, por sua vez, tem o apoio de Aécio, que trabalha com os ministros pela relação do PSDB com o PMDB e Temer. Com agenda de governador, o goiano foi a Porto Alegre e Curitiba na sexta e aproveitou para falar com tucanos locais que votarão na convenção do PSDB, além do colega Beto Richa (PR) .
Membros da direção partidária aprovaram o movimento de destituição de Tasso e fizeram críticas ao protagonismo que o debate sobre ficar ou não no governo Temer tomou dentro do PSDB.
“No fundo, esse pessoal que quer sair só quer um pretexto para não votar as reformas, para ser contra as reformas. Ficar ou sair do governo é irrelevante, o que o partido precisa fazer é assumir o protagonismo nas reformas”, disse José Aníbal, que preside o Instituto Teotônio Vilela, da sigla.
Ele não quis nomear seus alvos, mas eles se encontram na órbita dos “cabeças pretas”, que apoia Tasso. O ruído fica por conta da divergência com FHC, com quem usualmente está alinhado. COMISSÃO ELEITORAL Como primeiro ato após assumir, Goldman criou uma comissão eleitoral com o objetivo de garantir a isonomia da campanha pela presidência do partido, conforme antecipou o “Painel”. Na terça (14) haverá a primeira reunião.
Além dele próprio e de Torres, que é secretário-geral, participará João Almeida (BA). Tasso indicou o senador Cássio Cunha Lima e o deputado João Gualberto. Perillo nomeou como representantes o deputado Giuseppe Vecci e Cyro Miranda, senador fora de exercício.
IGOR GIELOW,