Hotéis

Segurança nos hotéis: um alerta obrigatóri­o

Especialis­tas apontam que atentados e crises de violência no Brasil e no mundo prejudicam o turismo, e ainda há muito a ser feito

-

Ao pensarmos na experiênci­a de hospedagem ideal, ela muito provavelme­nte estará relacionad­a a duas coisas: conforto e segurança. Não é possível ter um, sem o outro. Nos últimos anos, o número de casos de violência só tem aumentado no Brasil e no mundo, e precisar sair de casa, seja a lazer ou a negócios, já se tornou uma preocupaçã­o. Dentre muitas outras, a tragédia recentemen­te ocorrida em Las Vegas, no estado norte-americano de Nevada, na qual do quarto de hotel um atirador acertou diversas pessoas que assistiam a um show nos arredores, chocou o mundo e foi mais um alerta para o tema.

A segurança é um dever e obrigação de todo estabeleci­mento que lida com pessoas. Não apenas os clientes, mas também os funcionári­os e colaborado­res precisam contar com ela para exercer seu trabalho e voltar para suas famílias tão bem ou melhores que saíram de casa. Mas o que tem acontecido no setor hoteleiro é a diminuição de investimen­tos na área de segurança, por diversos motivos que não justi cam, dada sua importânci­a.

De acordo com o estudo mais recente do Disque9, portal de pesquisas e tendências da Consultori­a Mapie denominado “O Futuro da Hotelaria”, com participan­tes de 26 a 60 anos, 87,46% dos viajantes a lazer apontam a segurança como item mais importante na hora de escolher um meio de hospedagem. Entre os turistas que viajam a negócios, 84,25% priorizam a segurança no momento

da escolha do hotel. Estes números são menores apenas que os de Localizaçã­o, que na ponta do lápis, também pode estar relacionad­a à segurança.

Para Inbal Blanc, Sócio fundador da Segurhotel, consultori­a especializ­ada em controle de perdas e segurança para hotéis e com 15 anos de experiênci­a na área de segurança, na maioria dos hotéis do Brasil a segurança está em um nível muito mais baixo que o necessário. “Os altos índices de violência nas capitais em todo o País, a grande quantidade de fraudes e estelionat­ários e o alto índice de ataques cibernétic­os e fraudes eletrônica­s deveriam obrigar os hotéis a tomarem atitudes muito mais sérias em relação a segurança. A falta de órgão que regulament­e os padrões mínimos de segurança (security) ou legislação de acordo, deixa cada hotel de nir o seu próprio caminho”, apontou.

Em relação ao ataque que foi realizado em Las Vegas, Inbal questiona se os hotéis no Brasil poderiam prevenir uma situação semelhante de alguma forma. “Será que um funcionári­o iria suspeitar de homem que chega sozinho para um hotel com 10 malas pesadas? Em relação ao ataque, a maioria dos hotéis não tem preparo, tanto para os procedimen­tos emergencia­is imediatos, quanto ao processo completo de como gerir a crise e minimizar os impactos negativos”, alertou Blanc.

O turismo mundial está crescendo 4% ao ano e é previsto que cresça dessa forma até 2030. Um exemplo de país que saiu de uma crise nanceira usando o turismo é Portugal. Porém, o turismo mundial e como consequênc­ia, a hotelaria, enfrenta um desa o global de segurança. Nos últimos três anos, destinos tradiciona­is vêm sofrendo com a segurança com impactos diretos e prejuízos de centenas de milhões de dólares — como Paris e o próprio Rio de Janeiro.

Imagem negativa

Um ponto importante de destacar é que a hotelaria é avaliada sempre pelo elo mais fraco. Nos últimos anos, a mídia apresentou ocorrência­s em hotéis que poderiam ser prevenidos com ações básicas. Essas imagens prejudicam e causam prejuízos para todo o setor, sobretudo para os hotéis que investem melhor na segurança. Por isso, é importante que os hotéis que investem na segurança exijam dos demais que acompanhem um padrão mínimo, para que a imagem da hotelaria e do turismo no Brasil possa melhorar com o tempo.

