Folha de S.Paulo

Carille dá a certeza de que o Corinthian­s manterá o padrão

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.comOpio, num

A tendência é que Fábio Carille permaneça no Corinthian­s. Enquanto no Recife, o treinador corintiano repetia para quem quisesse ouvir que não chegou a proposta do Al Hilal, no estádio do Jamor, em Lisboa, o técnico Jorge Jesus do Sporting lamentava a derrota na final da Taça de Portugal para o Desportivo Aves.

O português é o favorito para receber os petrodólar­es de Rhyiadh. Rui Vitória, do Benfica, também tem chance.

“Não recebi proposta oficial de ninguém”, disse Carille antes do pontapé inicial, na Arena Pernambuco, contra o Sport. Ele diz a verdade.

Quem fez a direção do Corinthian­s saber que havia uma enquete com seu nome, na Arábia Saudita, foi o próprio Carille. Uma ilustração circulou na internet, no início da semana, com as fotos de Jorge Jesus e Carille, além de uma pergunta para os torcedores do Al Hilal. Qual dos dois eles preferiam?

Do aviso para a diretoria à explosão da notícia demorou uma tarde. Mas a proposta formal não chegou até a noite deste domingo (20). A direção corintiana julga que se chegasse não haveria o que fazer. Mas talvez fosse o caso de uma declaração do tipo: “Não podemos concorrer, mas vamos fazer todo o esforço para que Carille permaneça conosco, porque é fundamenta­l.”

O consenso da diretoria é outro. O Corinthian­s tem uma estrutura e método de trabalho que empurra o time. Carille é importante, mas se tiver de ir, outro treinador poderá dar resultado parecido. Também é verdade. Mas o momento é de valorizar o treinador que se mostrou especial nos últimos 18 meses.

Guardadas as devidas proporções, Carille teve um ano

Corinthian­s contra Sport: e meio de início de carreira com sucesso parecido apenas aos de Zidane e Guardiola. O catalão ganhou cinco troféus nos primeiros 18 meses de trabalho no Barça, depois de sair do Barcelona B. O francês saiu do Real Madrid Castilla, assumiu o time principal e acumulou títulos da Liga dos Campeões, Mundial de Clubes e Supercopa da Europa no primeiro ano e meio.

Mourinho fracassou no Benfica e fez sucesso no União de Leiria, antes de decolar pelo Porto, campeão da Liga dos Campeões. Tite tem uma carreira sólida nos últimos 20 anos, mas seu primeiro ano e meio foi no Veranópoli­s. Não tinha como ser igual.

Carille é empurrado pelo trabalho do Corinthian­s e ao mesmo tempo o empurra. Porque nem Oswaldo de Oliveira nem Cristóvão Borges conseguira­m dar continuida­de ao estilo corintiano, dois anos atrás.

Neste domingo (20) no empate por 1 a 1 com o Sport, o Corinthian­s foi mais discreto do que o normal. Com oito reservas, prendeu-se ao campo de defesa e esperou o Sport. Tentou o contra-ataque. Fez 1 a 0 de bola parada, primeiro gol de Roger, mas, longe de seu padrão, distanciou­se dois pontos do Atlético-MG, líder do Brasileiro.

Mas manteve uma das caracterís­ticas principais de Carille: jogou em 25 metros. Defensivam­ente, do zagueiro Pedro Henrique ao atacante Roger, o espaço era de no máximo um quarto do campo.

O Corinthian­s sabe o que quer e é isso o que o mantém sempre no bloco de cima. Como a proposta não chegou, Carille fica. Para o Corinthian­s, é a certeza de que o trabalho seguirá com o padrão corintiano dos últimos anos.

 ?? Léo Pinheiro/Framephoto/Agência O Globo ?? Militão cabeceia bola para o gol do Santos no clássico deste domingo, no Morumbi
Léo Pinheiro/Framephoto/Agência O Globo Militão cabeceia bola para o gol do Santos no clássico deste domingo, no Morumbi

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil