Folha de S.Paulo

Senna caiu nos braços da torcida após vitória em 1993

Última vitória do piloto no Brasil, há 25 anos, ficou marca por invasão de pista

- -Marcelo Laguna

Entre as 41 vitórias na carreira do brasileiro Ayrton Senna, apenas duas delas foram obtidas no GP do Brasil. Se a primeira, em 1991, teve contornos dramáticos, em razão dos problemas no câmbio de sua McLaren que quase levaram o piloto à exaustão física, a de 1993 foi marcada pela consagraçã­o de Senna como ídolo esportivo nacional. Já na condição de tricampeão mundial, Senna chegava a Interlagos no final de março de 1993 em condições de inferiorid­ade em relação a seu maior rival, o francês Alain Prost, que estava na Williams. Após ter dominado com facilidade a temporada anterior, que deu à Nigel Mansell seu único título mundial na F-1, a escuderia inglesa já havia começado o campeonato de 1993 com vitória, no GP da África do Sul, enquanto Senna havia ficado em segundo. Para a prova seguinte, em Interlagos, no dia 28 de março, tudo indicava que a supremacia se repetiria. Tanto nos treinos livres quanto na classifica­ção, a Williams de Prost sobrava em relação aos demais concorrent­es. O tempo da pole position do francês (1min15s866) foi quase dois segundos mais rápido do que o de Senna, que ficou em terceiro na qualificaç­ão. Após a largada, ficou claro que aquela não seria uma corrida normal. Logo no S do Senna, um choque envolvendo o americano Michael Andretti, segundo piloto da McLaren, e o austríaco Gerhard Berger, da Ferrari, promoveu um acidente espetacula­r. O carro de Andretti voou, chocando-se na tela de proteção e capotando em seguida. Por sorte, o americano saiu sem ferimentos. Prost disparou na frente e nada indicava que teria sua vitória ameaçada, tendo o companheir­o de equipe Damon Hill na segunda posição. Senna não alcançava os líderes e, para piorar, começou a ser ameaçado por Michael Schumacher, que iria tomar-lhe a posição na 24ª volta, quando o brasileiro precisou cumprir uma punição nos boxes. Pouco tempo depois, uma ajuda dos céus mudou os rumos da prova. As nuvens carregadas se transforma­ram em chuva de forma rápida na altura da volta 29, e Prost, que tinha problemas para correr em pista molhada, não parou a tempo para trocar os pneus. Rodou no S do Senna, batendo no carro do brasileiro Christian Fittipaldi, da Minardi. Após nove voltas sob bandeira amarela, Senna começou o ataque a Damon Hill. A chuva havia parado, mas a pista ainda estava molhada em alguns trechos. O inglês fez um pit-stop na volta 41. Com os pneus ainda frios, não foi capaz de evitar a ultrapassa­gem de Senna na Descida do Lago. A partir daí ele seguiu firme para a vitória, a 37ª de sua carreira até então. O que se viu após a prova foi inédito na história do GP Brasil. Enlouqueci­da com a vitória de Senna, a torcida invadiu a pista na altura da Reta Oposta, bem em frente a um dos setores com preços mais baratos. Um mar de torcedores simplesmen­te parou não só o carro de Senna, mas de todos os demais pilotos que vinham atrás, criando um inédito congestion­amento em plena pista de Interlagos. “Senna não consegue mais sair do lugar, ninguém controla a torcida”, narrava o locutor Galvão Bueno, da TV Globo, durante a transmissã­o. O ponto alto foi quando ele conseguiu deixar sua McLaren e foi carregado pelos torcedores, comemorand­o uma das vitórias mais importante­s de sua carreira, a segunda e última que obteve no país.

 ??  ?? Ormuzd Alves - 28.mar.1993/Folhapress Ayrton Senna tem sua McLaren cercada pelos torcedores após vitória no GP do Brasil de 1993
Ormuzd Alves - 28.mar.1993/Folhapress Ayrton Senna tem sua McLaren cercada pelos torcedores após vitória no GP do Brasil de 1993

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil