Fala de Bolsonaro faz Egito cancelar viagem de comitiva
Presidente eleito pretende reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, o que desagradou a comunidade árabe
O governo egípcio cancelou uma visita que o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, faria ao país árabe.
O chanceler brasileiro desembarcaria no país nestaqu arta-feira (7) e cumprir iauma agenda de compromissos entre os dias 8 e 11 de novembro.
Nesta segunda-feira (5), o governo brasileiro foi informado pelo Egito que a viagem teria que ser cancelada por mudança na agenda de autoridades do país.
Não é comum no protocolo da diplomacia desmarcar viagens em cima da hora.
O gesto, segundo diplomatas brasileiros, foi uma retaliação às declarações recentes do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Ele disseque pretende reconhecer Jerusalém como capital de Israel equei rá transfe- rira embaixada brasileira de Te lA vivp ara acidade, oque tem desagradado a comunidade árabe.
Segundo relatos de diplomatas, a Liga dos Países Árabes enviou inclusive uma nota à embaixada brasileira no Cairo condenando as declarações do presidente eleito. Para a visita de Aloysio, um grupo de empresários brasileiros já tinha chegado ao Egito.
Juntos, os países árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. Em 2017, as exportações somaram US$ 13,5 bilhões e o superávit para o Brasil foi de US$ 7,17 bilhões.
A declaração de Bolsonaro irritou o governo federal. A avaliação de assessores presi denciaiséd eque amu dançada embaixada podepre judicara economia brasileira e acaba envolvendo o país em uma disputa regional.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, defende que seja respeitado o posicionamento do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960), que apoiou a partição da Palestina entre judeus e árabes.
“Essa é uma opinião pessoal: espero que o presidente eleito reflita sobre esse assunto antes de tomar uma decisão. Não vejo nada que pode vir de positivo nisso”, disse ele à Folha.
Para o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, a mudança da embaixada pode abrir as portas para países concorren- tes do Brasil no setor de proteína animal, como Turquia, Austrália e Argentina.
Para Hannun, a questão da embaixada brasileira em Israel é algo forte e sensível.
“Já tivemos ruídos com a [Operação] Carne Fraca e com a paralisação dos caminhoneiros, mas conseguimos superar. Temos a fidelidade dos países árabes”, afirma Hannun.