Folha de S.Paulo

Alibaba prevê desacelera­ção com guerra comercial

- The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci

O gigante chinês do comércio eletrônico Alibaba reduziu sua projeção de receita para o ano em 4% a 6%, mencionand­o dúvidas sobre a economia do país, em um momento no qual a expansão chinesa se desacelero­u para o ritmo mais lento em quase uma década.

Em meio à disputa comercial com os EUA, os consumidor­es mantêm as carteiras fechadas.

A desacelera­ção provavelme­nte terá seu efeito mais severo sobre as vendas de bens de consumo duráveis, e o Alibaba já viu desacelera­ção no cresciment­o de vendas de eletrônico­s de consumo, especialme­nte smartphone­s, disse Joe Tsai, vice-presidente do conselho da empresa.

Outros serviços, como entregas de refeições, provavelme­nte não serão tão afetados, disse Tsai. O Alibaba vem registrand­o cresciment­o constante em bens de consumo pessoal, cosméticos e vestuário, disse.

Mas o Alibaba também enfrenta tendências desfavoráv­eis causadas pela força dos concorrent­es no varejo online chinês, entre os quais JD.com e Pingduoduo, disse Steven Zhu, analista sênior da Pacific Epoch, empresa chinesa de pesquisa econômica, em Xangai.

Isso está desacelera­ndo a receita gerada por anúncios publicados por comerciant­es nas plataforma­s do Alibaba —segmento altamente lucrativo e essencial dos negócios da empresa, que a ajuda a se expandir para além do varejo online.

O Alibaba tem ações negociadas na Bolsa de Nova York e opera as duas maiores plataforma­s online de varejo da China, Taobao e Tmall, e suas vendas servem como indicador para o setor de bens de consumo chinês, em meio à escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos.

O Alibaba agora antecipa receita anual total de entre 375 bilhões e 383 bilhões de yuans (de R$ 200 bilhões a R$ 204 bilhões).

No trimestre passado, o Alibaba registrou 54% de alta da receita ante o período no ano anterior, para 85,1 bilhões de yuans (R$ 45,6 bilhões), com ajuda da demanda do consumidor chinês online.

Mas o resultado ficou abaixo das expectativ­as dos analistas pesquisado­s pela FactSet, que em média projetaram receita de 86,7 bilhões de yuans (R$ 46,5 bilhões).

Jack Ma, presidente-executivo da empresa, disse esperar que a disputa comercial com os EUA persista por muito tempo, talvez até 20 anos, e que os negócios dos dois países sofrerão pressão.

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