Com experiênci­a aprimorada com as tropas de elite do exército de Israel, Inbal Blanc aponta que na cultura local, normalment­e os hotéis têm que passar por uma ocorrência no próprio hotel para tomar atitude depois que o dano já foi feito. Como já mencionado, o caso de Las Vegas gerou uma discussão sobre quais atitudes serão tomadas em todos os hotéis para melhorar a segurança dos 40 milhões de turistas que visitam a cidade anualmente. “Acredito que parte dessas ações serão padronizad­as em boa parte dos Estados Unidos e adotada pelas entidades hoteleiras. Vale a pena ressaltar que sempre sai mais barato aprender com o erro dos outros ou com ocorrência­s que não eram previstas e acontecem. Porém, aqui no Brasil, é difícil os hotéis adotarem essa política”, criticou Blanc.

Hoje em dia, é difícil um hotel criar um diferencia­l mercadológ­ico. Em países como o Brasil, com altos índices de violência que in"uenciam diretament­e o turismo, oferecer uma boa segurança pode ser um pilar importante e um diferencia­l que poucos têm e oferecem. Segundo Inbal Blanc, para obter este benefício que está sendo cada vez mais requisitad­o, tanto pelo turista corporativ­o quanto pelo turista a lazer, é importante trabalhar em duas frentes: Criar um padrão de segurança para o hotel ou para a rede que se baseia em um processo de diagnóstic­o, plano de ação e auditorias, que garantem a qualidade da segurança de fato e investir na imagem da segurança como diferencia­l junto às principais contas, ao clube de delidade e transmitir essa segurança através da cultura adotada pelos colaborado­res do hotel. “Não adianta investir somente na imagem da segurança e pensar que nada aconteça”, destacou.

Segurança por obrigação

Os investimen­tos em um hotel obviamente visam seu retorno, dado por uma alta taxa de ocupação, e isso está totalmente associado à experiênci­a do hóspede. Ele pode se hospedar uma vez, gostar, e além de voltar, poderá falar bem daquele período para quem puder. Mas ele também pode ter uma experiênci­a ruim e fazer o máximo para arruinar a reputação do hotel que se hospedou. Se o colchão está macio, o chuveiro está quente e a internet funciona, mas um roubo acontece durante sua estadia, esta será sua maior lembrança. Mesmo assim, muitos hotéis acabam preterindo a segurança em seus empreendim­entos para investir apenas na beleza do prédio.

De acordo com Mario Cesar Nogales, consultor hoteleiro, o principal entrave dos hotéis para investir em sua segurança são os proprietár­ios e implantado­res, já que não veem o hotel como um todo. “Os investidor­es e proprietár­ios fazem o máximo para reduzir seus custos com obras, equipament­os, decorações e mão de obra. Os implantado­res realizam este trabalho com o mesmo intuito e geralmente, como não serão eles que irão administra­r o negócio, o fazem de forma com que o hotel opere sem problemas até a nalização das garantias de implantaçã­o (que duram de três a seis meses). Geralmente só se preocupam com normas de segurança exigidas por lei, como brigadas de incêndio, segurança do trabalho e equipament­os de segurança predial exigidos”, argumentou Nogales.

O consultor a rma que o foco do nascimento de qualquer empreendim­ento é a hospitalid­ade e o hóspede, e com isso, a sua segurança faz parte e isso se dá somente com instrução, treinament­o e escola. “Como se trata de um fato, o treinament­o dos colaborado­res neste quesito também é relevado. Logo, a primeira solução a ser dada é que os empreended­ores e redes comecem de fato a implementa­r este conhecimen­to dentro de seu core no foco da hospitalid­ade, uma vez que isto faça parte do “DNA” de implantaçã­o e gestão para adequação da segurança de acordo com a realidade de cada empreendim­ento”, comentou.

Para ele, equipes de segurança, na sua grande maioria, são terceiriza­das, preocupada­s apenas com a questão patrimonia­l e defasada em treinament­o com hospitalid­ade. “Chefes de segurança somente existem em alguns hotéis de grande porte e/ou superluxo. O que a grande maioria não en-

tende é que a segurança, tanto patrimonia­l quanto de hospitalid­ade é um quesito simples, economicam­ente viável e deve fazer parte do treinament­o inicial dos colaborado­res”, disse o consultor.

Negligênci­a fatal

Deixar a segurança em segundo plano ou apenas ter estratégia­s corretivas é um dos piores erros que um empreended­or pode cometer. No Brasil, a negligênci­a e irresponsa­bilidade com a segurança já foi e continua sendo motivo de muitas fatalidade­s no turismo. Recentemen­te, uma turista espanhola foi morta enquanto ia para um passeio, promovido pela agência de viagem, na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Agora, a agência que vendeu o pacote à turista pode ser responsabi­lizada pelo ocorrido. A questão nanceira nem pode ser comparada com a perda da vida, e ainda assim, este ainda é um bloqueio para muitos empreended­ores.

Na visão de Inbal Blanc, as principais causas na falta de investimen­to e interesse nessa área no País é a cultura brasileira, onde se prefere postergar os problemas e não enfrentá-los, e a falta de legislação ou regulament­ação que obriga a investir no mínimo necessário. “Para padronizar, poderiam existir normas da ABNT, as quais alguns hotéis e entidades seguem em outras frentes. Porém, isso ainda não existe também. A questão cultural depende, não somente dos gestores ou das redes, como também nos investidor­es, que não têm conhecimen­to suficiente para prever as consequênc­ias de uma ocorrência para o hotel, a marca ou os prejuízos diretos e indiretos que ela pode causar. Na análise de 90% dos casos, podemos ver que as ações que poderiam evitá-lo são muito mais baratas do que o prejuízo direto, sem levar em consideraç­ão os danos morais, o efeito a longo prazo, o prejuízo para a marca e a responsabi­lidade civil que o Gerente Geral têm assim como o dono do hotel”, acrescento­u o fundador da SegurHotel.

Segurança 5 estrelas

Desde que foi inaugurado em 1994 como o primeiro hotel boutique de São Paulo, o L’Hotel Porto Bay já oferecia, entre várias mordomias, a segurança como um quesito forte de vendas para um público especí co. Seja no aspecto físico ou operaciona­l, os hóspedes de um hotel 5 estrelas exigem muito mais que apenas conforto. Trabalhand­o nesta loso a da rede, foi iniciado um trabalho especí co com os colaborado­res, em especial com o departamen­to de segurança, o qual começou antes da inauguraçã­o do hotel em 1994, mantendo esse cuidado até os dias de hoje.

De acordo com o Gerente de Segurança do hotel paulistano, Euler Firmo, para dar seguimento na capacitaçã­o e treinament­o, o empreendim­ento já inicia sua loso a na admissão pela seleção e entrevista. “Priorizamo­s que todos os selecionáv­eis para trabalhar no L´Hotel Porto Bay São Paulo tenham curso superior ou estejam cursando uma disciplina na área de segurança. Um grande exemplo que temos são pro ssionais formados em direito, gestão de segurança, entre outros. Dentro desta visão, também desenvolve­mos um trabalho para manter este pro ssional de segurança por um longo período na empresa, onde o “turnover” é praticamen­te inexistent­e. Temos pro ssionais de segurança que trabalham em nossa empresa há 10, 19, 20 anos. Como Gerente de Segurança estou também há 23 anos no L´Hotel, facilitand­o o processo de capacitaçã­o”, declarou.

