Na AL, brasileiros são os mais insatisfeitos com democracia
O Latinobarómetro, pesquisa anual em 18 países latino-americanos, traz o Brasil como último em satisfação com a democracia, com cerca de 10% (gráfico adaptado ao lado).
“A democracia na América Latina está em apuros”, diz a Economist, que publica com exclusividade o levantamento chileno. Na região, a proporção dos “insatisfeitos com a maneira como a democracia funciona saltou de 51% em 2009 para 71%”, agora. E os contentes caíram de 44% para 24%, “o menor nível desde que a pesquisa começou, mais de duas décadas atrás”.
Os latino-americanos “têm muitas razões para reclamar”, avalia a revista, destacando a queda no PIB per capita desde a crise financeira de 2009 e o fato de que “a percepção de que a renda é distribuída com justiça mergulhou de 25% em 2013 para 16%”. Relata que “as preocupações econômicas estão no topo”, que “a criminalidade é a segunda principal queixa” e “corrupção é outra grande reclamação”.
Por fim: “No Brasil, onde a satisfação com a democracia é a menor, a desilusão abriu caminho para que Jair Bolsonaro, ex-paraquedista que exalta a ditadura de 1964-85, conquistasse a presidência.” borrando Sob o título “Borrando os limites entre Justiça e política na América Latina”, a Economist também trata da nomeação de Sergio Moro por Bolsonaro, que “parece confirmar as alegações de que o motivo do juiz para prender [Lula] foi mais político que judicial”. Lembra que a condenação será julgada no Supremo e que, no Peru, “o Tribunal Constitucional libertou Ollanta Humala, outro ex-presidente, do que afirmou ser pri- são arbitrária”. Em suma: “Cobrar contas dos poderosos é passo adiante, mas a Justiça precisa ser vista como justa.”
distração O New York Times deu até editorial sobre o confronto com Trump e o veto ao repórter da CNN na Casa Branca, intitulado “Deixe Jim Acosta fazer seu trabalho”. Mas o Politico avisou que, de novo, “uma briga com a mídia era o que Trump queria, após a vitória dos democratas na Câmara”. Mais até, diante da demissão do secretário de Justiça, tudo indica que a briga “é uma distração para a ameaça crescente da investigação do procurador especial”, que pode derrubar Trump. ‘the dystopia is here’ A distração foi amplificada pelo compartilhamento de um gif do site Infowars pela portavoz de Trump, para justificar o veto a Acosta. O vídeo abriu um dia inteiro de debate sobre “adulteração” de imagem entre os jornalistas americanos, por mídia social e reportagens de NYT, Washington Post, Fox News. No final, o BuzzFeed afirmou: “Não há evidência de que o vídeo tenha sido acelerado deliberadamente. A mudança de formato, para um gif, tornou a questão de saber se o vídeo foi ‘adulterado’ um debate semântico”. Acrescentou que “a distopia chegou: ninguém consegue concordar”.