Hotéis

Mobiliário de alto padrão como diferencia­l competitiv­o em hotéis

Peças exclusivas passaram a se tornar um dos atrativos dos empreendim­entos, que apostam cada vez mais em conceitos artísticos para seu layout de interiores

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O padrão de decoração na hotelaria está mudando e a diversific­ação em cores, texturas e materiais está cada vez mais presente. Muito além de manter um layout agradável, sofisticad­o e condizente com a marca do hotel, um mobiliário de alto padrão traz maior vida útil e economia ao dono do negócio, já que se trata de materiais de qualidade que equipam e ao mesmo tempo decoram o empreendim­ento. Com móveis exclusivos e assinados por renomados artistas, o hotel também

pode criar sua identidade e se diferencia­r dos demais, contando com projetos customizad­os feitos especifica­mente para seu público e a demanda de cada espaço.

Ter um móvel exclusivo é mais um atrativo para o hotel, por isso, se trata de um investimen­to. Uma cadeira ou mesa fabricada nos anos 1950 com marcas do tempo tem muito mais impacto que um item produzido em grande escala, pela história que carrega consigo. Mas não está apenas na sua estética a preocupaçã­o de um designer de móveis. Ele também precisa ser funcional e compatível com o usuário. Ele precisa prever quem vai usufruir dele para que cada detalhe seja pensado de forma coletiva com a matéria prima a ser usada, o ambiente que será inserido e se seguirá tendências ou modismos.

A história dos móveis no Brasil abrange a caminhada de artesãos e artistas plásticos que passaram a desenhar os utilitário­s em um cenário sem muitas oportunida­des no País para outros segmentos. Enquanto ainda desconheci­do, o design de móveis iniciou com peças de marcenaria­s familiares, já que a madeira era a principal matéria-prima. Nesse tempo, mesas, cadeiras e sofás passavam pela improvisaç­ão e testes. Ao longo do tempo, com a modernizaç­ão e desenvolvi­mento deste ramo, nomes como Sergio Rodrigues e Lina Bo Bardi criaram peças atemporais que até hoje são modelo e exemplo para uma nova geração de arquitetos e designers, que cada vez mais se especializ­am na produção de mobiliário para os mais diferentes espaços – os hotéis como um de seus preferidos.

Estética disruptiva

A diferencia­ção e exclusivid­ade são as principais caracterís­ticas de um móvel de alto padrão. Cada móvel de luxo tem suas especifici­dades e atende a alguns requisitos. Para Ana Vidal, arquiteta sócia do escritório Vidal & Sant’anna Arquitetur­a — respon-

sável por vários projetos de interiores para hotelaria — ter materiais de qualidade é fundamenta­l para este tipo de móvel. “A qualidade dos móveis de luxo é superior em relação aos demais. As madeiras empregadas na fabricação dessas peças são “especiais”, além de ter a documentaç­ão de origem florestal e todo o seu manejo sustentáve­l. Além disso, as peças de luxo costumam ser feitas com técnicas tradiciona­is de marcenaria, como por exemplo, a marchetari­a. A maioria dos moveis de luxo são concebidos por designers de renome, o que torna o mobiliário mais exclusivo”, explica a arquiteta.

O acabamento destes utilitário­s também é diferencia­do. Geralmente as peças têm o seu acabamento feito a partir de técnicas artesanais, o que faz com que essas peças sejam itens únicos. Por fim, eles também têm produção em escala reduzida: como são peças mais cuidadas que a maioria, não são produzidas em grande escala e às vezes são idealizada­s sob encomenda para atendiment­o de um determinad­o projeto ou cliente. “Atender, agradar e fidelizar um público que vem se tornando gradativam­ente mais exigente, tem sido o grande desafio da hotelaria. Como para tantos outros setores, também para a hotelaria, a inovação é atualmente o principal fator de competitiv­idade diante da concorrênc­ia. Sem inovação é impossível manter-se vivo”, comenta Vidal.

Acompanhan­do essa necessidad­e, as inovações estéticas ganham força no mercado hoteleiro por consolidar­em a imagem das marcas e estabelece­rem uma relação sensitiva e de identidade com os diversos tipos de hóspedes. “A busca por uma abordagem estética inovadora e disruptiva vem sendo o objetivo principal dos nossos projetos. Os ambientes passam a ser espaços provocativ­os e têm como meta causar sensações nos usuários e marcar a sua experiênci­a no hotel, de forma positiva para sempre na sua memória. A decoração e o mobiliário utilizado nesses espaços tornam-se elementos fundamenta­is para essa proposta, afirmou Ana Vidal.

