Após exigência da F-1, GP Brasil terá esquema de segurança inédito
Episódios de violência contra funcionários de equipes na última edição preocupam a categoria
são paulo Preocupada com a segurança da cidade de São Paulo, a F-1 tomou medidas inéditas para o GP Brasil deste ano. A organização da prova exigiu das autoridades maior vigilância, monitoramento 24 horas por câmeras em locais considerados de maior perigo e aumento do policiamento de quarta (7) até domingo (11), quando acontece a prova no autódromo de Interlagos.
Um dirigente da categoria disse à Folha que, até o ano passado, a preocupação com segurança não era tão grande, mas incidentes de violência no último GP amedrontaram os funcionários das equipes.
A Williams, por exemplo, admite que as escuderias terão esquema de segurança maior do que tinham no passado.
Nos dias anteriores à corrida de 2017, oito mecânicos e engenheiros da Mercedes foram rendidos por assaltantes. Tiveram mochilas, passaportes, relógios e celulares roubados na saída do autódromo. Funcionários da Sauber e da Pirelli, fornecedora de pneus, sofreram tentativas de assaltos em áreas próximas ao circuito.
Por isso, em setembro, dirigentes da F-1 se reuniram em São Paulo com representantes da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública estadual, da prefeitura e da organização da prova.
A categoria exigiu melhoria na segurança, algo que jamais havia sido feito desde que a prova voltou a ser disputada em Interlagos, em 1990.
Por solicitação dos dirigentes, a PM e a Guarda Civil Metropolitana identificaram pontos considerados críticos de segurança para o público e equipes e aumentaram o monitoramento desses locais.
A Polícia Militar não revelou os lugares que tiveram segurança reforçada, por considerar a informação sigilosa.
Além do monitoramento eletrônico, a PM se comprometeu a reforçar o patrulhamento da região do autódromo de Interlagos a partir desta quinta, mas não revelou o número de policiais.
Segundo a assessoria da Guarda Civil, o efetivo para o GP deste ano será 30% maior em relação a 2017. Passará de 571 agentes para 744.
O público terá acesso ao local a partir da manhã desta sexta (9), quando acontece o primeiro treino livre, às 11h.
Embora o plano de segurança não tenha sido revelado, a Folha apurou que o policiamento será reforçado nos trajetos dos hotéis mais utilizados pelas escuderias e nos pontos de entrada e saída do autódromo. As equipes foram orientadas a utilizar rotas específicas para evitar riscos.
A reportagem enviou mensagens para as assessorias de imprensa de todas as escuderias que vão disputar a pro- va, além da Pirelli, questionando a respeito da preocupação com segurança após os problemas do ano passado.
Segundo a Williams, todas as escuderias vão receber segurança adicional em relação a 2017, seguindo protocolo iniciado na prova do México, realizada no final de outubro.
A McLaren afirma ter sido informada pelos dirigentes da categoria a respeito das reuniões com os organizadores da prova. “Além das melhorias [de segurança] que foram providenciadas, a equipe terá suas próprias medidas de segurança, que não podemos revelar por motivos operacionais”, disse a assessoria.
Equipe que teve funcionários assaltados no ano passado, a Mercedes afirma confiar no plano de segurança planejado para o evento desta semana e que está em consultas com as autoridades brasileiras para tomar as melhores medidas possíveis, embora elas não possam ser detalhadas.
A Red Bull admite ter recomendado a seus funcionários ficarem alertas, mas que esse é um pedido padrão. Haas e Renault informaram não poder discutir o assunto publicamente. A Force India pediu que a reportagem entrasse em contato com autoridades da prova para tratar do assunto.
A Sauber se limitou a dizer esperar que tudo corra bem neste ano. As demais escuderias não responderam.
Uma das marcas que tiveram funcionários vítimas de tentativa de assalto no ano passado, a Pirelli não ofereceu nenhuma recomendação adicional para este ano.
Para a prova, a Prefeitura de São Paulo investiu R$ 36 milhões em reformas dentro e fora do autódromo.
Isso aconteceu apesar de o governador eleito do estado e ex-prefeito João Doria ter afirmado que não seria mais usado dinheiro público em obras em Interlagos e que a corrida do ano passado seria a última com o autódromo sob o comando da prefeitura.
Nenhuma das duas promessas se cumpriu. Foram gastos R$ 7,4 milhões em obras dentro do autódromo e R$ 28,5 milhões em infraestrutura.
O projeto de concessão do autódromo está em tramitação na Câmara Municipal e foi aprovado pelos vereadores em primeira votação. É necessário receber parecer favorável em nova sessão antes de ser sancionado pelo prefeito Bruno Covas. Não há previsão para isso, mas a prefeitura espera que aconteça até o final do primeiro semestre de 2019. Leia mais sobre o GP Brasil no caderno especial