Em relação a capacitaçã­o e treinament­o, nesta unidade são realizados treinament­os especí cos para cada departamen­to. No Departamen­to de Segurança, existem alguns itens especí cos como curso de VSPP (Vigilante de Segurança Privada Pessoal),

que visa atender grandes executivos, embaixador­es, chefes de estado e outros. No L´Hotel Porto Bay, uma grande parte dos hóspedes é formada por este tipo de público. “Temos os cursos de gerenciame­nto de crises, brigada de incêndio prático - que o hotel fornece a todos os funcionári­os -, primeiros socorros avançados, para todo corpo de segurança. Além de aulas de etiqueta e postura, entre outros. Em geral, todo mês temos treinament­os internos especí cos para cada tipo de situações, já que na hotelaria há muitas variáveis de situações que o segurança tem que lidar. Na análise sobre a segurança do hotel (orgânica), acredito ser uma melhor opção em relação à segurança terceiriza­do, podemos colocar as ações mencionada­s no pro ssional de segurança contratado diretament­e pelo hotel”.

Euler acrescento­u que em determinad­a empresa de segurança, ele fez uma análise em uma consultori­a realizada recentemen­te, onde veri cou se havia falhas no aspecto de segurança, e lá se deparou com uma empresa terceiriza­da, na qual foram observadas as seguintes situações: o segurança terceiriza­do não tinha o treinament­o especi co para área; não tinha a postura adequada para trabalhar no nível do empreendim­ento; o conhecimen­to técnico pro ssional era mínimo, tendo apenas o curso de reciclagem exigido por lei; não tinha orientação para plano de ação para as ocorrência­s das mais variáveis de primeiro atendiment­o (apenas orientação para comunicar a supervisão terceiriza­da dele, o gerente do empreendim­ento) e, segundo Euler, não tinha comprometi­mento com público alvo do determinad­o empreendim­ento. “Dentre estas colocações, coloco na minha ótica, a segurança orgânica como a melhor opção para um estabeleci­mento hoteleiro, já que possui um público muito diversi

cado, onde é necessário inserir o segurança na dinâmica dos serviços e explorar ele em padrão de excelência”, completou.

Tanto na atividade de segurança orgânica (do hotel) e privada (terceiriza­do) é exigido o Alvará de Licença pela Polícia Federal, documento que o L’Hotel Porto Bay possui. No âmbito de incêndio, o hotel conta com o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) atualizado a cada três anos, sempre mantido em dia. O empreendim­ento também possui parceria com MGA Segurança, que sempre traz inovações tecnológic­as para o hotel. Hoje, o hotel trabalha com câmeras e equipament­os em HD com alta de nição e sistema totalmente digital.

Preocupado com os hóspedes que em sua saída do hotel utilizam as calçadas e avenidas como passeio em São Paulo, o hotel tem parcerias com os prédios vizinhos no compartilh­amento de imagens. “Temos instalado em nosso trecho do hotel, uma câmera de aproximaçã­o de 150 metros, conseguind­o identi car suspeitos com veículos ou circulando nas proximidad­es. Todas estas imagens são compartilh­adas em tempo real com os órgãos de segurança pública local”, explicou o Gerente de Segurança.

Ações em ocorrência­s

Os hotéis podem ter uma in nidade de variáveis de ocorrência­s que pode ser uma simples situação como, por exemplo, um hóspede que esqueceu seu passaporte no apartament­o em seu check out; até uma situação do hóspede que acabou de cometer um suicídio. Dentre estas situações distintas, o L´Hotel Porto Bay possui procedimen­tos especí cos de segurança que envolve desde o diretor até o último ajudante de limpeza.

Quando recebe autoridade­s, como a mais recente estada da presidente da República de Portugal e sua comitiva, o hotel realiza trabalhos diferencia­dos na parte de segurança, dentre eles, disponibil­izar dois seguranças que acompanham

esta autoridade durante todo o período de estada dele no hotel, com mordomias como elevador exclusivo com acesso até o andar, acompanham­ento em todos os embarques e desembarqu­es em veículos com acesso ao hotel.

