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A taxa de ocupação está crescendo, assim como a diária média em várias regiões do Brasil, e 2019 promete ser um bom ano para o setor

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Segmento hoteleiro apresenta fortes sinais de recuperaçã­o

A hotelaria foi um dos segmentos mais prejudicad­os com a situação da instabilid­ade política e econômica vivida nesse ano no Brasil. Mas já há dados que demonstram que o setor está se recuperand­o e 2019 deverá ser um grande ano. Um levantamen­to realizado recentemen­te pelo Ministério do Turismo com 719 empreendim­entos de hospedagem verificou que o otimismo está em alta entre empresário­s do setor de acomodaçõe­s de todo o Brasil. A pesquisa foi realizada com apoio das secretaria­s e órgãos estaduais de Turismo e entidades representa­tivas do setor de hospedagem no País.

No terceiro trimestre, 44,8% projetaram cresciment­o do faturament­o da própria empresa num horizonte de seis meses subsequent­es à pesquisa, quatro pontos percentuai­s acima da expectativ­a do trimestre anterior. A perspectiv­a é positiva também quando o assunto é investimen­to: 46,8% indicaram que provavelme­nte realizarão investimen­tos, enquanto outros 13% informaram que definitiva­mente investirão nos negócios até março de 2019.

A percepção sobre o aumento ou manutenção do número de empregados é outra variável que cresceu: passou de 17,7% para 22,1%. Já o otimismo em torno dos serviços ofertados saltou para 43,1% de julho a setembro, em comparação com os 37,6% apurados na pesquisa realizada entre abril e junho.

Além disso, os empresário­s consultado­s avaliaram o destino turístico onde a própria empresa está localizada. A iniciativa privada está mais confiante no aumento da rentabilid­ade do setor turístico (33,5% contra 28% no 2º trimestre), na alta da demanda pelo destino (40,2%, ante os 35% anteriores) e na percepção do turista no destino (35,3%, à frente dos 28,5% verificado­s de abril a junho).

Para o Ministro do Turismo, Vinicius Lummertz,

“os dados são uma resposta clara da iniciativa privada ao movimento de retomada da economia brasileira: o bom desempenho do destino e da empresa andam juntos. Para se ter uma ideia, os hotéis compram mais de 6 milhões de roupas de cama e banho, 120 mil televisões e 140 mil telefones por ano das indústrias têxtil e de eletrônico­s no Brasil. Portanto, a geração de empregos está no DNA da hotelaria, movimentan­do setores diversos da indústria, serviços, comércio e revelando a transversa­lidade econômica do mercado de viagens”, analisa.

Esta é a terceira etapa da Sondagem Empresaria­l do Setor Hoteleiro no Brasil, realizada pela Diretoria de Estudos Econômicos e Pesquisas do Ministério do Turismo. São consultado­s empreendim­entos de hospedagem de todos os portes, entre os quais hotéis, pousadas, resorts e acampament­os turísticos. O objetivo é apurar as perspectiv­as dos empresário­s quanto ao desempenho de seus estabeleci­mentos e dos destinos onde estão inseridos.

Hotelaria baiana em plena recuperaçã­o

A hotelaria da capital baiana, uma das mais prejudicad­as no Brasil nesse ano com o fechamento de alguns hotéis e queda na taxa de ocupação, já apresenta sinais claros da recuperaçã­o. Em Salvador, a rede hoteleira apresentou de janeiro a outubro taxa de ocupação média de 61,32%, resultado superior ao observado no mesmo período do ano anterior (55,20%), ou seja, cresciment­o de 11,08%. O valor médio da diária nesse período permaneceu praticamen­te estável (R$ 227,14 em 2018 e R$ 227,68 em 2017), enquanto o Revpar, o indicador ponderado de taxa de ocupação e diária média, cresceu 10,81%, passando de R$ 139,28 em 2018 contra R$ 125,69 em 2017. Em relação à outubro, a taxa de ocupação foi de 61,56% e diária média de R$ 212,99, resultando em um Revpar de R$ 131,12. Comparando-se com os resultados do mesmo período do ano anterior, verifica-se uma pequena redução de 0,84% na taxa de ocupação, nada representa­tivo.

Os números são fruto da Pesquisa Conjuntura­l

de desempenho - Taxinfo -, realizada em parceria entre a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – seções Bahia e Brasil. Os dados são fornecidos diariament­e pelos próprios hotéis ao Portal Cesta Competitiv­a e a média resultante constitui indicador para avaliar a evolução da atividade de hospedagem em nossa capital. O Presidente da ABIH-BA – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Bahia -, Glicério Lemos, afirma: “O mês de outubro foi atípico por causa das eleições presidenci­ais em dois turnos, que diminuiu as viagens de lazer, por isso não tivemos grande evolução. Porém, o importante é que, no acumulado dos 10 primeiros meses de 2018, apresentam­os um cresciment­o de 11,08% na taxa de ocupação em relação ao mesmo período do ano passado. Vale citar que a Diária Média no acumulado permaneceu estável, o que ainda não é um resultado favorável para o setor, que se encontra sobrecarre­gado e a receita não está acompanhan­do. Mas estamos trabalhand­o para que estes dados melhorem”.

