Folha de S.Paulo

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Felipe Massa se despede do público no GP Brasil e deixa automobili­smo do país sem nenhum representa­nte na F-1 para a temporada de 2018, feito inédito desde 1970

- FÁBIO ALEIXO PAULO ROBERTO CONDE

No momento em que o único piloto do país na categoria cruzou a linha de chegada, por volta das 15h36 deste domingo (12), iniciou-se um hiato sem prazo para terminar.

Foi quando Felipe Massa, 36, o mais bem-sucedido representa­nte nacional na F-1 nos últimos dez anos, concluiu a participaç­ão no 14º e último GP Brasil de sua carreira —ele ainda disputará a etapa de Abu Dhabi, no próximo dia 26.

O sétimo lugar obtido foi celebrado, mas não pôde esconder uma verdade implacável.

Em 2018, pela primeira vez em quase meio século, o Brasil não terá qualquer representa­nte na mais importante categoria do automobili­smo.

O país mantinha pilotos no grid do campeonato consecutiv­amente desde 1970 --como passou a ser disputado em 1972, o GP Brasil nunca deixou de ver um piloto brasileiro.

Nas décadas seguintes, instituiu-se como referência nas pistas com oito títulos mundiais, arrebatado­s por Emerson Fittipaldi (2), Nelson Piquet (3) e Ayrton Senna (3).

Embora o último troféu date de 1991, com Senna, nos anos seguintes Rubens Barri- paddock. A cada metro, Massa era interpelad­o por transeunte­s que lhe pediam fotos, autógrafos ou um abraço.

Os pais, Titônio e Ana Elena, o irmão, Dudu, a mulher, Raffaela, e o filho, Felipinho, quase sempre ficaram a tiracolo. No vaivém dos compromiss­os entre o box e o setor de hospitalit­y da Williams, às 11h45 entrou ao vivo com Galvão Bueno em um programa da Globo, no qual recordou momentos de seus 15 anos e 271 corridas de carreira na F-1.

Em sua trajetória na categoria, Massa obteve 11 vitórias, todas elas pela Ferrari, escuderia onde teve mais sucesso --foi vice-campeão mundial há nove anos, e além dela defendeu a Sauber e a Williams.

Com elas, conseguiu 16 pole positions e 41 pódios.

Quando enfim se livrou dos pedidos, o piloto foi para pista. Ao contrário do ano passado, quando abandonou a corrida após acidente, ganhou quatro posições na largada e pulou de nono para quinto.

Ultrapassa­do por Lewis Hamilton na 21ª volta, caiu para sexto. Depois, perdeu uma posição para Daniel Ricciardo. Terminou sua jornada com a melhor posição possível dada a superiorid­ade das duplas de Mercedes, Ferrari e Red Bull.

Como se quisesse deixar a imagem do país fincada na pista que não verá representa­ntes em 2018, empunhou uma bandeira verde antes de estacionar no pit lane. Ainda no rádio da Williams, não conteve emoção nem palavrão. “Aê, porra. Vamo, porra.” Também via rádio, ouviu mensagem do filho: “pai, eu estou muito orgulhoso de você”. Ao deixar o carro, Massa agradeceu ao público, abraçou mecânicos e engenheiro­s e distribuiu beijos ao ar.

“Valeu uma vitória para mim, pela emoção da torcida, nunca vou esquecer. Eu vou sentir muita falta. A emoção foi imensa, e esse é um dia que nunca vou esquecer na minha vida”, concluiu.

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