Eu não fiz “Táxi”.
sórdido”. Essas regras ainda valem no Irã? Não?
O regime fez “Táxi Teerã”, as condições que me foram impostas fizeram “Táxi”. Todas as acusações e condenações contra mim e o impacto dessa situação sobre meu estado mental levaram a ele.
O que minha sobrinha diz é exatamente o que o sistema determina que não podemos fazer. Não há tolerância para filmes que abordam problemas sociais. Todo ano, cerca de cem filmes são feitos no irã. Mais de 45% são propaganda do governo.
Quando eu estava preso, com os olhos vendados, era interrogado por sete, oito horas seguidas. Em determinado momento, disse ao interrogador: “Você estará em algum dos meus filmes, algum dia”. O sujeito ficou ofendido.
Em “Táxi”, ele apareceu: quando saio do carro, penso ter ouvido uma voz, e era a do interrogador.
Não acho que a situação vá melhorar com este ou outro presidente. Se continuarmos com o mesmo regime, a situação não vai melhorar. Trump são iguaizinhos. Pessoas como Trump ou Ahmadinejad não pensam nas consequências de suas palavras ou no futuro, apenas no momentâneo. Só temos de agradecer por esses dois linhasduras não estarem no poder ao mesmo tempo. Se Ahmadinejad fosse presidente agora, teríamos conflito com certeza. As ações de Trump podem levar ao desmantelamento do acordo nuclear...
Foi difícil desenvolver um novo método para filmar?
Foi muito difícil no começo. Por isso, fiz meu primeiro filme só aqui dentro da minha casa, e o chamei de “Isto Não É um Filme”. Aí, com “Táxi Teerã”, filmei em outras partes da cidade. O próximo certamente será mais amplo. Talvez eu cubra o país inteiro. Taxi Teerã (2015) Proibido pelo governo de fazer filmes, Panahi se passa por taxista e filma as viagens para tratar de mudanças sociais do pais. Levou o Urso de Ouro em Berlim Cortinas Fechadas (2013) Um roteirista recluso que vive apenas com seu cachorro recebe a visita de uma fugitiva. Prêmio de melhor roteiro em Berlim Isto Não é um Filme (2011) Documentário acompanha período de reclusão do cineasta enquanto aguarda seu veredicto