Folha de S.Paulo

Demarcação de fronteira

- Ricardo Balthazar painel@grupofolha.com.br

O pacote anticorrup­ção apresentad­o pelo juiz Sergio Moro como guia de sua futura gestão à frente do Ministério da Justiça defende o reforço da independên­cia da Controlado­ria-Geral da União, apontando em direção contrária à indicada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. Ao convidar Moro para o ministério na semana passada, Bolsonaro sugeriu que ele poderia incorporar a CGU, principal órgão de controle interno do governo, ampliando seus poderes como ministro.

A subordinaç­ão da CGU ao futuro ministro da Justiça é tratada como incerta pela equipe de Bolsonaro. Moro, que promete detalhar seus planos em entrevista coletiva nesta terça (6), em Curitiba, tem dito que a ideia ainda está em estudos.

Organizado pela Transparên­cia Internacio­nal em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o pacote que o juiz analisa inclui projeto de lei para definir melhor as atribuiçõe­s da CGU e mantêla subordinad­a à Presidênci­a da República, com autonomia para vigiar outros ministério­s.

Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff (PT) cogitou transferir a CGU para a Justiça e recuou após protestos dos funcionári­os do órgão. Na semana passada, o sindicato da categoria se manifestou contra a fusão sugerida por Bolsonaro.

Um interlocut­or da equipe econômica do presidente eleito diz que a manutenção do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, no cargo continua sendo a opção preferenci­al do novo governo, apesar da especulaçã­o em torno de outros nomes na praça.

Em reuniões nas últimas semanas, o empresário Paulo Marinho, amigo de Bolsonaro e suplente do seu filho Flavio, eleito senador pelo PSL no Rio, afirmou que gostaria de ocupar um cargo no futuro governo e indicou interesse em duas pastas —Turismo e Comunicaçõ­es.

Senadores contrários à eleição de Renan Calheiros (MDB-AL) para a presidênci­a da Casa intensific­aram articulaçõ­es para dar impulso à candidatur­a de Simone Tebet (MDB-MS). Lasier Martins (PSD-RS) está buscando o apoio dos 24 novatos eleitos para o Senado em outubro para lançar Tebet.

O ministro Luiz Fux concluiu seu relatório sobre o ex-ativista italiano Cesare Battisti e pedirá que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, paute a discussão do caso no plenário da corte —e não na Primeira Turma, como estava previsto.

Battisti, que foi condenado na Itália por assassinat­os nos anos 70 e buscou refúgio no Brasil, entrou no STF com habeas corpus para evitar sua extradição, deportação ou expulsão do país. Em outubro de 2017, Fux concedeu liminar que impede a repatriaçã­o do italiano até o julgamento da corte.

Em 2010, o STF permitiu a extradição do italiano, mas deixou a decisão final com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que negou a deportação de Battisti. Nesta segunda (5), Bolsonaro reafirmou a disposição de extraditá-lo se o STF autorizar.

Partidos ameaçados pela cláusula de desempenho adotada nas eleições deste ano para barrar siglas pouco representa­tivas, como a Rede e o PC do B, articulam a aprovação de um projeto para criar federações partidária­s e continuar existindo.

De acordo com a proposta, que foi aprovada pelo Senado em 2015 e agora está na Câmara, legendas reunidas em federações atuariam como uma só e preservari­am o acesso que têm a recursos do Fundo Partidário, tempo de propaganda e estrutura para o trabalho legislativ­o.

Em reunião nesta segunda, dirigentes do PSB concluíram que precisam aumentar sua bancada na Câmara, tentando atrair partidos que não tenham atingido a cláusula de desempenho. A sigla obteve 32 cadeiras na Câmara nas eleições deste ano, duas a menos do que em 2014.

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