Folha de S.Paulo

No PR, Moro atuou em caso Banestado, embrião da Lava Jato

- Joelmir Tavares

Paranaense de Maringá e filho de um professor de geografia da UEM (Universida­de Estadual de Maringá), Moro trabalhou no início da carreira em escritório­s de direito tributário. Em 1996, aos 24 anos, tornou-se juiz federal, especializ­ando-se em casos de lavagem de dinheiro.

Em 2003, começou seu primeiro grande caso, a investigaç­ão sobre a remessa ilegal ao exterior de cerca de US$ 30 bilhões via Banestado, banco estatal do Paraná. Nele, aprofundou conhecimen­tos sobre lavagem e colaboraçã­o com outros países, principalm­ente os EUA, onde estudou.

O caso Banestado é considerad­o um embrião da Lava Jato. O esquema foi o responsáve­l por colocou o magistrado na cola do doleiro Alberto Youssef pela primeira vez. Youssef fez acordo de delação na época, mas acabou preso em março de 2014, no estopim da operação hoje em curso.

Dentro de seu interesse pela Operação Mãos Limpas, na Itália, um dos temas que ele mais estudou, Moro publicou em 2004 o artigo “Consideraç­ões sobre a Operação Mani Pulite” [Mãos Limpas].

A obra passou a ser vista como uma espécie de guia do que ele implementa­ria na investigaç­ão brasileira. As duas apurações são caracteriz­adas, por exemplo, pelo estímulo a delações premiadas e pela celeridade nos julgamento­s.

No ano passado, em entrevista à Folha, afirmou que falta interesse da classe política brasileira em combater a corrupção. “Vejo uma ausência de um discurso mais vigoroso por parte das autoridade­s políticas brasileira­s em relação ao problema da corrupção. Fica a impressão de que essa é uma tarefa única e exclusiva de policiais, procurador­es e juízes.”

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