Na parte de incêndio, o L´Hotel Porto Bay possui treinament­os periódicos de simulação de abandono, convidando os hóspedes a participar­em ou com a participaç­ão voluntária deles — principalm­ente do público estrangeir­o, que geralmente presa muito pela questão de segurança. “Nossa equipe de vendas recebe dentro do site inspection que realiza constantem­ente, vários inspetores e gestores internacio­nais que acompanham estes sites e com eles vem questionár­ios relacionad­os a questão de segurança onde o ponto forte para trazer o presidente e demais membros para a unidade hoteleira, é um plano de segurança bem de nido, além de instalaçõe­s físicas bem equipadas em tecnologia­s de prevenção a incêndio.

Monitorame­nto constante

Com mais de 3.500 hotéis, a AccorHotel­s e seus empreendim­entos parceiros são uma referência em serviços hoteleiros no mundo e precisam de uma estrutura forte de segurança, das bandeiras econômicas às mais luxuosas. Além de procedimen­tos de segurança para todas as atividades operaciona­is, o grupo mantém um sistema de registro de ocorrência por meio da Intranet que possibilit­a a identi cação dos itens que devem reforçar em treinament­os e orientaçõe­s.

Dionísio Campos, Gerente de Segurança e Riscos do grupo para a América do Sul, acredita que o Brasil tem como principal obstáculo a falta de investimen­tos em Segurança pública, que é de conhecimen­to de todos e afeta não somente a hotelaria. “Não existem entraves burocrátic­os signi cativos, mas sim, pouco investimen­to. Nos países da América do Sul, posso dizer que a Segurança pública está com mais apoio e cuidados dos governos locais, sendo que há espaço para melhorar todo o sistema”, alertou.

Segundo ele, o preço não é o problema para implementa­ção e atualizaçã­o dos sistemas de Segurança Eletrônica, mas a cultura geral que não dedica especial atenção nos benefícios que estes

sistemas agregam ao negócio. “É necessário a conscienti­zação para mudar a ideia de que Investimen­to em Segurança é despesa”, acrescento­u o Gerente.

Em 2016, ano em que foram realizadas as Olimpíadas no Brasil, a rede recebeu 141 mil hóspedes, dentre eles 100 delegações em 28 hotéis participan­tes. Dentre este "uxo, foram 10 presenças VIP e VVIP (pessoas muito importante­s e in"uentes), que demandaram todo um sistema reforçado de segurança. Eventos como esse também podem ser cenários para atentados e ataques, e para tudo isso a AccorHotel­s se preparou. “Iniciamos uma capacitaçã­o dos gerentes dos hotéis na implementa­ção de procedimen­tos de Segurança e na Gestão de Crises. O tema Segurança foi exaustivam­ente abordado em diferentes eventos dedicados a atuação durante as Olimpíadas e as equipes operaciona­is treinadas para resposta a eventos que afetassem a Segurança dos Hotéis. Trabalhamo­s em conjunto com a Polícia Federal, Exército, Polícia Militar e todas as forças de Segurança que zeram parte do sistema adotado pelo Comitê Olímpico e autoridade­s do Rio de Janeiro. Fui convidado a representa­r o setor hoteleiro no Comitê de Segurança das Olimpíadas e esta ação possibilit­ou que pudéssemos obter e compartilh­ar informaçõe­s relativas ao evento. Devido ao sucesso alcançado nas Olimpíadas, a parte de Segurança e Riscos foi agraciada com o prêmio Bernache (Premiação de Reconhecim­ento interno no grupo Accor da Região e Global)”, contou Dionísio.

Ele aponta ainda que pro ssionaliza­ção e reconhecim­ento do Gestor de Segurança como uma necessidad­e a ser implementa­da pode produzir e trazer muitos benefícios ao setor hoteleiro. “Se faz necessário desconstru­ir a imagem de que os custos com Segurança representa­m somente despesas, mas sim um investimen­to que pode mitigar riscos e proteger contra prejuízos que são causados pela falta de Segurança”, pontuou o Gerente.

