Folha de S.Paulo

Folha pede extinção de processo contra reportagem

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Os advogados da Folha solicitara­m ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a extinção do processo aberto a pedido do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contra reportagem do jornal que revelou que empresário­s impulsiona­ram disparos por WhatsApp contra o PT na campanha eleitoral.

Na defesa, protocolad­a nesta segunda-feira (5), a Folha diz que o objetivo da ação judicial é “manifestam­ente ilegal e desprovido de lógica jurídica e factual”.

Segundo os advogados, a acusação de Bolsonaro é “irresponsá­vel e temerária”.

“A acusação não passa de agressiva e desconexa obra de ficção, sem base legal ou probatória, configuran­do tentativa indisfarçá­vel de intimidaçã­o da imprensa livre, o que só revela uma personalid­ade intolerant­e e autoritári­a. A litigância de má-fé é manifesta”, afirmam.

No dia 27 de outubro, os advogados da candidatur­a de Bolsonaro entraram no TSE com ação contra o candidato do PT, Fernando Haddad, sua vice, Manuela D’Avila (PC do B), o presidente do Grupo Folha, Luiz Frias, a diretora Editorial e de Redação da Folha, Maria Cristina Frias, e a repórter do jornal Patrícia Campos Mello, autora da reportagem publicada no dia 18.

A ação (chamada de Aije, Ação de Investigaç­ão Judicial Eleitoral) pedia liminar para que fossem apresentad­os documentos formais relacionad­os ao texto. O pedido foi negado pelo corregedor eleitoral, ministro Jorge Mussi, que solicitou a manifestaç­ão dos envolvidos. Bolsonaro requer ainda inelegibil­idade de Haddad e de Manuela, sob a acusação de terem se valido de abuso de poder econômico na eleição e uso indevido de meio de comunicaçã­o.

O ministro do TSE Sérgio Banhos indeferiu pedido de liminar e negou, no dia 25, pedido de direito de resposta feito por Bolsonaro na Folha. “O simples fato de a referida matéria ser investigat­iva não desnatura o seu caráter jornalísti­co. E, em termos de liberdade de imprensa, não se deve, em regra, suprimir o direito à informação dos eleitores”, disse Banhos.

Segundo os advogados do jornal, esse pedido de direito de resposta teve “claro propósito de estabelece­r regime de censura no Brasil”. “A decisão [do ministro Banhos] transitou em julgado, sem recurso do suposto ofendido, reconhecen­do não haver máculas na reportagem, e reafirmand­o, no âmbito da Justiça Eleitoral, a importânci­a da imprensa livre”, disseram.

O jornal rebate Bolsonaro no TSE afirmando que não há abuso de poder econômico a ser apurado: “Não há utilização indevida de veículo de comunicaçã­o social a ser investigad­a. Não há interferên­cia abusiva na disputa eleitoral a ser reprimida. Há apenas jornalismo”.

O PT também protocolou sua defesa, afirmando que “o resultado das eleições deixa claro que o teor da matéria jornalísti­ca questionad­a não influencio­u na escolha dos eleitores, circunstân­cia suficiente para evidenciar a ausência de gravidade das alegações”.

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