Obras paradas de Angra 3 custam R$30mipormês
Conta referente a um financiamento contraído em 2010 no BNDES tem sido paga pela Eletrobras desde outubro
Despesa do projeto, suspenso por causa da Lava Jato, vinha sendo sustentada por outro estatal, a Eletronuclear
Com as obras paradas desde 2015, a usina nuclear de Angra 3 passou a dar em outubro um prejuízo adicional de R$ 30 milhões à Eletrobras. O valor refere-se a parcelas de um financiamento tomado em 2010 com o BNDES para a construção do projeto, investigado pela Operação Lava Jato.
As prestações são pagas pela Eletronuclear, estatal que gere o parque nuclear brasileiro, mas, com o atraso nas obras, acabam virando responsabilidade da Eletrobras, disse nesta terça (14) o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr. “É um problema para a Eletrobras. Com apenas Angra 1 e 2, a Eletronuclear não gera recursos sufi- cientes para pagar isso”, afirmou o executivo. Até o fim do ano, a empresa terá que fazer um aporte de capital em sua subsidiária para cobrir o rombo das primeiras parcelas.
As parcelas são referentes a um financiamento de R$ 6,1 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões já foram sacados. Não há hoje expectativa de conclusão das obras.
Ferreira Jr diz que é necessário rever o modelo de financiamento do projeto, que contava com 8% de capital próprio e 92% de financiamento. Agora, diz ele, a parcela de dinheiro própria terá que subir para entre 30% e 40%.
Assim, defendeu, é necessária a atração de outro investidor —as obras foram paralisadas quando estavam com 60% de sua execução. O governo já conversou com russos, chineses e franceses, mas diz que o projeto só é viável com aumento na tarifa.
O presidente da Eletrobras diz que uma tarifa viável giraria em torno dos R$ 400 por megawatt-hora, ante os cer- ca de R$ 240 por megawatthora hoje contratados. “Ainda é mais barata do que muito do que se paga hoje”, diz ele, dizendo que a bandeira tarifária vem pagando térmicas com valores acima de R$ 600 por megawatt-hora. VENDA Em reunião marcada para o próximo dia 24, o conselho de administração da Eletrobras analisará o programa de venda de ativos, que prevê a transferência de 77 participações em empresas de geração e transmissão com valor contábil de R$ 4,6 bilhões.
O programa faz parte do plano para reduzir o endividamento da companhia proposto por Ferreira Jr, que inclui ainda cortes de empregados, redução de investimentos e reestruturação de participações em outras empresas. A Eletrobras anunciou na segunda (13) lucro de R$ 550 milhões no terceiro trimestre de 2017, resultado “muito bom”, de acordo com Ferreira Jr. (NICOLA PAMPLONA)