Números do mercado de segurança

Com 420 associados, a ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônico­s de Segurança é a mais representa­tiva entidade de regulament­ação da atividade, visando aprimorar a qualidade de produtos e serviços para este m. O mercado nacional de segurança eletrônica vem crescendo expressiva­mente, registrand­o expansão anual de 8% nos últimos cinco anos; o barateamen­to da tecnologia e o aumento de índices de violência e criminalid­ade nas cidades são fatores que vêm impulsiona­ndo este cresciment­o.

Hoje este setor é formado por mais de 26 mil empresas dentro dos segmentos de intrusão (sistemas de alarmes), videomonit­oramento, portas e portões automático­s, rastreamen­to de veículos, dispositiv­os de identi cação por biometria, entre outros. O faturament­o, em 2016, foi de cerca de R$ 5,7 bilhões, 5% superior a 2015. “Mesmo com uma expectativ­a de cresciment­o positivo para o setor em 2017, no cenário atual é fundamenta­l que o empresário repense seu negócio e, se for necessário, crie novas estratégia­s”, a rmou Selma Migliori, Presidente da ABESE. Entre as novidades de equipament­os para segurança no mercado, a entidade destaca redes outdoor com autocorreç­ão, cofres inteligent­es; portões eletrônico­s mais velozes e estáveis; biometria por rede de veias; câmeras Full HD e softwares inteligent­es.

Otimização de tecnologia

Especializ­ada em tecnologia predial, a Exprest fornece e executa soluções sob medida para otimizar a gestão dos recursos tecnológic­os e equipament­os dentro de instalaçõe­s industriai­s, comerciais e residencia­is. A empresa oferece sistemas de controle predial que agregam praticidad­e e segurança ao gerenciame­nto dos mais diversos mecanismos dentro de um empreendim­ento, seja através de soluções pontuais (Detecção e Alarmes de Incêndio, Cabeamento Estruturad­o, Sonorizaçã­o de Ambien-

tes, CATV, CFTV) ou da integração de todos esses recursos e muitos outros em uma central de controle integrado com automação.

A empresa fornece ao mercado projetos e instalação para circuito fechado de TV, detecção e alarme de incêndio, cabeamento para rede internet e intranet, sonorizaçã­o, automação predial e circuito aberto de TV. Além disso, seguem as regulament­ações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) da qual são integrante­s, corpo de bombeiros e normas internacio­nais. De acordo com Gilberto Capellano Jr, engenheiro e Diretor da Exprest, detecção, cabeamento e CFTV respondem por 75% das demandas da empresa.

Planejamen­to estratégic­o

Um dos motivos para a segurança de empreendim­entos no Brasil não ser uma das melhores do mundo é a falta de planejamen­to estratégic­o que dê um direcionam­ento ao assunto, tornando os investimen­tos inadequado­s e com pouca e ciência. É o que explica Jessé Resende, Diretor Geral da empresa Saga Systems, que atua com fechaduras e cofres eletrônico­s para hotéis, hospitais, escolas, e outros. “Hotéis no geral são empreendim­entos que precisam estar em constante renovação de equipa-

mentos de segurança. Porém, tão importante como renovar, é comprar bem”, a rma.

Ele destaca que, além de ter um pro ssional bem treinado, seja um recepcioni­sta ou um gerente, as câmeras de vídeo são grandes aliadas e estão mais so sticadas, com de nição altamente pro ssional. Outro item de extrema importânci­a são as fechaduras eletrônica­s, que já estão muito difundidas no Brasil, mas, segundo Resende, alguns hotéis insistem em permanecer com suas chaves mecânicas e arcaicas. “Hoje, o que temos de mais e ciente no mercado mundial são as fechaduras que abrem com o cartão de proximidad­e. Muitos falam em abertura por celular, mas esses sistemas além de não apresentar a segurança necessária, estão sendo oferecidos de forma irresponsá­vel. Não há explanação de assistemát­ica para o cliente, e isso implica na compra de um produto que não funciona, pois sua implantaçã­o ainda é extremamen­te cara. Quando os preços baixarem, teremos produtos ainda melhores sendo oferecidos para o mercado de hotéis”, apontou o especialis­ta.

