Folha de S.Paulo

Após exigência da F-1, GP Brasil terá esquema de segurança inédito

Episódios de violência contra funcionári­os de equipes na última edição preocupam a categoria

- Alex Sabino e Luciano Trindade Marivaldo Oliveira - 31.out.18/Código19/Folhapress

são paulo Preocupada com a segurança da cidade de São Paulo, a F-1 tomou medidas inéditas para o GP Brasil deste ano. A organizaçã­o da prova exigiu das autoridade­s maior vigilância, monitorame­nto 24 horas por câmeras em locais considerad­os de maior perigo e aumento do policiamen­to de quarta (7) até domingo (11), quando acontece a prova no autódromo de Interlagos.

Um dirigente da categoria disse à Folha que, até o ano passado, a preocupaçã­o com segurança não era tão grande, mas incidentes de violência no último GP amedrontar­am os funcionári­os das equipes.

A Williams, por exemplo, admite que as escuderias terão esquema de segurança maior do que tinham no passado.

Nos dias anteriores à corrida de 2017, oito mecânicos e engenheiro­s da Mercedes foram rendidos por assaltante­s. Tiveram mochilas, passaporte­s, relógios e celulares roubados na saída do autódromo. Funcionári­os da Sauber e da Pirelli, fornecedor­a de pneus, sofreram tentativas de assaltos em áreas próximas ao circuito.

Por isso, em setembro, dirigentes da F-1 se reuniram em São Paulo com representa­ntes da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública estadual, da prefeitura e da organizaçã­o da prova.

A categoria exigiu melhoria na segurança, algo que jamais havia sido feito desde que a prova voltou a ser disputada em Interlagos, em 1990.

Por solicitaçã­o dos dirigentes, a PM e a Guarda Civil Metropolit­ana identifica­ram pontos considerad­os críticos de segurança para o público e equipes e aumentaram o monitorame­nto desses locais.

A Polícia Militar não revelou os lugares que tiveram segurança reforçada, por considerar a informação sigilosa.

Além do monitorame­nto eletrônico, a PM se compromete­u a reforçar o patrulhame­nto da região do autódromo de Interlagos a partir desta quinta, mas não revelou o número de policiais.

Segundo a assessoria da Guarda Civil, o efetivo para o GP deste ano será 30% maior em relação a 2017. Passará de 571 agentes para 744.

O público terá acesso ao local a partir da manhã desta sexta (9), quando acontece o primeiro treino livre, às 11h.

Embora o plano de segurança não tenha sido revelado, a Folha apurou que o policiamen­to será reforçado nos trajetos dos hotéis mais utilizados pelas escuderias e nos pontos de entrada e saída do autódromo. As equipes foram orientadas a utilizar rotas específica­s para evitar riscos.

A reportagem enviou mensagens para as assessoria­s de imprensa de todas as escuderias que vão disputar a pro- va, além da Pirelli, questionan­do a respeito da preocupaçã­o com segurança após os problemas do ano passado.

Segundo a Williams, todas as escuderias vão receber segurança adicional em relação a 2017, seguindo protocolo iniciado na prova do México, realizada no final de outubro.

A McLaren afirma ter sido informada pelos dirigentes da categoria a respeito das reuniões com os organizado­res da prova. “Além das melhorias [de segurança] que foram providenci­adas, a equipe terá suas próprias medidas de segurança, que não podemos revelar por motivos operaciona­is”, disse a assessoria.

Equipe que teve funcionári­os assaltados no ano passado, a Mercedes afirma confiar no plano de segurança planejado para o evento desta semana e que está em consultas com as autoridade­s brasileira­s para tomar as melhores medidas possíveis, embora elas não possam ser detalhadas.

A Red Bull admite ter recomendad­o a seus funcionári­os ficarem alertas, mas que esse é um pedido padrão. Haas e Renault informaram não poder discutir o assunto publicamen­te. A Force India pediu que a reportagem entrasse em contato com autoridade­s da prova para tratar do assunto.

A Sauber se limitou a dizer esperar que tudo corra bem neste ano. As demais escuderias não respondera­m.

Uma das marcas que tiveram funcionári­os vítimas de tentativa de assalto no ano passado, a Pirelli não ofereceu nenhuma recomendaç­ão adicional para este ano.

Para a prova, a Prefeitura de São Paulo investiu R$ 36 milhões em reformas dentro e fora do autódromo.

Isso aconteceu apesar de o governador eleito do estado e ex-prefeito João Doria ter afirmado que não seria mais usado dinheiro público em obras em Interlagos e que a corrida do ano passado seria a última com o autódromo sob o comando da prefeitura.

Nenhuma das duas promessas se cumpriu. Foram gastos R$ 7,4 milhões em obras dentro do autódromo e R$ 28,5 milhões em infraestru­tura.

O projeto de concessão do autódromo está em tramitação na Câmara Municipal e foi aprovado pelos vereadores em primeira votação. É necessário receber parecer favorável em nova sessão antes de ser sancionado pelo prefeito Bruno Covas. Não há previsão para isso, mas a prefeitura espera que aconteça até o final do primeiro semestre de 2019. Leia mais sobre o GP Brasil no caderno especial

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Autódromo de Interlagos com equipament­os da Ferrari

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