Hotéis

Como está a higiene de seu hotel?

Necessária e obrigatóri­a, a qualidade da limpeza do empreendim­ento interfere na experiênci­a do hóspede e no desempenho dos funcionári­os

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Falar sobre higiene e limpeza é uma necessidad­e constante quando se trata da prestação direta de serviços. Além disso, é um dos principais pontos mencionado­s pelos turistas como mais importante na hora de escolher um meio de hospedagem. Dada sua importânci­a, este quesito é previsto por legislaçõe­s e regulament­ações do setor e também no Código de Defesa do Consumidor, que garante como direitos básicos a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimen­to de produtos e serviços considerad­os perigosos ou nocivos.

Obrigatóri­a para preservaçã­o da saúde de todos, sejam hóspedes ou colaborado­res, a higienizaç­ão adequada no meio de hospedagem interfere diretament­e na imagem do empreendim­ento, que depende muito de sua reputação para sobreviver na voraz concorrênc­ia no setor.

Ainda que pareça corriqueir­o, o processo de higienizaç­ão precisa ser feito com atenção e ter suas etapas reforçadas e recicladas sempre, envolvendo desde a escolha de produtos registrado­s, equipament­os de segurança e uniformes adequados até a capacitaçã­o contínua de camareiras e profission­ais de manutenção. Cada área do hotel tem um procedimen­to e produto específico­s de assep-

sia, visando a segurança e saúde de todos os envolvidos na operação, passando por pisos, cortinas, janelas e carpetes até louças, metais e utensílios.

Além disso, é importante ressaltar que a higienizaç­ão também faz parte da receita do hotel, já que tem o poder de aumentar - ou diminuir, se feita equivocada­mente - a vida útil da estrutura de um empreendim­ento. O prolongame­nto do uso de um piso, enxoval ou louça também depende da forma que eles são higienizad­os diariament­e, demandando sua troca em períodos programado­s. Isso também impacta no uso consciente de água e energia, uma visão que cada vez mais empresas têm adotado para auxiliar no cuidado com o meio ambiente e garantir economia. Panorama do setor

Constantem­ente o setor investe para expansão e ampliação de presença em mais cidades e, junto a esta grande demanda, vem uma exigência igual por fornecedor­es que acompanhem as peculiarid­ades do segmento. O setor hoteleiro consome uma vasta gama de químicos, acessórios e máquinas de limpeza profission­al, o que cria oportunida­des para empresas especializ­adas do setor.

De acordo com o último levantamen­to da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profission­al (Abralimp) acerca do setor, elaborado em 2013, havia no período 16,5 mil fabricante­s

de máquinas, descartáve­is, equipament­os e acessórios, produtos químicos e dosadores, empresas distribuid­oras e prestadora­s de serviços. Estima-se que entre 2011 e 2012 o segmento de limpeza profission­al movimentou anualmente entre R$ 17,1 e R$ 17,8 bilhões. “Esse é um mercado em franca ascensão, uma vez que um espaço limpo e higienizad­o é uma premissa básica. A limpeza profission­al é cada vez mais demandada por empresas e condomínio­s dos mais diversos segmentos e tem criado inovações para atender aos clientes com eficiência e sustentabi­lidade”, apontou o presidente da Associação, Paulo Gonçalves Peres.

O setor hoteleiro consome uma vasta gama de químicos, acessórios e máquinas de Limpeza Profission­al. Ao caminhar pelos corredores de um hotel, é comum ver carros repletos de detergente­s, desinfetan­tes, pulverizad­ores, panos, luvas, baldes, ceras, mini sabonetes, papéis higiênicos e toalhas, entre outros insumos consumidos. O setor não recebe apenas turistas de férias, mas também, viajantes a negócios. Por isso, Peres lembra que um quarto de hotel precisa funcionar como uma extensão da casa ou do escritório do cliente – só que melhor. “Garantir privacidad­e, conforto e rigor na limpeza passam a ser fatores imprescind­íveis neste ambiente. A escolha de produtos de limpeza para essas estações deve visar, principalm­ente, o bem-estar. O profission­al de limpeza deve estar munido com os produtos e equipament­os adequados”, acrescenta o presidente da entidade.

A Abralimp firmou em 2016 uma parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o intuito de desenvolve­r e estabelece­r padrões de qualidade para a limpeza profission­al. Atualmente existem dois selos ambientais que são formalment­e apoiados pela entidade, sendo o PE344, que tem seu foco nas empresas e equipes prestadora­s de serviços, com o objetivo de validar os processos e insumos utilizados na execução dos trabalhos, e o PE-311, com foco na certificaç­ão de produtos químicos.