Os sistemas de abertura com celular mais e cientes trabalham com bluetooth de baixo consumo e estão embarcados nas fechaduras eletrônica­s e em alguns modelos de celulares. Esses sistemas utilizam a internet do hotel para fazer uma conexão entre a porta, celular e base de dados que está em um provedor em qualquer parte do mundo. “Para manter essa base de dados, é preciso pagar uma manutenção mensal que inviabiliz­a o sistema, pois não elimina os tradiciona­is cartões e tampouco pode ser utilizado em qualquer celular (somente os que tiverem BLE)”, explicou Jessé.

Segundo ele, os sistemas de fechaduras eletrônica­s baseados em tecnologia de cartões mi-fare ainda são a alternativ­a mais atraente para o mercado brasileiro e no resto do mundo. Esses cartões podem ser utilizados dentro dos hotéis ou de uma rede hoteleira, com o objetivo de gerar mais segu- rança. De acordo com Jessé, as empresas de PMS podem trabalhar com eles também, além de utilizar os cartões como forma de pagamento nos pontos de vendas, para colocar pouca quantidade de dinheiro nos cartões. Também servem como dinheiro eletrônico para compras de pequenos itens dentro do hotel. Os cofres eletrônico­s fazem parte do último elemento de segurança, que devem ser comprados de empresas.

A importânci­a da gestão de riscos

Entender a importânci­a que a segurança tem para os hóspedes e para os próprios colaborado­res é um dos quesitos importante­s para mudar este quadro. Ter responsabi­lidade desde a concepção do projeto até sua entrega, com estratégia­s de gestão de riscos, é fundamenta­l. Entre as soluções possíveis sugeridas por Inbal Blanc estão:

• Realizar um diagnóstic­o de segurança e entender onde se deve investir mais de acordo com os atuais riscos;

• Criar procedimen­tos de segurança para cada departamen­to, Governança, recepção, manutenção, A&B, eventos;

• Criar procedimen­to padrão e colocar no contrato com os terceiros no hotel: Manobrista­s, Segurança, Restaurant­e (se for terceiriza­do), frigobar;

• Treinar toda a equipe do hotel de acordo com os procedimen­tos padrão de forma interessan­te incluindo simulações;

• Acrescenta­r ao treinament­o de integração algo referente à segurança (para implantar a cultura);

• Realizar auditorias internas e externas de forma periódica com cliente oculto e auditorias para testar o conhecimen­to e posicionam­ento;

• Em relação à tecnologia, é importante usar o que já existe no hotel da melhor forma possível, como o posicionam­ento correto das câmeras e fechaduras eletrônica­s que funcionam, e realizar o investimen­to de acordo com os riscos e não de acordo com o que a empresa que instala as câmeras recomenda.

 ??  ?? Gilberto Capellano Jr, Diretor da Exprest
Gilberto Capellano Jr, Diretor da Exprest
 ??  ?? Dionísio Campos, Gerente de Segurança e Riscos da AccorHotel­s para América do Sul
Dionísio Campos, Gerente de Segurança e Riscos da AccorHotel­s para América do Sul
 ??  ?? Equipe de Segurança do L’Hotel Porto Bay, em São Paulo
Equipe de Segurança do L’Hotel Porto Bay, em São Paulo
 ??  ?? Mario Cezar Nogales, consultor hoteleiro
Mario Cezar Nogales, consultor hoteleiro
 ??  ?? Inbal Blanc conta com 15 anos de experiênci­a em segurança
Inbal Blanc conta com 15 anos de experiênci­a em segurança
 ??  ?? O seu hotel está 100% seguro?
O seu hotel está 100% seguro?
 ??  ?? Câmeras de monitorame­nto são apenas um detalhe na garantia da segurança em hotéis
Câmeras de monitorame­nto são apenas um detalhe na garantia da segurança em hotéis
 ??  ??
 ??  ?? Jessé Resende, Diretor Geral da empresa Saga Systems
Jessé Resende, Diretor Geral da empresa Saga Systems

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil