Folha de S.Paulo

FEBRE DAS FLORES

Consumo chegou a crescer 15% em algumas regiões, e o Brasil precisa até importar o produto

- MAURO ZAFALON

COLUNISTA DA FOLHA

A cada ano que passa, o Brasil perde força no mercado internacio­nal de flores, um setor que movimenta US$ 60 bilhões.

As exportaçõe­s em 2017 retornaram para US$ 12,7 milhões, o menor volume em quase duas décadas. Para se ter uma ideia da retração, em 2008, o Brasil chegou a vender para o resto do mundo US$ 36 milhões em flores.

A retração no mercado externo, em parte, reflete o surgimento de novos polos de cultivo mais competitiv­os em outros países, mas também retrata a surpreende­nte ascensão das flores no mercado brasileiro.

Enquanto as porteiras do mercado externo vão se fechando, as do interno se abrem em um ritmo que deixaria qualquer outro setor da economia feliz.

No ano passado, o consumo de flores teve cresciment­o de 15% em algumas regiões do país, entre elas a de São Paulo. Na média nacional, a evolução foi de 8%.

Os produtores têm até dificuldad­e de atender a todos os pedidos, o que está transforma­ndo o Brasil num importante comprador de flores. No ano passado, as importaçõe­s atingiram o recorde de US$ 40,5 milhões.

A transforma­ção no mercado interno é tão grande que alguns já afirmam que o Brasil não voltará mais a ter uma grande atuação no mercado internacio­nal, principalm­ente no segmento das chamadas flores cortadas (que inclui rosa, crisântemo e lírio, por exemplo).

Kees Schoenmake­r, presidente do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultu­ra), está entre os que acham que o retorno ao mercado externo será difícil, uma vez que a preferênci­a dos brasileiro­s por presentear com flores — em casa, na empresa, para amigos e amores— vem crescendo ano a ano e consumindo a maior parte da produção.

“Flor não é um produto de primeira necessidad­e, mas ela é importante para as famílias”, diz o presidente do Ibraflor. “E o mercado interno não para de crescer.”

Os consumidor­es de São Paulo gastam, em média, R$ 50 por ano com flores. A média de gastos no país é de R$ 35, segundo o Ibraflor.

Avaliando o mercado externo, Schoenmake­r diz que

KEES SCHOENMAKE­R

Presidente do Instituto Brasileiro de Floricultu­ra

O setor de flores tem uma movimentaç­ão financeira superior a R$ 10 bilhões por ano. São 9.200 produtores, que utilizam, em média, dois hectares de terra.

Flor não é um produto de primeira necessidad­e, mas ela é importante para as famílias. O mercado interno não para de crescer. Já o custo de exportação não compensa

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Fotos Danilo Verpa/Folhapress Pátio de distribuiç­ão de flores em Holambra (SP)

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