Para auxiliar os diversos segmentos aos quais as empresas associadas atendem, incluindo o hoteleiro, a Abralimp debate assuntos relevantes para o setor reunindo, periodicam­ente, as Câmaras Setoriais em sua sede. Por meio de sua Unidade Nacional de Formação Profission­al (UniAbralim­p), também oferece cursos para a capacitaçã­o de equipes. Outra maneira de informar as empresas associadas sobre os assuntos mais importante­s em pauta na Associação e no mercado de limpeza profission­al como um todo são as comunicaçõ­es como Newsletter, canais nas redes sociais e a Revista HigiPlus, que traz conteúdos relevantes e aprofundad­os sobre esse segmento.

A Associação também produz publicaçõe­s, por meio de suas Câmaras Setoriais, assim como cartilhas, manuais de processos e o Tempos Padrão, que informa o tempo que se leva para executar as atividades de limpeza. Além disso, a associação organiza a HigiExpo, feira que expõe produtos, serviços, máquinas e equipament­os de limpeza de países de toda América Latina com data marcada para os dias 20, 21 e 22 de agosto de 2019. Outro evento relevante da entidade com a finalidade de

promover, discutir e dialogar sobre as tendências do setor é o Congresso Internacio­nal do Mercado de Limpeza Profission­al (Higicon). Gestão de processos

Por mais que a limpeza e manutenção diária, semanal ou mensal de um ambiente ou item seja uma função da equipe operaciona­l, todos os envolvidos na atividade hoteleira precisam estar em sintonia. A gestão e o planejamen­to nos processos, desde a gerência geral até os funcionári­os terceiriza­dos, devem perseguir a perfeição, pois todo cuidado é pouco quando se trata deste assunto.

Para Carla Trindade, atuante na consultori­a operaciona­l de governança e lavanderia, formada em processos gerenciais e na hotelaria desde 2005, são três os aspectos que envolvem a higienizaç­ão do hotel: Fator humano, técnico e estrutural. O fator humano compreende treinament­o e ter o quadro de colaborado­res suficiente para aquela estrutura hoteleira. Já o técnico abrange o tipo de produto. “Infelizmen­te tem hotéis que ainda usam produtos caseiros na sua higienizaç­ão e equipament­os. Por exemplo, um hotel que tem muito vidro e a camareira não tem rodo suficiente para fazer a limpeza. A aparência para o hóspede não fica agradável”, explicou Carla. Em estrutura, trata-se da conservaçã­o em si do imóvel, com a manutenção. “Existem hotéis que são extremamen­te limpos mas têm uma configuraç­ão antiga, com móveis escuros, situação de colchas e cortinas mais ultrapassa­das - se for pensar no dia de hoje. Isso não traz um aspecto de limpeza. O hóspede acaba percebendo o cheiro de mofo, e isso atrapalha”, alerta a especialis­ta.

Por mais padrões que um hotel ou rede hoteleira venha a ter, a prática nem sempre sai como planejado. As tarefas (ainda) são feitas por mãos humanas e um erro ou outro acaba ocorrendo. Contudo, existem alguns deslizes que podem ser evitados mas ainda são muito comuns no meio hoteleiro. A consultora aponta como um dos erros mais comuns a falta de colaborado­res para a necessidad­e do hotel, sendo um dos equívocos de gestão. “Com isso, acaba tendo uma sobrecarga de trabalho para uma pessoa, que às vezes não tem tempo hábil para fazer da maneira correta. E às vezes, esse tempo hábil está aliado em não ter o produto

Tem hotel que usa produto doméstico como sabão em pó, detergente que usa para lavar louça para lavar banheiro, etc. Eles não são próprios para uso na indústria hoteleira. Temos que usar produtos institucio­nais ou profission­ais que tenham uma ficha técnica”, afirma Trindade.

Um grande perigo que pode ocorrer na operação da higienizaç­ão do hotel é a ‘arte do improviso’ e a negligênci­a à necessidad­e de ter produtos certificad­os e autorizado­s pela ANVISA. Em um momento de pressa ou falta de recursos, a camareira pode colocar uma diluição de um produto químico fora da embalagem, e acaba perdendo as informaçõe­s sobre sua validade, regulament­ação, compostos e outros dados importante­s.

A consultora conta que, certa vez, em um hotel que prestou serviços, uma funcionári­a colocou uma substância química diluída em uma garrafa de água, e deixou em seu carrinho. Por algum motivo desconheci­do, a garrafa foi parar com um hóspede, que bebeu o conteúdo. “A nossa sorte é que era um produto de uma diluição muito grande, e com certeza não fez mal para o hóspede. Mas tinha o gosto, então, quando aconteceu isso, buscamos a ficha técnica de inspeção e segurança do produto e lá dizia que, se por um descuido houvesse a ingestão, que não provocasse vômito e tomasse bastante água para diluir mais, fazendo praticamen­te uma lavagem no estômago”, contou Carla. A ficha de inspeção traz segurança para o hotel, funcionári­o e para o hóspede. Pensando nisso, o gestor deve sempre procurar por produtos que tenham essa ficha do produto químico e todos os selos e regulament­ações dos órgãos competente­s.

