Folha de S.Paulo

Barco com 25 imigrantes africanos é resgatado no Maranhão

- -Ana Luiza Albuquerqu­e e José Linhares Jr.

curitiba e são luís Uma embarcação com 25 imigrantes e dois brasileiro­s foi resgatada às 23h30 deste sábado (19) no cais de São José de Ribamar (MA), com ajuda de um barco pesqueiro. Os brasileiro­s, segundo a Polícia Federal, atuaram como coiotes e foram presos em flagrante por tráfico internacio­nal de pessoas.

Os homens foram atendidos por médicos do Corpo de Bombeiros do Maranhão e receberam água e alimentaçã­o. De acordo com o governo do Maranhão, os imigrantes vieram de Senegal, Nigéria, Guiné, Serra Leoa e Cabo Verde.

O delegado da Polícia Federal Robério Chaves, responsáve­l pelas investigaç­ões, disse à Folha que os dois brasileiro­s, aparenteme­nte naturais do Rio de Janeiro, compraram um barco em Cabo Verde, na África, com o intuito de trazer os imigrantes ilegalment­e.

Metade do dinheiro pago pelos africanos teria sido utilizada na compra do barco, enquanto a outra ficaria como lucro para os brasileiro­s. O delegado afirmou que os imigrantes serão ouvidos somente nesta segunda (21). A Polícia Federal também irá averiguar a situação jurídica deles.

Chaves informou que a embarcação esteve no mar por 35 dias. Segundo ele, os tripulante­s passaram “muita necessidad­e”, com comida racionada. “Quando o barco pesqueiro os resgatou, estavam havia qua- se cinco dias passando fome. Mas [depois] se alimentara­m bem e estão saudáveis”, disse.

Após o resgate da embarcação, os imigrantes receberam atendiment­o médico e foram levados para um ginásio em São Luís. Lá, estão sendo assistidos pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos até que os procedimen­tos da Polícia Federal sejam finalizado­s.

Durante o atendiment­o, os imigrantes, de 20 a 35 anos, negaram que trabalhari­am como escravos no país. Alguns disseram que têm parentes no Rio de Janeiro e em São Paulo e confirmara­m que pagaram pela travessia.

Segundo informaçõe­s da Capitania dos Portos, o barco onde vieram os estrangeir­os, um catamarã bimotor, ficou cinco dias à deriva. Primeiro, o motor teria falhado. Em seguida, as velas teriam sido danificada­s durante uma tempestade.

A Marinha informou que um inquérito será instaurado para apurar o caso.

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Carlinhos Pereira/Governo do Maranhão Imigrantes africanos resgatados de um catamarã no Maranhão esperam atendiment­o em São Luís

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