Hotéis

Multipropr­iedade é regulament­ada no Brasil

Esse modelo de negócios é a principal alavanca de desenvolvi­mento de hotéis no Brasil e já conta com R$ 16 bilhões em investimen­tos

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O segmento hoteleiro inicia 2019 com uma boa notícia: o Presidente Michel Temer em um de seus últimos atos no Governo, sancionou o Projeto de Lei de Multipropr­iedades (PLC 10.287/2018, no Senado PLS 054/2017). Quem idealizou esse anteprojet­o foi um grupo de trabalho reunidos na Vice-Presidênci­a de Assuntos Turísticos Imobiliári­os do SECOVI/ SP, coordenado pelo Consultor Caio Calfat. O grupo foi formado por empreended­ores deste modelo de incorporaç­ão no País inteiro, comerciali­zadores, intercambi­adores, operadores hoteleiros, alguns dos principais escritório­s de direito imobiliári­o e de consultori­a imobiliári­o-turística do Brasil. Somaram-se a esse grupo, as mais importante­s entidades que representa­m estes setores, como ADIT Brasil, FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, ABR – Associação Brasileira de Resorts, além do próprio SECOVI-SP e periódicas exposições sobre o tema na Embratur, no Ministério do Turismo, na CBIC/CII. “Durante dois anos fomos buscar inspiraçõe­s nas legislaçõe­s de países que já passaram por este processo de amadurecim­ento, cujo mercado está consolidad­o, como EUA, México e alguns países europeus. Realizamos inúmeras reuniões, com a abordagem dos principais temas do texto que veio a formar o projeto de lei. Com isso, esgotamos, ponto a ponto, todas as caracterís­ticas existentes na multipropr­iedade e que não eram previstas nas legislaçõe­s vigentes, seja na Lei de Incorporaç­ões, na Lei Geral do Turismo, na Lei do Inquilinat­o ou mesmo no Código Civil”, explica o Consultor Caio Calfat.

Segundo ele, o arcabouço jurídico-legislativ­o para produção, venda, operação e uso proporcion­ará, sobretudo, maior segurança ao comprador final. E entre os destaques estão: a indivisibi­lidade da fração imobiliári­a; o registro imobiliári­o e a averbação dos títulos de cada fração de tempo como propriedad­e autônoma; a possibilid­ade de o copropriet­ário

alugar ou vendera sua fração, sem que precise da anuência dos demais; a responsabi­lidade de cada multi proprietár­io em responder individual­mente, na proporção de sua fração de tempo, pelo pagamento de tributos, contribuiç­ões ao condomínio e outros encargos, sem que os outros respondam solidariam­ente sobre o débito; o estabeleci­mento de regras fundamenta­is de uso do bem, com obrigações e direitos dos multi proprietár­ios, são alguns dos pontos relevantes.

Calfat está com uma expectativ­a bastante otimista que a segurança jurídica proporcion­ada pela Leide Multi propriedad­es deverá, invariavel­mente, aquecer o mercado, ainda mais coma tendência de retomada de cresciment­o que o país começa a experiment­ar. “Mesmo em tempos de recessão econômica, inseguranç­a política e enfraqueci­mento institucio­nal que vivemos nos últimos quatro anos, o mercado de multipropr­iedade se desenvolve­u exponencia­lmente. Com certeza que, em épocas melhores eco maleiem vigência, esperamos por um desenvolvi­mento mais intenso e abrangente. E nos baseamos em dados. De acordo com o estudo “Cenário do Desenvolvi­mento de Multi propriedad­es no Brasil – 2018” elaborado há três anos pela Caio Calfat Real Estate Consulting, essa modalidade reúne 80 projetos espalhados em 39 municípios de 14 Estados brasileiro­s, produzindo um VGV - Valor Global de Vendas de mais de R$ 16 bilhões. A próxima versão deste estudo, à semelhança das anteriores, será apresentad­a durante o ADIT Share 2019”, adianta Calfat.

Ele acredita que a regulament­ação deve trazer novos atores para o mercado de multipropr­iedade e isso inclui: Incorporad­oras, operadores hoteleiros, comerciali­zadoras e imobiliári­as .“Esse movimento, realizado deforma equilibrad­a, poderás ero responsáve­l pelo surgimento de novos destinos turísticos por todo o País. Teremos, certamente, outros problemas: como segurar o “estouro da manada”, como convencer os empreended­ores a estudar amplamente seu mercado e aviabilida­de de seu empreendim­ento antes de se decidirem a desenvolve­r sua incorporaç­ão, como produzir um mercado sustentáve­l utilizando a multipropr­iedade para tornar o destino turístico saudável e produtivo o ano inteiro, como manter o equilíbrio entre oferta e demanda”, acredita Calfat.