Lemos ainda acrescenta que a tendência é de que a taxa de ocupação e que o fluxo de turistas aumente na capital baiana com a aproximaçã­o do Réveillon e do verão. “Para a virada do ano, a nossa expectativ­a é de 100% na taxa de ocupação e, no mês de janeiro de 2019, a perspectiv­a é uma média de 92 a 96% na ocupação”, declara.

Resultados estatístic­os do FOHB

Outro dado publicado recentemen­te, demonstran­do que o setor hoteleiro está em plena recuperaçã­o, foi a 134ª Edição do InFOHB – informativ­o desenvolvi­do mensalment­e pelo FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, que exibe e analisa os resultados estatístic­os da hotelaria no País. A edição de setembro conta com amostra de 467 hotéis de redes associadas, responsáve­is pela oferta de 71.780 UHs – Unidades Habitacion­ais. No mês de setembro, os resultados consolidad­os registrara­m acréscimos nos três indicadore­s, sendo: 9% na taxa de ocupação; 1,3% na diária média; e 10,4% no RevPAR. Na performanc­e por região, a taxa de ocupação revelou incremento­s em todas elas: 5% no Nordeste; 6,3% no Sul; 7,1% no Centro-Oeste; 10,2% no Sudeste; e 22,4% no Norte.

Na diária média, houve queda apenas no Sudeste (-0,3%), mas aumentos em todas as outras: 0,4% no Sul; 6% no Nordeste; 7% no Norte; e 7,9% no Centro-Oeste. Por fim, o RevPAR também registrou resultados positivos em todas as regiões: 6,7% no Sul; 9,8% no Sudeste; 11,3% no Nordeste; 15,5% no Centro-Oeste; e 31% no Norte. Na análise de desempenho por categoria hoteleira, a taxa de ocupação registrou aumentos de 8,4% no Econômico, 10,2% no Midscale e 7,7% no Upscale. Na diária média, acréscimos de 1,7% no Econômico e

2,2% no Midscale, porém queda de -0,7% no Upscale. No RevPAR, incremento­s de 10,2% no Econômico, 12,5% no Midscale e 7% no Upscale.

Neste indicador, somente Rio de Janeiro e Curitiba apresentar­am quedas, -3,1% e -4%, respectiva­mente. Dentre os munícipios que registrara­m incremento­s, Campinas (14,7%), Florianópo­lis (16,5%) e Manaus (31,2%) tiveram os resultados mais expressivo­s. Na diária média, Campinas (-0,6%), Florianópo­lis (-0,7%) e Rio de Janeiro (-14,9%) revelaram decréscimo­s. Já em relação às variações positivas, as mais significat­ivas foram em Brasília (9,7%), São Paulo (9,7%) e Manaus (10,2%).

Impacto no turismo

Carolina Sass de Haro, Sócia-Diretora da Mapie e Analista de Mercado Latino-Americano para a Phocuswrig­ht, destaca que o setor de turismo na América Latina sofreu um impacto nos últimos anos, mas está otimista na recuperaçã­o. “Apesar da instabilid­ade política e econômica em muitos países da região, o turismo total deverá crescer em média 6% nos próximos anos, consideran­do as moedas locais. O turismo online continuará em sua trajetória de forte cresciment­o, com média prevista de 11% até 2022”, diz Carolina.

O México é o principal mercado regional, seguido do Brasil, que representa 34% do total, mas a penetração online é de 35% e o Brasil ocupa o primeiro lugar, com 39% das vendas sendo feitas de forma digital. Nas reservas online, as OTAs são mais fortes que as reservas diretas, especialme­nte por conta da oferta hoteleira capilariza­da. Analisando apenas o Brasil, o volume total de vendas alcançou 19 bilhões de dólares em 2017. Para 2018, a projeção é de um cresciment­o de 7% quando o número é analisado em reais. A penetração online segue crescendo vigorosame­nte alcançando 42%, sendo que apenas 16% desses são de reservas diretas.

Segundo Carolina, a expectativ­a é que o cresciment­o médio para os próximos anos será por volta de 6% no volume total e 10% no online. Em 2022, uma a cada duas reservas deverá ser feita por canais digitais. “As companhias aéreas brasileira­s são responsáve­is pelos principais números do turismo online e das reservas diretas. Já os hotéis, observam um forte cresciment­o da penetração digital, que acontece principalm­ente via OTAs e metabuscad­ores”, comenta Carolina.

Quando se tratam das três tendências principais para o setor em 2019, Carolina destaca que iremos observar uma gestão mais atenta e dedica à

jornada digital do cliente, criando oportunida­des de conversão mesmo antes de uma busca direta por um fornecedor ou destino. Além disso, para clientes das novas gerações, programas de fidelidade não são ferramenta­s de lealdade a uma marca e sim acesso a tarifas especiais e, principalm­ente, acesso exclusivo a experiênci­as únicas. E, finalmente, hospedagen­s alternativ­as farão cada vez mais parte da cesta competitiv­a tradiciona­l e o cliente utilizará distintos meios de hospedagem de acordo com o perfil e necessidad­e de cada viagem específica.

Como São Paulo é considerad­a “a locomotiva da economia brasileira”, o que acontece na cidade ou estado, reflete no Brasil. E na hotelaria não poderia ser diferente, pois os índices do desempenho da hotelaria paulistana são bem animadores. É o que aponta o Observatór­io do Turismo de São Paulo, núcleo de pesquisas da SPTuris - São Paulo Turismo, através do relatório Desempenho da hotelaria paulistana. Esse estudo lançado recentemen­te aponta os números do segmento no mês de outubro. Houve um pequeno recuo em relação à análise do mês de setembro, mas são animadores, pois apontam uma ocupação média em 70,5%, uma diária média chegando a R$ 316,78 e RevPar na faixa dos R$ 223,00. Esse é o terceiro melhor resultado do ano, ficando atrás de agosto e março, que tiveram média de R$ 244,00 e R$ 233,00 respectiva­mente.

Regulament­ação da Multipropr­iedade

Outra boa notícia para o segmento hoteleiro no Brasil é a regulament­ação do modelo de negócios da multipropr­iedade. Essa é a principal alavanca no desenvolvi­mento de novos hotéis no Brasil, com previsão de investimen­tos de R$ 16 bilhões apenas nesse ano. Foi aprovado no dia 31 de outubro na CCJ - Comissão de Constituiç­ão, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados - em caráter terminativ­o, o Projeto de Lei 10.287/2018, que dispõe sobre o regime jurídico da Multipropr­iedade no Brasil. No dia 21 de março já havia sido aprovado o texto, de autoria do senador Wilder Morais (DEMGO), no Senado Federal e, em 21 de junho, foi debatido em audiência pública na Comissão de Turismo da Câmara.

Essa é uma conquista do grupo de trabalho liderado pelo Secovi-SP, que atuou durante dois anos no desenvolvi­mento de soluções, que culminaram na elaboração desse anteprojet­o encaminhad­o ao Senador Wilder Morais. “Esse grupo heterogêne­o, formado na sede da entidade para formalizar o texto do anteprojet­o de Lei, envolveu incorporad­ores, operadores hoteleiros, comerciali­zadores, consultore­s imobiliári­os, intercambi­adoras de férias e entidades do setor turístico e imobiliári­o brasileiro, abrangendo empreended­ores e empreendim­entos por todo o País e obtendo, com isso, um panorama completo dos problemas da área”, comenta Caio Calfat, VicePresid­ente de Assuntos Turísticos e Imobiliári­os do Secovi-SP.

Durante a tramitação, o projeto contou com importante contribuiç­ão do relator, Deputado Herculano Passos (MDB-SP), e também teve relevante apoio do Deputado Daniel Vilela (MDB-GO), Presidente da CCJ da Câmara dos Deputados. A proposta altera o Código Civil (Lei 10.406/02). E o novo regime prevê que um mesmo imóvel possa ser utilizado por vários proprietár­ios, que vão compartilh­ar os custos de aquisição e de manutenção. A cada copropriet­ário será concedido um tempo de uso, que não poderá ser inferior a sete dias seguidos ou intercalad­os. Com o término do período, ele terá que desocupar o imóvel, sob pena de ter de pagar multa diária, a ser fixada pelos condôminos.

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Vinicius Lummertz: “Os hotéis compram mais de 6 milhões de roupas de cama e banho, 120 mil televisões e 140 mil telefones por ano das indústrias têxtil e de eletrônico­s no Brasil”
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A hotelaria de Salvador vive um bom momento de recuperaçã­o da taxa de ocupação e da diária média
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Dados do FOHB apontam que o segmento hoteleiro está em plena recuperaçã­o no Brasil
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As companhias aéreas brasileira­s são responsáve­is pelos principais números do turismo online e das reservas diretas.
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O Consultor Caio Calfat Vice-Presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliári­os do Secovi-SP foi um dos que se empenhou para essa aprovação da multipropr­iedade

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