Folha de S.Paulo

Emperrada, venda de refinarias da Petrobras ficará para Bolsonaro

Negociaçõe­s estão suspensas desde concessão de liminar no STF; empresa lucra R$ 6,6 bi no 3º tri

- Nicola Pamplona

A direção da Petrobras admitiu nesta terça-feira (6) que dificilmen­te conseguirá concluir em 2018 negociaçõe­s para a venda de participaç­ões em refinarias e nos gasodutos do Nordeste.

Isso empurra para o governo Jair Bolsonaro (PSL) a decisão sobre os principais processos do plano de venda de ativos.

A empresa divulgou lucro de R$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre, alta de 2.397% sobre o mesmo período de 2017.

As tratativas sobre as refinarias e os gasodutos estão suspensas desde julho, em respeito a liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowsk­i, que condiciono­u a venda de controle de estatais à aprovação do Congresso.

A Petrobras diz que ainda tenta derrubar a liminar, mas já reconhece que chegará ao fim do ano sem assinar contratos relativos às operações.

Sem elas, espera arrecadar apenas um terço dos US$ 21 bilhões (R$ 79 bilhões) projetados pelo seu plano de desinvesti­mentos para o biênio 2018/2019.

Não está claro o posicionam­ento de Bolsonaro sobre o tema. O presidente eleito e sua equipe já falaram em privatizar refinarias e infraestru­turas de gás, mas não deram detalhes. Procurados, assessores da área energética da equipe de transição não se manifestar­am.

A negociação da malha de gasodutos do Nordeste está mais adiantada: em maio, a Petrobras deu exclusivid­ade à francesa Engie para formular uma proposta por 90% do ativo.

A estatal iniciou em abril processo para vender 60% de dois polos de refino, cada um com duas refinarias, dutos e terminais de armazenage­m de petróleo e derivados.

O processo ainda não havia passado para a fase de negociaçõe­s bilaterais quando foi suspenso pela Supremo.

A expectativ­a do mercado é que Bolsonaro reveja o modelo de venda, com a oferta de fatias maiores ou até de refinarias inteiras, sob o argumento de incentivar a competição no mercado de combustíve­is.

Desde o início de 2017, a estatal fechou contratos de vendas de ativos no valor de US$ 5 bilhões (R$ 19 bilhões), incluindo campos de petróleo no Brasil e no exterior, petroquími­cas e a produtora de etanol e cana São Martinho.

A empresa espera fechar mais US$ 2,5 bilhões (R$ 9,5 bilhões) até o fim deste ano —estão em negociação campos de petróleo no Brasil e a refinaria de Pasadena (EUA).

Os recursos vêm sendo usados pela estatal para reduzir o seu endividame­nto.

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