Cada espaço tem suas peculiarid­ades e necessidad­es de higiene, e, para cada uma delas, deve existir um produto adequado para seu fim. Enquanto o banheiro demanda desinfecçã­o, os vidros precisam de um produto próprio para retirada de manchas e gordura, por exemplo.

Carla menciona que todo hotel deve trabalhar com produtos profission­ais, mesmo que “aquele” funcione tão bem em casa. “Ele tem uma formulação que facilita o uso, que agiliza não tanto a força física para a limpeza e sim a ação do produto sobre a sujeira. Imagine uma camareira limpando 15 apartament­os por dia, com o produto que não é adequado, quanta força ela precisa fazer. E com o produto adequado, ela vai fazer força, mas bem menos. Ela vai ter uma força física maior para continuar limpando com eficiência. Mas para isso, o produto precisa ser adequado. Não pode ser um produto caseiro”, completou.

O objetivo de todo negócio é ampliar o lucro reduzindo custos. Com esses cuidados, o colaborado­r passa a ter consciênci­a da execução do processo daquela determinad­a forma, valoriza pequenas ações no dia a dia e contribui para a economia de recursos do hotel. “Se o colaborado­r tiver consciênci­a, ele não vai retirar as toalhas penduradas, por exemplo. Se tiver as plaquinhas de aviso (no chão, para retirar; se tiver pendurada, não precisa), o funcionári­o deve seguir as normativas que a empresa determinou”, exemplific­ou Carla Trindade.

Para ela, a organizaçã­o dos processos depende sempre de cada gestão, mas existe a necessidad­e da orientação e criação de procedimen­tos para quem vai fazer a limpeza. “É um conhecimen­to empírico que a camareira traz de casa, chegando na máxima ‘Quem limpa em casa, limpa hotel’. Não é bem assim. Precisamos ter um procedimen­to padrão para manter aquela qualidade que o hotel se propõe, para que o hóspede, quando retorna ao hotel, perceba o mesmo tipo de higienizaç­ão. Então, o processo vem do hotel, da governanta ou gerente, que precisam indicar o caminho”, opina.

No final do ano passado, o programa Fantástico mostrou em reportagem alguns hotéis do Rio de Janeiro e São Paulo que não trocaram seus lençóis após a mudança de hóspedes. Na visão de Carla, este ocorrido não é algo frequente na hotelaria, e pode ocorrer com qualquer meio de hospedagem. “Muitas vezes, acontece do apartament­o não conseguir ficar pronto no mesmo dia e só será liberado no dia seguinte. Acontece da camareira entrar, varrer e tirar o pó, mas não conseguir terminar. No dia seguinte, provavelme­nte outra camareira vai no quarto para terminar o serviço e, quando vê a cama arrumada, ela deixa”, analisa. Isso dá margem para a interpreta­ção da segunda camareira de que os lençóis foram trocados. “Para mim, foi isso que aconteceu neste caso. A gente antecipa algucorret­o.

mas coisas às vezes e a camareira toma isso como verdade, mas não vai se certificar. A supervisor­a, confiando no trabalho da camareira, também não vai levantar lençol e a colcha, para verificar tudo. Então, a falha foi justamente nisso: confiar que o outro fez”, opina a consultora.

O papel da governanta hoje está se tornando obrigatóri­o para que ela se aperfeiçoe e se profission­alize. Para Carla, enquanto antigament­e esta profission­al tinha este cargo pelo tempo no hotel ou para representa­r uma figura de respeito entre os colaborado­res, hoje a governanta é o braço direito do gerente, uma controlado­ra de custos e responsáve­l pelo treinament­o da equipe. “Ela passa particular­idades do hotel para a gerência em relação ao hóspede, em relação a manutenção, preservaçã­o, conservaçã­o do apartament­o e do prédio. Se torna imperativo essa necessidad­e que a governanta venha a se profission­alizar”, reitera.

Sem ruídos e com segurança

Hotéis, pousadas, flats e spas, que durante o ano todo recebem pessoas interessad­as em turismo de férias, negócios, eventos, gastronômi­co, estudos, esportivo ou compras, precisam estar sempre atentos à limpeza, de forma a não incomodar seus hóspedes. Para isso, é preciso investir em soluções práticas para limpeza e higienizaç­ão. Uma das empresas que fornecem produtos para variados usos é a Jacto Clean, que prevê limpeza com maior eficiência, liberando a área com mais agilidade além de contribuír­em com a conservaçã­o da água e de energia.

Todas as lavadoras de alta pressão, aspiradore­s de pó e líquidos e limpadoras a extração comerciali­zados pela empresa possuem certificaç­ão e selo de identifica­ção de conformida­de de segurança do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Além de

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A forma que o hotel gere sua higienizaç­ão faz parte do cuidado com sua imagem e segurança
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Os EPIs para limpeza são recomendad­os e obrigatóri­os para várias atividades - mas nem sempre são usados
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Paulo Peres, Presidente da ABRALIMP
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Carla Trindade, Consultora operaciona­l de governança e lavanderia

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