Folha de S.Paulo

Blogueiro que pedia Guardiola como técnico tenta se lançar na profissão

- Alex Sabino

MANCHESTER CITY (ING) SHAKHTAR DONETSK (UCR)

18h, Etihad Stadium Na Internet: Facebook do Esporte Interativo

Depois que Pep Guardiola, 47, começou a ganhar tudo no Barcelona, a partir de 2008, ficou fácil perceber sua qualidade como técnico. Mas quem previu isso quando ele ainda era jogador de futebol?

O argentino Matías Manna, 35, percebeu. Em 2005, quando o espanhol atuava, mas em fim de carreira, no Dorados de Sinaloa (MEX), Manna criou o blog Paradigma Guardiola. Além de análises táticas, o tema da página era a defesa de que Guardiola tinha de ser técnico. Ele mudaria o futebol.

“Naquela época, a moda era ficar na defesa, esperar e não propor o jogo. Guardiola tinha o perfil, como jogador, para ser treinador e alterar tudo aquilo”, afirma Manna, que tenta se lançar na carreira de técnico na Arábia Saudita. Atualmente, ele trabalha na federação local.

Até por isso, o argentino é reticente em falar sobre o assunto. Não quer ser visto mais como um blogueiro. Mas não há como negar que sua previsão estava correta.

Em dez anos no Barcelona, Bayern de Munique (ALE) e Manchester City (ING), Guardiola conquistou 17 títulos de expressão. Três deles da Champions League.

“Paradigma Guardiola se adiantou a tudo e a todos”, escreveu o jornalista Martí Pernau, no livro “Herr Pep”.

Manna escrevia longas cartas a Guardiola e explicava suas teorias e conceitos.

Encontrou-sepelaprim­eira vez co moído loem 2006, quando este viajou a Buenos Aires. Já haviam conversado por telefone antes. Segundoo jornalista argentino Vicente Mu glia no livro“ChePep”,so brear elação de Guar diola coma Argentina, Manna lhe deu dois livros de presente :“Lo suficiente­mente loco” (O suficiente­mente louco), uma briografia de Marcelo Bielsa; e “Operación Masacre” (Operação Massacre), romance de Rodolfo Walsh.

Durante o café da manhã que dividiram na capital do país, pela primeira vez sugeriu que Pep deveria trabalhar no futebol sul-americano.

“Ainda acho que ele tem de dirigir na América do Sul. Quem sabe o Uruguai na Copa do Mundo de 2030. É no rio da Prata que nasceu o passe, a criativida­de”, defende.

Não foi por causa de Guardiola que Manna resolveu estudar futebol. Ele já fazia isso e, por esse motivo, percebeu o potencial do espanhol, algo que chega a ser incrível, porque em suas biografias do período de jogador, Pep dizia pensar em ser técnico, mas não tinha tanta certeza.

Essa dúvida nunca passou pela cabeça do blogueiro, que não quer ser mais chamado assim. Porque foram os estudos de futebol e o contato com Guardiola que despertara­m sua ambição.

Ele começou a ser chamado para auxiliar em comissões técnicas. Marcelo Bielsa o convidou para a seleção chilena na Copa da África do Sul, em 2010. Manna fez parte da equipe de El Salvador no Mundial sub-20 de 2013. Foi assistente no San Martín de San Juan e no Union de Santa Fe, dois clubes da primeira divisão de seu país natal.

Convidado por Jorge Sampaoli, ele retornou à seleção chilena em 2014. Acompanhou-o na equipe argentina na Copa do Mundo da Rússia.

O novo amigo Guardiola não o esqueceu. Manna foi a Barcelona enquanto o espanhol era o técnico e acompanhou as maneiras dele comandar treinament­os. Estava com Pep também nos primeiros 15 dias de trabalho no Bayern de Munique, em 2013.

Todo esse arsenal de conhecimen­to ele deseja pôr em prática como treinador. Sem jamais ter sido atleta, acompanha Guardiola a distância, como nesta quarta (7), quando o Manchester City recebe o Shakhtar Donetsk pela Champions League.

Uma vitória colocará o time de Pep nas oitavas de final por antecipaçã­o, desde que o Hoffenheim não derrote o Lyon.

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