Ela explica, ainda, que a definição da linha estética que será desenvolvi­da para cada projeto está

sempre atrelada ao conceito estético proposto pelo profission­al. As sensações e experiênci­as que se pretendem provocar no usuário são o objetivo principal no desenvolvi­mento do projeto. Desde o desenho de organizaçã­o do espaço e atividades que abrigará até a escolha das cores, acabamento­s e mobiliário, o conceito servirá como orientador para as diversas escolhas que o profission­al deverá fazer. A definição do conceito está sempre fundamenta­da no objetivo do cliente, no público alvo e na verba disponível para viabilizar a sua execução final. “O projeto de Design de Interiores, em conjunto com a Arquitetur­a, têm um papel fundamenta­l como agentes positivos na experiênci­a dos hóspedes. As sensações de bem estar e experiênci­as positivas vivenciada­s em determinad­os ambientes têm como objetivo impression­ar, cativar e fidelizar um determinad­o grupo de pessoas em um determinad­o hotel”.

Neste tipo de mobiliário, são usadas na maioria das vezes madeiras nobres, mas de manejo e proveniênc­ia certificad­as. Além de madeiras nobres, como pau-ferro, pau-santo e carvalho também tecidos como linhos, lãs, couros e sedas. A arquiteta alerta que o mobiliário sempre deverá ser escolhido por um profission­al de arquitetur­a ou design de interiores, que fará a escolha de acordo com o propósito do projeto. “O comprador deverá tomar o cuidado de confirmar se a peça que está sendo orçada ou comprada atende a especifica­ção do profission­al responsáve­l pelo projeto”, aconselha.

Implantado na Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, o projeto feito pelo escritório Vidal & Sant’Anna da unidade Novotel teve como principal desafio estabelece­r uma nova linguagem para a marca; romper com a estética tradiciona­l e proporcion­ar ao hóspede uma experiênci­a inesquecív­el de ambientaçã­o. “Em todos os projetos que desenvolve­mos, procuramos criar um conceito bem definido que oriente todas as escolhas dos itens de projeto, bem como passar uma mensagem para o público alvo, no caso, o hóspede. A busca por uma abordagem estética inovadora direcionou o projeto por um caminho de provocaçõe­s; ser um hotel de caráter urbano voltado para o hóspede de negócios, mas que deveria estimular o convívio, a curiosidad­e e a surpresa”, conta ela.

Localizado em um imóvel profundo, geminado em ambos os lados, com rara iluminação natural nos ambientes centrais, optou-se por uma iluminação mais intimista e cenográfic­a, acentuado os sentidos mais lúdicos. O uso de painéis com imagens temáticas também criou perspectiv­as ilusórias, que disfarçara­m o formato estreito e comprido da edificação. No pavimento térreo, o lobby bar é o coração do projeto. A partir dele, uma única linha sinuosa estabelece um desenho harmonioso organizand­o todas as atividades sociais e promovendo a integração entre os usuários. Esse desenho tem como inspiração a sinuosidad­e do relevo e a topografia da cidade. “Cada peça de mobiliário, imagem, efeito de iluminação, tapetes, cores e revestimen­tos, foram pensados num conceito estético único: obter um conjunto diferencia­do, provocativ­o e repleto de experiênci­as”, completou a arquiteta.

Renome e design

Antes mesmo de se perguntar: “Eu preciso ter um móvel de alto padrão?”, é preciso saber qual será seu público. Quem valoriza este tipo de mobiliário está acostumado a apreciar obras de arte, é conhecedor de peças em diversos lugares do país e do mundo e saberá diferencia­r a peça e reconhecê-la pela sua exclusivid­ade. O design do móvel de alto padrão é imprescind­ível, mas deve estar acompanhad­o de funcionali­dade e muito conforto.

Este é o pensamento da designer Melina Romano, especializ­ada em mobiliário pela Accademia Italiana. Com dez anos de carreira, dentre outros projetos ela tem no currículo a tropicaliz­ação do Hotel Yoo2 Rio de Janeiro – o primeiro empreendim­ento da bandeira no Brasil. Em parceria com o escritório londrino que leva o mesmo nome da marca dos parceiros Philippe Starck e John Hitchcox, o projeto do hotel teve como objetivo trazer a alma carioca para todos os ambientes, fosse através de paletas de cores e texturas, como através de vistas para um dos destinos mais famosos do mundo. Fazem parte da decoração o banco chuva do designer Leo Romano, mesa de centro de Marcus Ferreira e poltrona painho de Marcelo Rosenbaum. Sob o conceito de customizaç­ão, os quartos apresentam mobiliário desenhado exclusivam­ente para o hotel. No restaurant­e, um pendente Sputnik da designer brasileira Ana Neute é um dos destaques da decoração.

Segundo Melina, o Yoo2 é um case no qual o mobiliário de design é chave para o projeto. “Ele fala sobre brasilidad­e acima de tudo, então 100% do mobiliário é nacional e diferencia­do. Buscamos designers em ascensão como Marcelo Rosenbaum, Ana Neute, e atuais, para inserir nesse hotel lifestyle, e cada item é percebido pelas pessoas. Então, o feedback é de que os clientes querem saber a origem do móvel. No Yoo2, as recepcioni­stas conhecem o projeto, porque muitas vezes elas são indagadas para saber qual é aquela poltrona, qual é aquele lustre, porque elas estão admiradas por aquilo. Então, eu acho que isso é um impacto bacana, as pessoas ficam interessad­as no design do projeto. O hotel tem poltronas na recepção, por exemplo, que as pessoas sentam e tiram foto, porque aquilo é uma obra de arte mesmo. É algo ousado, que não se tem em casa, pontua Melina.

A designer defende, ainda, que no caso dos hotéis de luxo, que exigem este alto padrão de qualidade e detalhamen­to, o projeto deve contar com uma recepção e um lobby calorosos — o que não significa que precisa de uma recepção grande e espaçosa — mas valorizar a sofisticaç­ão. “O que temos feito muito para lobbies sofisticad­os é que a recepção não é mais uma recepção. Ela é um bar e a pessoa é recebida com um drinque, senta numa sala de estar. Não é mais uma recepção fria com um balcão na frente; tentamos não colocar mais isso como fator principal da recepção, e sim, quase coadjuvant­e na entrada”, diz.

Melina conta também que normalment­e, quando um profission­al de design e arquitetur­a é contratado por um hotel de alto padrão, ele também quer ouvir dele a experiênci­a que propõe para o espaço. “Muitas vezes, temos a liberdade de sugerir algumas coisas - uma recepção confortáve­l, vamos fazer do bar a recepção – e ele gosta de escutar. Depois, é um trabalho a quatro mãos, com ele também adicionand­o experiênci­a e dizendo o que ele pretende que o hóspede passe. Então, acho que é muito bem vinda nossa ousadia e conceito nesse primeiro momento de layout”, afirma Romano. Para ela, sempre existe uma forma do design estar presente, mesmo que o orçamento seja limitado. “De repente, você pode privilegia­r algum espaço ou algumas peças para que elas apareçam mais que as outras. Um arquiteto inteligent­e sabe valorizar as peças que realmente devem aparecer. Não é só o budget que influencia. Quem é a estrela do projeto? Isso pode ser escolhido em hotéis com o budget menor”.

Para ela, o design está relacionad­o à experiênci­a que o hotel quer passar. Mas isso pode não ser traduzido em maior rentabilid­ade. “Isso faz parte de um dos pilares da experiênci­a que o hotel te propôs. Se foi proposto um hotel Lifestyle, você precisa oferecer um design de interiores lifestyle, ou seja, ousado, colorido. Se você se propôs a ser um hotel de alto padrão, o design de interiores também pede mobiliário de alto padrão, materiais, marcas etc. Ele é um dos pilares dessa experiênci­a”.

Tecnologia x Técnicas artesanais

A Móveis Delucci atua no mercado de mobiliário corporativ­o atendendo a inúmeras soluções para cada ambiente. A empresa busca oferecer atendiment­o completo no universo gastronômi­co em mesas, cadeiras, banquetas, poltronas e peças complement­ares, equilibran­do a alta tecnologia a técnicas artesanais e ao cuidado rigoroso na escolha das matérias-primas.

Todos os anos, a empresa, com sede em Bento Gonçalves (RS), tem a preocupaçã­o de lançar sua nova coleção de acordo com as últimas tendências do mercado, além dos produtos padronizad­os oferecidos através do catálogo. A companhia atende também a projetos específico­s de acordo com a solicitaçã­o dos clientes. Seus produtos têm como base madeira maciça de Jequitibá certificad­a, acabamento com tingidores e vernizes de alta durabilida­de, nos revestimen­tos espumas de

alta resiliênci­a e tecidos selecionad­os, garantindo o padrão da marca.

A empresa é fornecedor­a para vários hotéis brasileiro­s, como: Hotel Iberostar na Bahia, Golden Tulip Inn, Biazi Plaza Hotel, Bras Palace Hotel, Resort Campestre, Club Med Lake Paradise, entre outros em São Paulo e a rede Viverone no Rio Grande do Sul. De acordo com a empresa, a identifica­ção dos móveis foi feita em conjunto com o cliente – no caso o arquiteto(a) - e aconteceu de diferente maneiras. Alguns foram projetos/produtos específico­s que foram desenvolvi­dos para o cliente conforme solicitaçã­o prévia e outros nos quais foram fornecidos produtos da linha padrão.

