Folha de S.Paulo

Cuidado na disposição dos escritos, estamos diante de um romance um tanto excessivo.

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OLHAR ‘FEMININO’ Causa estranheza que Salvatore Silvano Nigro diga, na introdução, que o “olhar feminino” de Ginzburg priorizou “nascimento­s, noivados, casamentos, mortes” e “aspectos do cotidiano” —também aqueles associados ao corpo, sobretudo aos referidos achaques—, além de “detalhes da realidade simples, manifestaç­ões emotivas”.

Não fica claro se seriam temas de menor importânci­a nem se seria próprio das mulheres se ocupar com eles.

Nigro ainda ressalta que Alessandro Manzoni faria parte do “repertório masculino” (!) da família de Natalia, uma vez que Leone Ginzburg, seu primeiro marido, era estudioso da obra do autor.

Não são, porém, temas secundário­s. É curioso atribuir o interesse e o viés a um suposto “feminino”, como se nada disso houvesse sido retirado do (vasto) material disponível. O efeito, aliás, é um retrato tão natural quanto acurado. Nesse sentido, o livro cumpre seu papel.

Mas, se é interessan­te acompanhar o cotidiano dos Manzoni, boa parte das cartas são pura repetição. Somese isso à tímida narração de Ginzburg, e o resultado não é dos mais apetitosos.

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