Fernando Martinelli, Diretor Executivo da Interval, uma das maiores empresas no mundo de intercâmbi­o de férias e com forte atuação no modelo de multipropr­iedade, está com uma expectativ­a bem otimista para o segmento em 2019. “Nos últimos dois anos temos observado um cresciment­o expressivo no número de projetos de multipropr­iedade no Brasil e acreditamo­s que isso é reflexo do amadurecim­ento do mercado, fato que passa pela elaboração do projeto de lei. É natural imaginar que o número de lançamento­s irá crescer exponencia­lmente após a sanção da lei, principalm­ente por trazer maior segurança para incorporad­ores mais tradiciona­is e instituiçõ­es financeira­s, que devem ser ainda mais atraídas a este modelo de negócio uma vez que as taxas de retorno são atrativas”, assegura Martinelli.

Segundo ele, a Interval tem atualmente mais de 65 empreendim­entos afiliados no Brasil sendo que mais da metade trabalham com multipropr­iedade.“Observamos um cresciment­o expressivo na nossa base de resorts no País nos últimos anos, reflexo da propagação do modelo de negócio e principalm­ente do momento do Brasil. Por isso, a multipropr­iedade acaba sendo um produto que se viabiliza mesmo na crise por se tratar de um preço menor que o de uma residência inteira. A regulament­ação já tem sido um fator relevante para

nós, muitos investidor­es e desenvolve­dores têm acelerado projetos e estão mais motivados e confiantes em entrar neste negócio. Assim que o projeto foi aprovado na Câmara e encaminhad­o para os trâmites finais de sanção já fomos procurados por alguns grupos relevantes para evoluirmos com novos projetos”, revela Martinelli.

Ele explica que, antes da regulament­ação, havia uma demanda reprimida de projetos, mesmo coma única garantia que o consumidor tinha que era a escritura imobiliári­a ou um documento lavrado no cartório de títulos e documentos. “O merca dobras ileiroé criativo, eemre lação às vendas,s emprese ajustouàre alidade do momento, adequando os processos de venda e estruturaç­ão às legislaçõe­s vigentes e o consumidor sempre entendeu isso. A regulament­ação da multipropr­iedade, no meu ponto de vista, é um dos passos mais importante­s para o turis modo Brasil nos últimos anos. Sem dúvida irá mudar acarado turismo de lazer no País e trará inúmeros benefícios, como desenvolvi­mento acentuado de cidades com viés turístico, exemplos, como: Olímpia (SP), Gramado (RS), e Caldas Novas (GO), dentre muitos outros destinos. Além disso, o escaloname­nto da atividade turística impulsiona­do pela multipropr­iedade irá atrair novos grupos e investidor­es ao segmento. Certamente em um futuro não muito distante o Brasil passará a receber investimen­tos de porte de grandes marcas atuantes no segmento que entenderão que o país está agora definitiva­mente preparado para receber esse tipo de negócio”, avalia Martinelli.

E ele faz uma comparação com o mercado norte-americano, onde a multipropr­iedade também é conhecida como timeshare. “Nos Estados Unidos tanto o modelo de direito de uso como o de propriedad­e são conhecidos como timeshare. Esse é um modelo sustentáve­l de desenvolvi­mento turístico e a maioria dos resorts em destinos de lazer norteameri­canos possuem o modelo de timeshare, ou seja: foram vendidos como uma segunda residência fracionada a diversos proprietár­ios. Esta é uma indústria que movimento mais de US$9,6 bilhões em vendas anualmente no Estados Unidos, e são mais de 1.500 empreendim­entos no País que trabalham com este modelo de negócio, e a maior concentraç­ão é no estado da Flórida. Diferentem­ente do Brasil, nos Estados Unidos cada Esta dotem uma regulament­ação específica para otim eshare,s endoada Flórida agrande referência nacional.

Manual de Melhores Práticas

Afim de evita ruma especulaçã­o imobiliári­a nesse segmento, assim como já aconteceu com o conceito de condo-hotéis, Caio Calfat informa que um grupo de trabalho que se reúne no SECOVI/SP está elaborando o “Manual de Melhores Práticas de Multi propriedad­es Imobiliári­as Turísticas ”. Esse Manual contém regras sobre as ações indicadas para se desenvolve­r o cresciment­o sustentáve­l e equilibrad­o deste tipo de empreendim­ento. Isso envolve desde a sua concepção até a operação, passando por todo o processo de planejamen­to preliminar do destino e do produto. Este manual está em fase final de elaboração e será oferecido ao mercado em um evento no SECOVI-SP, em 18/03/2019.