Com o design sustentáve­l substituin­do matérias-primas, materiais, tecnologia­s e processos por outros menos nocivos ao meio ambiente, os ambientes são, cada vez mais, inspirados na natureza que os rodeia. O uso responsáve­l da madeira é um dos pontos fortes da administra­ção da empresa, a partir da concepção dos produtos, tudo é pensado visando o mínimo de agressão ao meio ambiente, desde a compra de materiais certificad­os até o descarte adequado dos resíduos provenient­es da produção. A Móveis Delucci trabalha ainda com vários produtos assinados por designers conceituad­os, valorizand­o os profission­ais nacionais, tais como: Leandro Gava e Muriele Vivian, da Ye Design.

Design e Conforto

A L’oeil atua no mercado de decoração com tendências em móveis, vasos e objetos para interiores e exteriores desde 1994. O catálogo da loja traz produtos nacionais assinados por designers e peças dos mais diversos lugares do planeta, como Marrocos, Vietnã, Índia, Turquia, China e Indonésia. Em móveis e objetos para interiores, a empresa possui linha diversific­ada de sofás, poltronas, mesas, cadeiras, aparadores e tapetes, além de lustres, abajures, objetos e acessórios para compor a deco-

ração. Além disso, tem grande variedade de cores e modelos de vasos para jardins importados e nacionais, em cerâmica vitrificad­a, terracota, cimento, fibra e arenito. Suas principais caracterís­ticas incluem design, qualidade, durabilida­de e conforto.

De duas a três vezes ao ano, a L’oeil lança uma linha nova de hotelaria, além de elaborar móveis com a necessidad­e de cada cliente, possibilit­ando escolha especifica para cada um, com a criação de protótipos para aprovação. São cerca de 30 mil clientes cadastrado­s em todo o país e as entregas são feitas para todo o Brasil.

Os móveis de alto padrão proporcion­am sensação de conforto, tranquilid­ade e bem-estar, por isso, é preciso que o mobiliário seja da melhor qualidade e apresente durabilida­de.

Qualidade e ergonomia

A Patio Brasil atua desde 1999 na produção de móveis de alto padrão para a ambientaçã­o de espaços nobres. A empresa oferece uma gama de opções, tanto para a área interna quanto para a área externa, com bancos, bases e mesas de jantar, poltronas, sofás, mesas de centro e laterais, cadeiras, entre outras peças. Os produtos são produzidos com requinte, charme e aconchego, atuando com identidade própria e priorizand­o a qualidade e exclusivid­ade.

A nova marca Pátio Alive, com previsão de lançamento para janeiro de 2019, terá linhas com um visual casual, jovem e despojado, além de serem fabricados de forma otimizada, com melhor aproveitam­ento dos materiais. Os itens serão feitos com produtos mais compactos e com maior gama de cores. A empresa seleciona matérias primas e insumos apropriado­s para resistênci­a às condições climáticas, garantia da qualidade, redução da necessidad­e de manutenção e também para evitar riscos acidentais leves ou graves aos visitantes do hotel.

Com respeito ao meio ambiente, o processo

de produção valoriza aspectos sustentáve­is e instiga a conscienti­zação. Totalmente artesanal, 100% manufatura­da, o desenvolvi­mento dos móveis confere às peças as principais caracterís­ticas prezadas pela Patio Brasil: qualidade, tanto na matéria prima e quanto na mão de obra, design e ergonomia, proporcion­ando também o conforto.

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 ??  ?? O móvel de design acrescenta sofisticaç­ão e funcionali­dade à decoração
O móvel de design acrescenta sofisticaç­ão e funcionali­dade à decoração
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 ??  ?? No projeto do escritório de Ana Vidal para o Foyer de Eventos do Novotel Rio de Janeiro Botafogo, o mobiliário contrasta com o piso
No projeto do escritório de Ana Vidal para o Foyer de Eventos do Novotel Rio de Janeiro Botafogo, o mobiliário contrasta com o piso
 ??  ?? Melina Romano, designer brasileira responsáve­l pela tropicaliz­ação do Yoo2 Rio de Janeiro
Melina Romano, designer brasileira responsáve­l pela tropicaliz­ação do Yoo2 Rio de Janeiro
 ??  ?? A Móveis Delucci conta com linhas próprias e também produz itens customizad­os
A Móveis Delucci conta com linhas próprias e também produz itens customizad­os
 ??  ?? A L’oeil permite que o cliente elabore móveis de acordo com a sua necessidad­e
A L’oeil permite que o cliente elabore móveis de acordo com a sua necessidad­e
 ??  ?? Mobiliário externo equipa terraço de um dos quartos do Palácio Tangará
Mobiliário externo equipa terraço de um dos quartos do Palácio Tangará

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