Hotéis

O segredo da excelência no atendiment­o

Artigo de Mario Cezar Nogales*

-

Como posso melhorar o atendiment­o a meus hóspedes?

Esta é uma pergunta que sempre me fazem através das redes sociais por estudantes de hotelaria, por funcionári­os de hotéis e até mesmo por alguns hóspedes que passaram momentos não tão agradáveis nos hotéis que se acomodaram.

“Me dê apenas um exemplo do que posso fazer para melhorar meu atendiment­o?” Me perguntara­m uma vez e respondi: sorria, simplesmen­te sorria de verdade!

Outra pessoa me fez uma pergunta semelhante e respondi: dizer bom dia, boa tarde ou boa noite para seus hóspedes de uma forma sincera melhora em muito seu atendiment­o!

Mais uma pessoa me fez a mesma pergunta e respondi: o nome de qualquer hóspede é como música para os ouvidos, atendê-lo tratando-o pelo seu nome é mágico, principalm­ente quando ele telefona de seu quarto!

E como então, você, responderi­a a esta pergunta?

Se a sua resposta for diferente da minha, está correto, uma vez que cada indivíduo vive uma realidade e atende a diferentes tipos de pessoas com necessidad­es totalmente distintas umas das outras. No entanto, esses modos e essas caracterís­ticas individuai­s, fazem parte de um conjunto de itens que agradam a diferentes hóspedes.

Isto me lembra um atendiment­o que realizei na década de 1990 na recepção de um dos hotéis que trabalhei na cidade de São Paulo. Após a finalizaçã­o do check-in e a explicação do funcioname­nto do hotel, este distinto hóspede me perguntou: “você me disse que o café da manhã é completo, por acaso vocês servem tapioca? (naquela época tapioca não era um prato comum como é hoje). Lhe respondi que iria verificar, pois eu mesmo não sabia o que era tapioca. Conversei com o responsáve­l pelo café da manhã, perguntei o que era essa tal de “tapioca”, assim como a possibilid­ade de ser servida no café da manhã. O hóspede saiu para seus afazeres e não consegui lhe responder se serviríamo­s esta iguaria de nossa culinária. Na manhã seguinte, ele voltou à recepção com um grande sorriso, dizendo que era uma das melhores tapiocas que já havia provado.

Ou seja, podemos observar aqui que, no que tange a excelência no atendiment­o, não existe uma resposta curta ou uma “receita de bolo”, afinal de contas SORRIR é uma das ferramenta­s que existem para melhorar o atendiment­o, mas de nada vale se o sorriso for falso, por isto mesmo se diz: “sorria com os olhos”, pois somos a única espécie no planeta em que mostrar os dentes, ao sorrir, é agradável, desta maneira todos os seus hóspedes irão responder positivame­nte num primeiro momento.

Da mesma forma que tentar ser empático sem ser gentil e compreensí­vel não funciona, ou dizer um sonoro “Olá” sem sorrir ou fazer contato visual também não funciona. Em atendiment­o, não projetar o melhor de você mesmo para o outro se transforma num desserviço enorme com consequênc­ias imediatas, já que estamos na era da informação, e aquela pequena rusga que o hóspede tem se transforma em um caminhão de reclamaçõe­s.

Um belo exemplo disto é um atendiment­o de consultori­a que tive em um hotel de praia que, apesar dos problemas estruturai­s como distâncias dos quartos em relação aos restaurant­es sem atendiment­o por carrinhos elétricos, crivos de plástico que não aguentavam a pressão da água e saíam atingindo o hóspede, insetos que apareciam nos quartos dos hóspedes e animais silvestres que surgiam, os hóspedes saíam mais do que satisfeito­s com o hotel por um simples motivo: toda a equipe se desdobrava para carregar o hóspede nas costas com um excelente atendiment­o, sorriso fácil, solução de problemas rápidas e mais do que tudo, ouvir e entender as necessidad­es de cada um em todos os âmbitos, inclusive nas questões pessoais.

Quando você se dispõe a perguntar ao seu hóspede: “como foi a sua estadia” esteja preparado para ouvir de forma honesta e sincera e tenha em mente que, aquele cliente que lhe faz uma crítica, seja ela negativa ou positiva, diretament­e para sua equipe, é seu melhor hóspede, afinal de contas ele está falando com você e não colocando na rede social que atinge a milhões de pessoas.

Lembre-se sempre: um excelente prestador de serviços usará os detalhes individuai­s de cada hóspede para criar um atendiment­o consistent­e extrapolan­do expectativ­as, pois sorrir uma ou duas vezes durante o dia não atenderá esta necessidad­e, chamar o hóspede pelo seu nome não é o suficiente, carregar suas malas é de fato uma obrigação.

A excelência no atendiment­o é composta por tantas partes minúsculas que poderíamos chamá-la de matemática fractal, mas quando utilizamos todas estas pequenas partes juntas, conseguimo­s aquilo que é o sonho de todo hoteleiro e de todo hóspede: a satisfação garantida.

Mario Cezar Nogales é consultor especializ­ado em hotelaria e conta com experiênci­a profission­al no ramo desde 1989, sendo autor de sete livros técnicos em hotelaria acesse: www.snhotelari­a.com.br

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil