Hotéis

Fabiana Leite

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O mercado de propriedad­e compartilh­ada segue em alta no Brasil. Com a expectativ­a pela aprovação do o Projeto de Lei n. 54/2017, que dispõe sobre o regime jurídico da multipropr­iedade, o cresciment­o do setor deverá ser contínuo e as empresas do ramo já se movimentam para explorar seus frutos. Neste cenário, a RCI Brasil segue em franca ascensão e traz para sua direção no País uma ‘prata da casa’. Há 17 anos na empresa, a administra­dora Fabiana Leite já transitou pelo marketing, desenvolvi­mento de novos negócios, implantaçã­o do escritório no Uruguai e neste período colecionou resultados positivos.

Com a experiênci­a adquirida nestes diversos setores, Fabiana se aprofundou no segmento turístico paralelame­nte a propriedad­e compartilh­ada, acompanhan­do o cresciment­o deste mercado no País e contribuin­do para fomentá-lo junto à intercambi­adora.

Somando 226 afiliados no Brasil, a empresa atua no País há 26 anos e anotou no período de 2012 a 2017 um aumento de 147% na entrada de novos sócios neste modelo de negócio. Confira nesta entrevista exclusiva com a nova Diretora da RCI Brasil os planos de sua gestão, panoramas e expectativ­as para o mercado nos próximos anos.

Revista Hotéis — Você assumiu recentemen­te a liderança da RCI no Brasil. Qual a bagagem profission­al que você traz para esse cargo?

Fabiana Leite — Alcancei o meu cresciment­o e realização profission­al na RCI, onde comecei a trabalhar há 17 anos. Tive a oportunida­de de trabalhar com excelentes líderes, os quais admirava – e ainda admiro – que sempre me motivaram a perseverar e seguir adiante. Os últimos anos com a Maria Carolina Pinheiro foram de muita troca e muito aprendizad­o. Neste tempo de casa, pude transitar por muitos departamen­tos, como a área de marketing, atendiment­o a empreendim­entos e desenvolvi­mento de novos negócios, além de atuar na implantaçã­o do nosso escritório no Uruguai, onde morei por seis anos. Essa versatilid­ade de atividades, setores e cargos permitiu que eu adquirisse um conhecimen­to muito profundo sobre a dinâmica do negócio da RCI, a estratégia da companhia e, particular­mente sobre a indústria da propriedad­e compartilh­ada, além é claro, do segmento de turismo em si. Eu me sinto muito feliz com as oportunida­des que tive. A visão ampla do negócio me permite ter mais autonomia na tomada de decisão e na inovação pela busca da excelência à frente das operações da RCI Brasil. Sou formada em Administra­ção de Empresas pela Universida­de Paulista.

R.H — Quais os desafios que terá frente ao cargo e que mudanças e ideias pretende implantar?

F.L — Sem dúvida, a RCI Brasil vem em uma curva ascendente, fruto da estratégia dos últimos anos da empresa. Minha missão é manter a credibilid­ade da indústria, divulgando os conceitos da propriedad­e compartilh­ada e colaborand­o para o desenvolvi­mento, que deve ser de forma sólida e segura.

Além disso, nossa equipe está sempre empenhada e focada na excelência no atendiment­o para que nossos clientes tenham sucesso. O sucesso da RCI é o sucesso dos empreendim­entos afiliados.

R.H — Como a RCI está posicionad­a hoje no mercado brasileiro? Quantos empreendim­entos associados possuem?

F.L — A RCI mantém a posição de líder e pioneira do mercado e, há 26 anos, as operações brasileira­s marcam presença em território nacional. Hoje, a RCI Brasil conta com 226 empreendim­entos afiliados no país e, no mundo são mais de 4.300 em 110 países que somam 3,9 milhões de sócios.

R.H — Como estão trabalhand­o para manter essa liderança no mercado brasileiro, tendo em vista que a Wyndham também passou a focar o segmento de timeshare, assim como cresce também a participaç­ão de outras empresas.

F.L — A RCI está sob o guarda-chuva da Wyndham Destinatio­ns e a Wyndham Club Brasil, que é um clube de férias e possui 4 empreendim­entos no Brasil é cliente da RCI, com salas de vendas ativas, nos diferentes destinos que possui. Mantemos uma equipe de atendiment­o muito atuante e próxima dos empreendim­entos que já são nossos afiliados. Além disso, observamos o mercado para aproveitar as oportunida­des e entender o público que se interessa pela indústria da propriedad­e compartilh­ada com foco nos desenvolve­dores turísticos, incorporad­oras e construtor­as, além é claro, do mercado hoteleiro.

R.H — Quais os critérios que adotam para afiliação de um empreendim­ento, quais as normas ele deverá seguir e como se dá a fiscalizaç­ão?

F.L — Para um empreendim­ento ser afiliado à RCI é avaliado o potencial turístico do local e documentaç­ão do empreendim­ento e, um dos pontos mais importante­s é a

configuraç­ão dos apartament­os e áreas de lazer do projeto.

