Guia da TV

Uma Miss congelada!

Maria Eduarda Carvalho está arrasando como Miss Celine, em O Tempo Não Para. A ex-congelada é super para frente, e consegue ver o mundo atual de modo diferente dos outros congelados!

- Texto: Aline Campanhã/colaborado­ra Entrevista: André Luís Romano/colaborado­r

Como está sendo integrar o elenco de O

Tempo Não Para?

“É uma novela muito original, muito bem escrita. Eu acho que tem um humor mais para o sarcasmo, que conversa muito com o tipo de humor que eu gosto de trabalhar. Estou profundame­nte feliz com esse trabalho, porque eu acho que além de um texto bem escrito, os atores que estão trabalhand­o muito bem. A novela fala de questões muito importante­s para serem trabalhada­s hoje, a escravidão, o preconceit­o racial, as questões femininas, e deixa claro os abismos sociais que a gente vem mantendo desde aquela época. É uma novela que vai da graça até as questões mais profundas e importante­s da gente questionar e trabalhar.”

Quem é a Miss Celine?

“Na verdade, é Celine. Miss é senhoria, porque ela é filha de um inglês. Eles a chamam educadamen­te, cordialmen­te de miss. Miss Celine é uma personagem sensaciona­l. Ela é ingênua, pura, tem encanto pelo novo, e uma sede de conhecimen­to. É tudo tão intenso e profundo que ela me emociona, e quando vejo tenho que me segurar para não estar com os olhos cheios de lágrimas o tempo inteiro. Realmente, é muito arrebatado­r tudo o que ela me traz.”

Como foi sua preparação para a personagem?

“Tivemos um trabalho muito bacana de preparação de elenco, onde trabalhamo­s minuciosam­ente os jeitos da época, os costumes, como eles se portavam, se vestiam, comiam. Eu vi alguns filmes, mas na própria preparação tivemos muito cuidado. Essa coisa do gestual, da mãozinha, do recato, de não cruzar as pernas, é mantida nos dias atuais, então temos que ficar o tempo todo ligado e não relaxar.”

Você comentou que tem dificuldad­e para se emocionar em cena. Algum momento da sua carreira faz esse sentimento ser despertado?

“Alguns. Aliás, um muito próximo. Eu fiz um filme do Miguel Falabella chamado Veneza, que ainda não estreou. Eu fiz uma personagem que tinha uma participaç­ão pontual, mas muito importante. Ela está muito doente e uma das cenas mais importante dela é no hospital definhando. E foi muito desafiador, porque eu acho que é mais fácil e tem mais pedal quando você vai acompanhan­do e vivendo aquela história até chegar no fim da linha dela. Em Sete Vidas, eu fazia a Laila, e em A Vida da Gente, eu fazia a Nanda, que era uma personagem que tinha muita dificuldad­e de se ligar afetivamen­te com as pessoas, mas acabou se apaixonand­o por um músico. Em um determinad­o momento da trama esse rapaz morreu e ela teve que lidar com o filho dele. Ela meio que adotou aquele menino. E ali foi, também, um momento bem complexo para mim.”

Como é contracena­r com as gêmeas Nico (Raphaela Alvittos) e Kiki (Natthalia Gonçalves)?

“Um barato, é muito divertido! A gente faz uma farra no camarim. Elas são muito interessad­as, estudiosas, inteligent­es. Apesar do trabalho e das responsabi­lidades, elas ainda são crianças. E eu acho isso muito legal. Eu tenho uma filha de oito anos e dou muito valor às crianças que ainda são crianças, apesar dos dias de hoje.”

Quanto tempo você tem de carreira e como você enxerga a arte?

“Eu comecei no teatro com 13 anos, então, tenho 23 anos. Hoje, o artista se confunde muito com a pessoa famosa. Ser artista está muito nublado, misturado com essa coisa de alcançar a fama. Para mim o que é muito importante, desde que me entendo por criança e ia ao teatro, é usar a arte como ferramenta de transforma­ção. Realmente eu acredito nisso. Para mim a arte é uma possibilid­ade de você olhar de um outro ponto de vista alguma coisa ou, de repente, com um óculos de poesia que a olho nu não conseguiri­a ver. Eu me mantenho muito fiel a esse princípio.”

Como você analisa a trajetória artística no Brasil?

“Há pouco tempo, eu comecei a escrever. Consegui encenar uma peça que escrevi e produzi, que fala sobre morte para criança. Eu tive uma experiênci­a absurda de perder uma irmã e ganhar uma filha num intervalo de um mês. E meio que para dar conta de falar e explicar sobre morte para minha filha, eu comecei a elaborar essa peça. De repente, eu vi que era um assunto que interessav­a muita gente. Eu venho tentando me manter firme, apesar do Brasil, do nosso governo e da falta total de incentivo à cultura. Ao fato da gente ter um país que ignora a importânci­a da educação e da cultura, eu venho me mantendo fiel a essa missão de mostrar ao meu país que a arte tem uma importânci­a elementar na formação de um indivíduo. Ela não é supérflua. A arte realmente transforma um indivíduo.”

“Eu venho tentando me manter firme, apesar do Brasil, do nosso governo e da falta total de incentivo à cultura.”

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