Atuação parlamentar de Bolsonaro mostra que seu viés liberal é ilusão
Visão econômica do pré-candidato à Presidência é corporativista, conservadora e intervencionista
FOLHA
Saiu na capa da edição de domingo (12) da Folha queo mercado já vê o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) como opção contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Único dos presidenciáveis capaz de ameaçar o petista até o momento, Bolsonaro ganha adeptos no mercado e no eleitorado com um discurso liberal.
No entanto, um levantamento realizado sobre seu comportamento parlamentar em sete mandatos revela que há pouco de liberal nas suas propostas e posições.
Do total de 166 proposições apresentadas por Bolsonaro, mais de um terço procura atender interesses corporativos dos militares. São iniciativas voltadas a aumentar a remuneração e disciplinar pensões, moradia e atendimento médico, entre outras.
Além de buscar agradar a sua base eleitoral, Bolsonaro se ocupa principalmente com temas menos complexos (trânsito, direito do consumidor, regras de condomínio) e a defesa da família e do patriotismo. Nesse último grupo incluem-se desde planejamento familiar até regras para a execução do hino nacional.
No campo da segurança pública, um dos pontos fortes de seu discurso, os projetos sugeridos pelo presidenciável tratam basicamente de liberação do uso de armas para diversas categorias (um corporativismo associado a interesse da indústria) e o aumento das sanções penais para criminosos.
É importante destacar, contudo, que a preocupação de Bolsonaro com o aumento de penas e a redução da maioridade penal só aparece com maior ênfase na sua produção legislativa depois de 2013 —o que não deixa de ser um dado curioso para um exmilitar que está há 26 anos na Câmara dos Deputados.
Na área econômica, os 15 projetos apresentados por Bolsonaro passam longe de uma posição liberal. Suas propostas, ao contrário, revelam um claro viés intervencionista, como a defesa de mudanças nos contratos habitacionais, a exigência de vagas gra- tuitas para idosos no transporte aéreo e a concessão de isenções tributárias para taxistas, montadoras e diabéticos. Todas as medidas, portanto, buscam beneficiar alguns grupos em detrimento de todos os demais contribuintes.
Essa visão intervencionista de Bolsonaro também se expressa nos seus votos. Ao analisar 2.043 votações de PLs, PECs e medidas provisórias verifica-se que Bolsonaro alinhou-se com o PT diversas vezes entre o segundo mandato de FHC e os dois governos de Lula. Essa identifi- cação entre polos tão antagônicos da política nacional atual deu-se, justamente, em projetos que tratavam de concessões de benefícios para o setor privado —incentivos tributários, parcelamentos de débitos, créditos orçamentários e subvenções.
Pauta muito mais próxima da Nova Matriz Econômica de Guido Mantega do que de teses liberais, portanto.
Embora a partir do governo Dilma o deputado Bolsonaro tenha se tornado antipetista em 100% das votações, sua visão econômica não mudou.
Verificando a participação de Bolsonaro nas frentes parlamentares (as famosas “bancadas”) na legislatura atual, vê-se que sua pauta continua vinculada ao protecionismo e ao corporativismo.
Além de ativo membro das chamadas bancadas da bala (segurança pública) e da Bíblia (católicos e evangélicos), Bolsonaro também se vincula a grupos de defesa de setores econômicos específicos (empreiteiras, agronegócio e de mineração). BRUNO CARAZZA
Folha.
Sem citar Luciano Huck ou sua mulher, Angélica, a Rede Globo informou à Folha que vem realizando “várias conversas” neste final de ano com funcionários seus, visando confirmar eventuais candidatos em 2018 e tirá-los do ar.
“A Globo tem por hábito, no período que antecede anos eleitorais, conversar com diversos profissionais de seu ‘casting’ para lembrar a política interna de eleições”, afirmou a emissora, questionada sobre o apresentador.
“Por essa diretriz interna, já em vigor há anos, quem tem a intenção de se candidatar ou de participar de alguma campanha eleitoral deve avisar com antecedência à emissora.”
A revista “Veja” publicou que a direção da Globo teve uma “conversa franca” com Huck e decidiu que, se ele quiser se lançar candidato, “terá de sair da emissora até dezembro, sem volta”.
A pressão sobre o apresentador aumentou após suas reuniões públicas com o Movimento Agora, de Armínio Fraga e Ilona Szábo, com o PPS e com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), sondado para vice.
No caso da Globo, a rede define até dezembro a sua nova programação, inclusive orçamentos, para a temporada que começa em abril.
Mas a pressão não se restringe à televisão. Também os patrocinadores, tanto do programa quanto aqueles diretamente ligados a Huck, vêm cobrando uma definição do apresentador quanto à sua candidatura a presidente.