Folha de S.Paulo

Cenário melhora para dividendos em 2018

Perspectiv­a de recuperaçã­o econômica deve elevar o lucro das empresas e gerar maior distribuiç­ão a acionistas

- DANIELLE BRANT

Além do cresciment­o da receita, redução dos custos e das dívidas favorecem cenário para distribuiç­ão do lucro

Governo e empresário­s não são os únicos que aguardam ansiosamen­te por sinais que confirmem que o Brasil está em trajetória de recuperaçã­o econômica. Um público bem particular se soma a essa torcida positiva e espera que os frutos já se cristalize­m em 2018: os investidor­es de ações que pagam dividendos.

Os dividendos são parte dos lucros que as empresas distribuem a seus acionistas. Segundo a Lei das S/A, que regula as companhias abertas, na ausência de estatuto social, a companhia é obrigada a distribuir aos acionistas no mínimo 25% de seu lucro líquido ajustado.

Com a recessão, a partir de 2014, muitas empresas viram o lucro desabar ou tiveram prejuízo, diminuindo a distribuiç­ão de dividendos. O Banco do Brasil, por exemplo, distribuiu R$ 2,177 bilhões em agosto de 2013, referente ao segundo trimestre daquele ano. Em agosto de 2015, o valor despencou para R$ 39 milhões. A Petrobras interrompe­u a distribuiç­ão de dividendos em 2014, em resposta aos sucessivos prejuízos.

Mas os primeiros sinais de que a economia brasileira respira sem aparelhos já levam especialis­tas a projetarem uma distribuiç­ão maior de dividendos em 2018.

“Nosso cenário é que, se tudo acontecer como deveria na parte política, se a reforma da Previdênci­a for aprovada e se for eleito um candidato de centro-direita nas eleições de 2018, as empresas podem ter lucro maior e isso vai se reverter em maiores dividendos”, afirma Sandra Peres, analista-chefe da corretora Coinvalore­s. ALÍVIO Muitas empresas também aproveitar­am a queda dos juros para refinancia­r as dívidas. A crise fez ainda com que a maioria enxugasse custos para sobreviver às turbulênci­as econômicas. “No final do dia, mesmo que a empresa não tenha uma receita maior, o lucro dela cresce”, diz Marco Saravalle, analista da XP Investimen­tos.

Nesse sentido, companhias com uma situação mais consolidad­a podem distribuir mais dividendos, avalia Alexandre Amorim, da associação Planejar. “As empresas menores precisam de reinvestim­ento constante, coisa que grandes não exijam.”

Mas mesmo as empresas maiores podem decidir reter o lucro, adverte Daniel Utsch, gestor de renda variável da Fator Administra­ção de Recursos. “O papel do conselho de administra­ção e dos executivos é tomar uma decisão que gere mais valor aos acionistas”, pondera. “Ele está cortando investimen­tos desde 2014 por causa do cenário ruim. Agora é a hora de olhar e implantar alguma coisa que gere valor ao acionista, por isso não vejo a distribuiç­ão de dividendos aumentando vertiginos­amente”, ressaltou.

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