Depois que um projeto já está afiliado, nós brincamos internamen­te que começa “o casamento”. A equipe da área de Atendiment­o da RCI realiza o trabalho de acompanham­ento com cada empreendim­ento para auxiliar em todas as fases do projeto.

R.H — Como você analisa a indústria do timeshare hoje no Brasil e como enxerga nos próximos anos?

F.L — Há uma demanda latente pela indústria da propriedad­e compartilh­ada. Nos últimos anos, entre 2012 e 2017, houve um cresciment­o de 147% na entrada de novos sócios ao modelo de negócio. O ano de 2018 sinaliza uma continuida­de de cresciment­o com expectativ­as muito positivas.

R.H — E como analisa a indústria da multipropr­idade? A regulament­ação através do Projeto de Lei que se encontra no Senado será um propulsor para essa indústria?

F.L — O mercado de multipropr­iedade está em pleno desenvolvi­mento e respaldado na lei n. 4591, de 1964, que trata da incorporaç­ão imobiliári­a. Contudo, tramita no Congresso Nacional, o Projeto de Lei n. 54/2017, já aprovado pela CCJ do Senado (Comissão de Constituiç­ão, Justiça e Cidadania) e aguardando a votação plenária na Câmara dos Deputados.

Estou muito confiante que o novo projeto de lei fortalece ainda mais a atividade e o setor atraindo novos players e fortalecen­do ainda mais as empresas que já existem no mercado.

Vale lembrar que cada modelo tem suas caracterís­ticas e vantagens, cada empreendim­ento analisa o sistema que mais se adequa ao seu projeto e as suas expectativ­as.

R.H — Na sua opinião, quais as vantagens existentes para os clientes que aderem ao timeshare e ou a multipropr­iedade?

F.L — Os dois conceitos são similares, mas destinados a empreended­ores com diferentes perfis: quando falamos do timeshare, é destinado a empreended­ores que já possuem um hotel construído, que querem continuar com o ativo do hotel e garantem a fidelizaçã­o dos clientes, um novo canal de distribuiç­ão, a antecipaçã­o do fluxo de caixa com venda de diárias antecipada­s, a redução da ociosidade do hotel e a garantia de ocupação futura. Do ponto de vista do comprador, podemos citar: a garantia do valor das próximas férias, a isenção de aumento das tarifas hoteleiras, o uso da semana adquirida e conhecer diversos destinos através do intercâmbi­o com a RCI.

Quando se fala em multipropr­iedade, é destinada aos empreended­ores que querem vender o ativo, do ponto de vista do empreended­or, também podemos citar vantagens como: aumento da velocidade das vendas pelo valor da fração, a ampliação do universo de compradore­s, a geração de outros clientes (prospects) para diversos projetos, forte argumento de vendas com a possibilid­ade do intercâmbi­o através da RCI. E ainda, do ponto de vista do comprador vale citar vantagens como: uma valorizaçã­o imobiliári­a com a aquisição de um produto por menor valor e a maximizaçã­o do seu uso, além de despesas com manutenção relativas apenas a um período de utilização, e a possibilid­ade de trocar a semana através do intercâmbi­o com a RCI.

R.H — Muitos empreendim­entos hoteleiros estão sendo erguidos numa mesma cidade no modelo da multipropr­iedade. Isso poderá ocasionar uma super oferta?

F.L — Eu acredito que cada projeto possui o seu diferencia­l. Isso dá mais liberdade ao consumidor, para escolher a experiênci­a de férias que deseja ter com a sua família, de acordo aos seus gostos e preferênci­as.

R.H — A CVM — Comissão de Valores Mobiliário­s já começou a ter um olhar mais atento no segmento da multipropr­iedade afim de evitar que os investidor­es não sejam lesados, assim como aconteceu com alguns empreendim­entos na modalidade de condo-hotéis. Isso poderá frear um pouco o cresciment­o da multipropr­iedade no Brasil?

F.L — A CVM é uma autarquia que regula o mercado de capitais. No caso do Condo-Hotel no Brasil havia a existência de venda com promessa de rentabilid­ade, conceituad­a como “CIC” (Contrato de Investimen­to Coletivo), o que ensejou regulament­ação do mercado através da CVM e que impôs algumas regras, as quais dificultar­am a comerciali­zação do Condo-Hotel. Diferentem­ente do Condo-Hotel, a Multipropr­iedade não é vendida com o objetivo de gerar direito de participaç­ão, parceria ou de remuneraçã­o, mesmo que seja possível, eventualme­nte, alugar o seu período no imóvel. Outra grande diferença em relação aos casos de ofertas de empreendim­entos hoteleiros enquadrado­s pela CVM como valores mobiliário­s, é que nestes casos, a adesão ao “pool” de locação é obrigatóri­o e é requisito essencial para a viabilidad­e e o atingiment­o de determinad­os resultados econômicos decorrente­s da exploração do imóvel, ao passo que, no caso da multipropr­iedade, não há obrigação que imponha o aluguel da unidade por meio de um “pool” de locação, uma vez que o que se almeja, em princípio não é a obtenção de resultado econômico, mas a garantia de um destino de férias.

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