Folha de S.Paulo

Eleições nos EUA são marcadas por disputas acirradas

Democratas tentam retomar Câmara, enquanto republican­os devem manter maioria no Senado

- Danielle Brant e Júlia Zaremba

Estado-chave em eleições por sempre mudar a preferênci­a partidária, a Flórida teve disputa acirrada para governo e Senado. O estado refletia o clima no país, com expectativ­as de maioria democrata na Câmara abaladas pelos primeiros resultados.

Estado-chave em eleições presidenci­ais e legislativ­as por mudar constantem­ente sua preferênci­a partidária, a Flórida enfrentou uma disputa acirrada pelo Senado e pelo governo estadual.

Com mais de 99% dos votos apurados, em ambos os casos, republican­o e democrata se alternavam na liderança com menos de um ponto percentual de diferença —na disputa para o Senado, mais esperada, o atual governador do estado, o republican­o Rick Scott, aparecia pouco à frente do senador democrata Bill Nelson, no cargo há 18 anos.

Projeções indicavam que os democratas poderiam conseguir retomar o controle da Câmara, enquanto o Senado caminhava para permanecer com maioria republican­a.

À 1h30 desta quarta (7) em Brasília, 22h30 na costa leste dos EUA, os democratas contavam 125 cadeiras na Câmara, e os republican­os, também 125, segundo a CNN.

Mas a oposição havia conseguido conquistar 12 cadeiras que antes pertenciam ao partido do presidente Donald Trump e a expectativ­a era de que conseguiss­em “virar” ao menos os outros 11 assentos de que precisavam para chegar à maioria de 218 na Casa.

Já no Senado, a situação levava vantagem, com 49 assentos já garantidos, dos 51 necessário­s. A oposição contava 38 e havia perdido dois assentos.

Surpresas poderiam emergir de estados tradiciona­lmente republican­os, como Texas, que vem assistindo a um avanço democrata. O republican­o Ted Cruz, ícone do movimento Tea Party e aliado de Donald Trump, era seguido de perto pelo democrata Beto O’Rourke na corrida pelo Senado no estado.

O presidente e suas plataforma­s foram o tema central e praticamen­te único desta eleição. Política migratória e política externa conseguira­m ofuscar temas que costumam dominar a atenção do eleitor, como economia e segurança.

Os democratas apostaram numa plataforma anti-Trump, pró-imigração e pró-saúde.

Apostaram, também, em caras novas e na ala “socialista” do partido –a expoente desse grupo, Alexandria Ocaso-Cortez, 29, se elegeu para uma vaga na Câmara por Nova York, projeta a CNN. Outra liderança da ala mais à esquerda, o veterano Bernie Sanders, que disputou a candidatur­a presidenci­al do partido com Hillary Clinton, em 2016, mas é independen­te, também se elegeu senador em Vermont.

Já o governador de Nova York, Andrew Cuomo, ligado à ala mais tradiciona­l do partido democrata, confirmou o favoritism­o e passará a seu terceiro mandato. O resultado reforça seu nome como possível candidato do partido a presidente em 2020.

Do lado republican­o, Mitt Romney, que perdeu a presidênci­a para Barack Obama em 2012, foi eleito para o Senado pelo estado de Utah.

Trump passou o dia fazendo uma das coisas pelas quais mais ficou famoso nos últimos dois anos: escrevendo mensagens em uma rede social.

Foram seis tuítes, sendo quatro endossando candidatos. O sucesso de sua campanha, porém, só seria conhecido nesta manhã.

Tradiciona­lmente, as eleições de meio de mandato do presidente tendem a dar maioria à oposição —a exceção recente foi o republican­o George W. Bush em 2002, com o país ainda abalado pelo 11 de Setembro. Analistas na mídia americana, porém, avaliaram este pleito como mais “plebiscitá­rio” do que os demais.

A Câmara tem 435 cadeiras, todas em disputa, com mandatos de dois anos. O Senado, com mandatos de seis anos, terá 35 das 100 vagas renovadas.

Os americanos escolheria­m também governador­es em 36 dos 50 estados. Além disso, foram colocadas para consulta popular 155 medidas em 37 estados.

Relatos na imprensa davam conta de comparecim­ento alto —a média para legislativ­as costuma ser de 40%, já que o voto não é obrigatóri­o. Os números, porém, não haviam saído, já que estados da costa oeste continuari­am votando até 3h (hora de Brasília);

A votação foi relativame­nte tranquila. Durante o dia, algumas notícias falsas envolvendo o tema foram publicadas no Facebook, que informou que removeu os posts.

O Facebook também disse ter removido postagens com datas erradas de votação.

A forma como esse país está agora... precisamos de uma mudança. E meu voto serve para algo. A retórica do presidente Trump está dividindo essa nação e esse país. Nós podemos mudar isso Eloise Parrish, 74 eleitora democrata de Nova York

Eu tenho gostado do rumo que o país tem tomado sob Trump, e quero que continue assim Gail Tabor, 61 eleitora republican­a da Virgínia

Quero eleger pessoas que ajudem o presidente a cumprir suas promessas de campanha Shannon O’Donnell, 43 eleitora republican­a da Virgínia

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ColinMurph­ey/TheDailyAs­torian/AP Estudante em Astoria, Oregon
 ?? Jae C. Hong/Associated Press ?? Eleitores votam nas eleições legislativ­as e para governador na cidade de Los Angeles, na Califórnia
Jae C. Hong/Associated Press Eleitores votam nas eleições legislativ­as e para governador na cidade de Los Angeles, na Califórnia
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