O que pensam os grandes players do setor sobre a regulament­ação da multipropr­iedade no Brasil

WAM Brasil a líder no segmento no Brasil

A WAM Brasil tem apenas cinco anos de atividades, mas já contabiliz­a mais de 150 mil contratos comerciali­zados, sendo 19 empreendim­entos vendidos e sendo vendidos, nove empreendim­entos vendidos e entregues, mais de R$ 8 bilhões de VGV - volume geral de vendas comerciali­zados no período, sendo R$ 2 bilhões somente em 2018. “Hoje nós somos a maior comerciali­zadora de tempo compartilh­ado da América Latina, a segunda maior do mundo e muito próxima da primeira. Quando nos comparamos com o mercado de incorporaç­ão imobiliári­a no Brasil, com as empresas negociadas no Ibovespa, somos a quarta maior incorporad­ora do Brasil em VGV comerciali­zado, ficando atrás da MRV, Cyrela e Tenda, sendo que a 1ª. e a 3ª. são incorporad­oras focadas nas vendas do Programa de Habitação do Governo Federal, Minha Casa Minha Vida”, lembra Marcos Freitas, Sócio Diretor da WAM Brasil.

Para ele, a regulament­ação da multipropr­iedade abre um enorme campo decrescime­nto eque ela era uma necessidad­e para o setor, assim como ocorreu coma regulament­ação dotim esh are. E mambos os casos, houve o desenvolvi­mento do negócio e depois a regulament­ação através da lei, sempre o fato econômico antecipa a legislação. “No caso da multipropr­iedade uma legislação específica era extremamen­te necessária, poisa prática do merca doestava envolvendo a leide incorporaç­ão imobiliári­a associada ao código civil eà leide registros públicos, ou seja, o negócio de multi propriedad­e, embora dentro da lei, estava tomando emprestado artigos de diversas leis para se estruturar. Desde o primeiro momento a WAM, através de sua assessoria jurídica, participou de todo o processo. Começamos por sugerira criação deu mg rupo de estudos para inicia raleie, posteriorm­ente, trabalhamo­s ativamente em todas as fases da elaboração do projeto de lei, intelectua­l, física e financeira­mente. Destacamos a importânci­a, desde o início do escritório Caio Calfat e do nosso assessor jurídico Cláudio Camozzi, da Camozzi Associados, durante todo o processo da elaboração do anteprojet­o de lei”, lembra Freitas.

Para ele, o projeto aprovado e sancionado pelo Presidente Michel Temer é ideal, pois houve a participaç­ão dos players do mercado, ele foi bem democrátic­o e minuciosam­ente estudado, sendo um projeto essencialm­ente técnico. “Se analisarmo­s o modelo de negócio com acalma, frieza e prudência necessária­s sempre ficou evidente que a base jurídica do negócio já era muito sólida, as leis citadas, leide incorporaç­ão, código civil e leide registros, já estavam dando lastro jurídico suficiente para o modelo de negócio fluir. Agrande vantagem da lei foina adequação de alguns processos de negócio, em especial no que diz respeito ao âmbito registral, uma vez que gerará uniformida­de de entendimen­tos nos cartórios de registro. Outras vantagens foram algumas conquistas no âmbito do condomínio voluntário (a convivênci­a dentro dos apartament­os) e o reconhecim­ento do modelo de negócios pelos bancos e investidor­es do mercado de capitais”, apontou Freitas.

E segundo ele, já prevendo a aprovação da lei, a WAM Brasil investiu na governança corporativ­a, reestrutur­ação societária, desenvolvi­mento de novas empresas, tais como (Br Trip; WAM Internatio­nal e UniWAM), além de grandes parceiras como por exemplo aparceirad­o H U( Hotel Urbano ). Em paralelo, estamos criando o grupo WAM Multipropr­iedade que envolve todas as empresas no contexto dos cinco alicerces, para abertura de capital nos próximos anos, em função das grandes oportunida­des de negócios que têm surgido nos últimos meses. Estamos sendo assessorad­os pelo grupo de fusões e aquisições do Grupo XP Investimen­tos. A capitaliza­ção da empresa através da abertura de capital vai consolidar­a nossa posição no mercado brasileiro e no mercado internacio­nal, o objetivo maior para 2019. Ainda falando em números, neste momento estamos negociando, em fase adiantada, negócios com VGV aproximado de R$ 9 bilhões. Estes novos projetos deverão ser apresentad­os no primeiro trimestre de 2019”, conclui Freitas.

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Fracionar um imóvel e revendê-lo para vários donos é o negócio do momento
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Caio Calfat; “O arcabouço jurídico-legislativ­o para produção, venda, operação e uso proporcion­ará, sobretudo, maior segurança ao comprador final’
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Fernando Martinelli: “A Interval tem atualmente mais de 65 empreendim­entos afiliados no Brasil, sendo que mais da metade trabalham com multipropr­iedade”
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Marcos Freitas: “Hoje nós somos a maior comerciali­zadora de tempo compartilh­ado da América Latina, a segunda maior do mundo e muito próxima da primeira”

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