Folha de S.Paulo

Corintiano ignorou pai para ser goleiro

Titular do Corinthian­s neste sábado (11) contra o Avaí, pelo Brasileiro, jogador está no clube desde os sete anos

- ALEX SABINO LUIZ COSENZO FIFA

Pai queria que o filho escolhesse outra posição no futebol porque a de goleiro é a “menos valorizada”

O metalúrgic­o Roberto Godoy, 52, aconselhou o filho a mudar de posição no futebol. Goleiro, não.

“Ele poderia escolher qualquer uma na linha. Goleiro é a posição mais importante, mas a menos valorizada. Quem tem visibilida­de é atacante”, afirma.

Teimoso, como só os filhos podem ser, Caíque França, 22, não deu atenção. Seguiu em frente. A recompensa pode vir a partir deste sábado (11), quando será titular do Corinthian­s na partida contra o Avaí, às 19h, no Itaquerão.

Como Cássio está com a seleção e deve chegar a São Paulo apenas na quarta (15), Caíque pode ser titular também diante do Fluminense. Jogo que pode garantir o sétimo título brasileiro do time.

A família de corintiano­s estará presente no estádio para torcer, nervosa, pelo goleiro. A mãe Selma, o irmão Cauã e a namorada de Caíque vão ao Itaquerão.

“A gente fica emocionado. Mas ele não mostra nervosismo”, diz o pai, feliz pelo filho ter ignorado seu conselho.

Caíque conhece o clube de cabo a rabo. Chegou aos sete anos para jogar futsal. Não saiu mais. Segue os passos do Ronaldo Giovanelli, escalado de surpresa aos 20 anos para clássico contra o São Paulo, no Paulista de 1988. O Corinthian­s venceu e ele ficou como titular até 1998.

Caíque considera vê a convivênci­a com Cássio, Walter e o treinador de goleiros Mauri é como uma faculdade.

“Ele está adaptado ao Corinthian­s, se sente em casa. Tenho certeza que não vai ter nervosismo por atuar em uma partida importante”, afirma o ex-jogador Fabinho, integrante do elenco corintiano campeão brasileiro de 1990.

Fabinho trabalha com o exzagueiro Marcelo Djian, empresário de Caíque.

O goleiro, que mora na Vila Matilde, é precoce. Foi chamado para disputar a Copa São Paulo pela 1ª vez aos 16 anos. Jogou o torneio quatro vezes e foi campeão em 2015.

Também está habituado a ser chamado em momentos de emergência. No ano passado, em partida contra o Botafogo, em junho, substituiu Cássio, que passou mal.

“O futebol não avisa, manda recado. Temos de estar sempre preparados”, disse.

Antes disso, em maio, estava em casa, pronto para assistir à partida contra o Grêmio pela televisão, quando recebeu o telefonema. Matheus Vidotto, que seria o reserva de Walter, sentiu lesão no aqueciment­o. Ele foi o mais rápido que pôde para o Itaquerão. Chegou com a partida em andamento.

Caíque tem quatro jogos em 2017. Nenhum se compara à pressão de enfrentar o Avaí. Foi por momentos assim que ele desafiou a vontade do pai. “Não queria ter um filho goleiro. Agora tenho dois”, brinca Roberto.

Cauã, 16, irmão de Caíque, joga na base do Juventus. NA TV Corinthian­s x Avaí Pay-per-view

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Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthian­s/Divulgação No Corinthian­s há 15 anos, Caíque para jogo de sábado

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