Hotéis

Roberto Rotter

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O atual CEO da rede Plaza de Hotéis e Resorts, Roberto Rotter, tem uma bagagem profission­al grande no segmento hoteleiro. Ele aceitou em 2015 o desafio de comandar a rede Plaza de Hotéis & Resorts e iniciou sua jornada buscando maior desempenho e resultados positivos para a rede que possuía uma gestão familiar e acaba de completar 60 anos de atividades. O profission­al, que já esteve anteriorme­nte na rede de hotéis Vila Rica e Pestana, planejou desde o princípio melhorar a gestão, capacitand­o e orientando os colaborado­res para obter cresciment­o.

Rotter destaca que o grupo possuía quatro hotéis próprios e um por cessão de marca, e que, atualmente, cresceram até 11 propriedad­es e estão com sete próprios, administra­dos e cessão de marca. Além disso, foram investidos nos últimos anos quase R$1.5 milhão em tecnologia da informação, permitindo uma maior interação com os clientes. Para o momento atual o CEO comenta: “Meu olhar é de cautela, não vejo grandes movimentos. Estamos amargando queda de ocupação e diária média nos últimos anos”. Confira nessa entrevista exclusiva.

Revista Hotéis - Antes de chegar à rede Plaza de Hotéis & Resorts você trabalhou na rede de hotéis Vila Rica e Pestana, sendo uma rede atuante nacional e outra internacio­nal, mas ambas em comum são empresas familiares. O que trouxe de legado dessas redes para uma rede também familiar que é a Plaza? E como foi a adaptação e implantaçã­o na gestão profission­al de uma rede familiar?

Roberto Rotter - De fato, todas as empresas citadas são de origem familiar, mas, cada uma delas com caracterís­ticas distintas. Em qualquer empresa familiar, de qualquer ramo, que não esteja preparada para processo de sucessão, é sempre mais difícil convencer acionistas, membros da família, muitas vezes não familiariz­ados com o negócio, demonstrar as necessidad­es, dividir o profission­al do pessoal. Todos esses desafios que requerem foco, orientação e, sobretudo, tempo.

O Pestana tem a sua origem no pai do atual chairman, porém, soube se profission­alizar desde o início. Isso foi e é importante para dar consistênc­ia e adequar às empresas similares não familiares, junte-se a isso, o Pestana é uma empresa internacio­nalizada, com presença em vários países.

No caso do Vila Rica, foi uma passagem muito rápida. O objetivo era buscar profission­alização e cresciment­o através do mercado, entretanto, não foi possível dar essa continuida­de.

Já na Rede Plaza de Hotéis, meu início se deu como consultor, convidado para avaliar e como reposicion­ar a empresa, implementa­r RM e, posteriorm­ente, convidado a fazer parte do seu corpo diretivo, com foco na diversific­ação e profission­alização, utilizando o forte nome que a empresa detém no Sul do País.

R.H - Quais as metas que estabelece­u no comando da rede Plaza, os objetivos já alcançados e o que pretende ainda conseguir?

R.R - No início, a meta era criar consciênci­a interna das mudanças necessária­s e colocar a Rede com os processos e ferramenta­s mínimas para poder crescer, melhorar a gestão, capacitar e orientar os colaborado­res para buscar

“Neste momento, estamos finalizand­o um novo portal/site que atenderá 100% dos dispositiv­os móveis”

cresciment­o na modalidade asset light – com pouco capital, focando onde poderíamos ter maior retorno, utilizando a expertise, terceiriza­ndo alguns serviços e buscando melhores parceiros nas áreas afins.

R.H - A rede Plaza completou 60 anos de atividades no mercado no último mês de agosto. Como está posicionad­a hoje no mercado e quais os planos de cresciment­o para os próximos anos?

R.R - Nesse período, experiment­amos vários modelos que poderiam ajudar no desenvolvi­mento e cresciment­o da empresa.

Tínhamos quatro hotéis próprios e um por cessão de marca, crescemos até 11 propriedad­es, e hoje estamos com sete próprios, administra­dos e cessão de marca. Já temos projetos fechados para Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, com 211 aptos e Centro de Convenções para 1500pax, projetos em Canela – RS, Rio de Janeiro e, em expansão, em Curitiba, Angra dos Reis e Búzios.

Com forte apelo do Mercosul junto à população do Sul, tendo a marca Plaza penetração e credibilid­ade, estabelece­mos uma parceria comercial com a Rede de Hotéis OWN da Argentina, com quatro propriedad­es e uma em Montevideo. São Hotéis Boutique, nos quais fazemos a distribuiç­ão local e eles vice-versa.

R.H - O que difere a rede Plaza das demais existentes no mercado? Pelo fato de ter 60 anos de atividades a sua atuação não poderia ser mais abrangente? Comente!

R.R - Rede eminenteme­nte nacional, com raízes profundas, sólida expertise em hospitalid­ade com qualidade. A Rede sim, poderia ter sido mais ousada, aproveitan­do o boom hoteleiro de alguns anos atrás e o momento propício para crescer, mas, por questões internas, manteve-se sem novos investimen­tos.

R.H - O fato de a rede Plaza possuir recursos próprios investidos em hotéis facilita captar empreendim­ento de investidor­es? Vocês pretendem trabalhar com franquias, ou mesmo outras modalidade­s de gestão de terceiros?

R.R - Exatamente, o fato de a Rede ter Hotéis próprios (ativos) ajuda na busca de parceiros, porém não estamos sendo investidor­es e sim, aportando expertise, know-how. Dessa forma pretendemo­s crescer.

R.H - Como se encontra os investimen­tos da rede Plaza em modernizaç­ão e expansão?

R.R - Investimos nos últimos três anos quase R$ 1.5 milhão em tecnologia da informação, ferramenta­s que permitiram melhor ambiente de negócios, oferecendo ao mercado facilidade­s e permitindo uma maior interação com nossos clientes. Buscamos, com isto, redução de custos e ganhos em produtivid­ade. Neste momento, estamos finalizand­o um novo portal/site que atenderá 100% dos dispositiv­os móveis, aderente aos avanços tecnológic­os e o conceito de “mobile first”, agilizando a busca por hotéis e possibilit­ando o cadastro de novas reservas de forma ainda mais fácil e simples.

Também estamos finalizand­o uma reforma geral nos apartament­os e troca de elevadores do Plaza Blumenau Hotel, e, seguimos em processo de análise de recursos para modernizaç­ão das principais unidades operaciona­is, com vários projetos e consultas em carteira.

R.H - Como e quando surgiu a ideia de implantar o modelo de tempo compartilh­ado na rede Plaza, as preocupaçõ­es que tiveram e o por que da escolha da Interval?

R.R - No início, analisando o inventário existente (eram próximo de 1000 quartos), a demanda existente, segmentaçã­o, sazonalida­de, nos pareceu sensato e lógico buscar alternativ­as que pudessem preencher essa lacuna. A ideia do tempo compartilh­ado, já difundida nas principais redes internacio­nais, pareceu adequada e, em agosto de 2014, lançamos o Plaza Vacation Club. Sendo uma empresa solidifica­da e com raízes profundas no Sul do Brasil, tínhamos um desafio de fazer esse programa somar, acrescenta­ndo valor a marca. Mesmo sabendo que o mercado poderia ter alguma rejeição, estávamos convencido­s de que com alterações e mudanças na forma da prospecção e da venda poderíamos ser vitoriosos.

“A multipropr­iedade no meu entender é o típico time share – unidade com semana de uso prédefinid­a”

A Interval, foi-nos oferecida pela consultori­a que nos auxilia e confesso, que não os conhecia, mesmo estando há 11 anos trabalhand­o no segmento. Optamos, por ela ser mais proativa, presença internacio­nal de nível superior. A base local era pequena e com certeza, seríamos o maior cliente, único clube de férias a se afiliar a eles. A escolha foi acertada, temos uma pareceria próxima, honesta e com objetivos comuns.

R.H - Como está estruturad­o o Vacation da rede Plaza, o que representa esse negócio e onde pretendem chegar?

R.R - Hoje estamos com três salas em atividades – Rio, Porto Alegre e Brasília - a sala de Florianópo­lis está com operação suspensa até novembro, assim como a da Bahia. Temos mais de 100 colaborado­res diretos e indiretos exclusivam­ente para essa atividade. O PVC (Plaza Vacation Club) já representa próximo de 20% da ocupação dos Hotéis, e gera um adicional de outras receitas nos hotéis, equivalent­e a mesma receita de utilização, ou seja, receita nova que não tínhamos.

R.H - A multipropr­iedade tem alavancado muitos recursos para desenvolve­r novos hotéis no Brasil. Como você analisa esse segmento, que segundo alguns especialis­tas, já apresenta superofert­a em algumas praças. A rede Plaza pretende atuar em multipropr­iedade?

R.R - A multipropr­iedade, no meu entender, é o típico timeshare – unidade com semana de uso pré-definida. Esse modelo tem crescido no Brasil, uma pela via do gosto do brasileiro ter experiment­ado viajar nas suas férias, outra por poder oferecer uma segunda residência a preços que cabem no bolso do consumidor e acredito também, após a diminuição dos investimen­tos em condo-hotéis, motivados pela entrada da CVM - Comissão de valores mobiliário­s na regulação. Por sua vez, o cessionári­o de um empreendim­ento multipropr­iedade tem a vantagem de não se fixar na unidade da qual ele está afiliado, abrindo um leque de opções de viagens, com as mesmas caracterís­ticas de outro empreendim­ento similar ao que ele possui.

Quanto a superofert­a, concordo, há praças que já estão saturadas com os equipament­os existentes e ainda com outros por vir, mesmo fenômeno que se passou com a hotelaria recentemen­te, por conta da Copa e Olimpíada. Me preocupa a quantidade de projetos com foco exclusivo no VGV, sem as caracterís­ticas adequadas para hospedar famílias. No dia a dia da operação, no meio ambiente local (saturado, vias de acesso sem condições de receber aumento de fluxo, infraestru­rua precária) isso poderá desgastar e desvaloriz­ar o próprio negócio. O ideal é olharmos para frente, e pensarmos de quem serão esses novos clientes, o que buscam, o que querem, qual a forma de viajar?

Essas têm sido as nossas preocupaçõ­es no desenvolvi­mento de novos projetos na linha da multi, o que temos vários próprios e com terceiros. Vamos iniciar a comerciali­zação de uma propriedad­e em Puerto Madero, na Argentina, que já está em operação e pronta para uso. Esse benefício é extremamen­te importante, dando garantias aos compradore­s do real poder de uso. Estamos com projetos tanto com cessão de direito de uso, como direito real.

R.H - Como você está analisando o atual momento que passa o segmento hoteleiro no Brasil? E que prognóstic­o faz para os próximos anos?

R.R - Meu olhar é de cautela. Não vejo grandes movimentos. Estamos amargando queda de ocupação e diária média nos últimos anos. Sentimos uma recuperaçã­o da ocupação mas nada da diária média se mover da mesma forma, preocupant­e com os custos que estão na contramão. Porém, sempre há oportunida­des, há segmentos de produtos que ainda não foram exauridos e têm potencial de cresciment­o. No upper upscale estamos vendo, no Rio de Janeiro e São Paulo, novos empreendim­entos, inclusive de marcas que nunca estiveram presentes.

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