DRINQUES PERSONALIZADOS
COQUETELARIA GANHA VISIBILIDADE E INCREMENTA OS CARDÁPIOS DE HOTÉIS
O s bares de hotéis em todo o mundo são, certamente, um atrativo tanto para hóspedes, quanto para visitantes em geral e, até mesmo, para moradores locais. Nos últimos anos, a oferta desses espaços tem crescido consideravelmente, e a procura constante fez com que os empresários do setor hoteleiro prestassem cada vez mais atenção nesta área do empreendimento, investindo em novas tendências. Desde a percepção da importância de renovar os bares, foi-se o tempo em que os ambientes totalmente clássicos e os pianos tomavam conta do saguão de entrada. Acima de tudo: foi-se também a época em que o bom e velho Dry Martini com azeitonas era o drinque “queridinho” entre os frequentadores. Surgiram, aos poucos, novos conceitos, principalmente em relação às bebidas, que, para agradar os mais diversos paladares, focam em particularidades da mixologia (releitura de clássicos e criação de bebidas autorais) e na ideia de oferecer novas experiências aos clientes.
Coquetéis na capital paulista
nida O Paulista,Tivoli Mofarrejtrouxe para– São o Paulo,Seen, na seu região recém-inau-da avegurado totalmente restaurante personalizadae bar, e uma autoral. carta De de acordo drinques com Miguel Garcia, diretor geral do empreendimento, a principal proposta é torná-lo referência na cidade. “Esta é uma demanda vinda de ‘bares de rua’, e outras cidades cosmopolitas, na qual a presença de um mixologista nos permite conectar mais com o mercado de bebidas mundial. Queremos nos tor
nar referência para a coquetelaria local, desmistificand‘ a ideia de “ue ba”es l‘calizad‘s em h‘–éis apostam apenas nos clássicos”, explica.
O bartender Heitor Marin foi quem deu vida às c”iações d‘ l‘cal. O ’”‘fissi‘nal c‘n–a “ue, desde o início, o intuito é oferecer coquetéis que agradem a todos os paladares, abrangendo o doce, o cítrico e o amargo. Ente os mais pedidos estão o Liffey e versões diferentes de Gin Tônica. “O Liffey, por exemplo, conta a história da minha experiência quando participei de um mundial de coquetéis em Dublin, na I”landa”, afi”ma. Segundo Garcia, até o momento o estabelecimento recebe ainda mais frequentadores de fora do que os próprios hóspedes. Entretanto, de forma geral, o feedback de quem se hospeda no Mofarrej –em sid‘ ’‘si–iv‘. “C‘m a chegada d‘ Seen, n‘ fim de abril, atraímos clientes locais que não frequentavam restaurantes de hotéis. A demanda de hóspedes antigos também se manteve, gerando um restaurante com ótima frequência durante toda a semana. Notamos também que os clientes preferem ir ao Seen em vez de saírem do hotel, aproveitando então a conveniência de utilizar apenas o elevador como meio de locomoção. Aqui, eles estão conectados com a noite paulistana, mesmo sem sai” d‘ h‘–el”, afi”ma. No que diz respeito ao faturamento, os drin“ues c‘””es’‘ndem a uma fa–ia significa–iva n‘ setor de A&B: o diretor reitera que o bar representa
40% no faturamento do setor de A&B e 55% no que diz respeito ao consumo de bebidas do restaurante. O Maksoud Plaza, também na região da movimentada avenida paulistana, investiu em novidades a partir de 2015, que inseriram o Frank Bar. Henry Maksoud Neto, presidente do hotel, relata que foi um ótimo investimento, já que a cidade carece deste conceito. “Temos o prazer de trabalhar com o especialista Spencer Amereno, que é um amante da coquetelaria, trazendo ainda mais resultados positivos para o negócio que, anualmente, conta com uma nova carta”, diz. Rapidamente, sob comando de Amereno, o estabelecimento tornou-se um dos mais respeitados não apenas em São Paulo, como também no Brasil, e parada obrigatória para turistas que querem conhecer a noite paulistana. “O bartender sempre realiza viagens de pesquisa para procurar o que há de mais inovador no mundo da mixologia. Sendo assim, nos surpreende a cada temporada desde que inauguramos o ba””, ga”an–e Ne–‘. O ’”esiden–e ce”–ifica “ue há clien–es fiéis, mas que novos visitantes são conquistados a cada lançamento ou novidade. “Apesar de existir há muito tempo, essa concepção mais artesanal caiu há pouco no gosto da sociedade em geral”, reitera. Spencer Amereno é um dos bartenders mais conhecid‘ s n‘ País. À f”en–e das c”iações d‘ F”ank, ele c‘n–a “ue a especialidade são os drinques clássicos e clássicos esqueci
dos, mas com uma interpretação moderna. “Entendi o que bons bares de hotel pelo mundo estavam fazendo e me inspirei para criar minhas concepções, que naturalmente teriam meu DNA, mas que coubessem nesse contexto. Geralmente me baseio também em livros antigos de coquetelaria. Gosto de explorar drinques desconhecidos, mas que já foram bastante consumidos em alguma época ou lugar”, aponta. Para o bartender, os ingredientes mais marcantes são os feitos na casa. “Acreditamos que assim aperfeiçoamos sabores e aromas, da mesma maneira que um bom chef faz em sua cozinha, utilizando ingredientes frescos e exclusivos. Fazemos as sodas, os xaropes, as infusões, o suco de tomate, as tônicas, a coalhada, o chutney, entre outros”, esclarece.
Mixologia fluminense
No Rio de Janeiro (RJ), o cenário não é diferente. O Ipanema Praia Hotel abriga o Espaço 7zero6, que, segundo o gerente de Alimentos e Bebidas, Victor Hugo Santos, sempre prezou ideias inovadoras. Recentemente, com a chegada do especialista Alex Mesquita, o bar desenvolveu uma nova carta de coquetéis temáticos. “Para criar o cardápio, Mesquita fez algumas visitas ao hotel e realizou um day use para vivenciar a experiência. Após a divulgação das novidades, tivemos muito retorno nas redes sociais. Desde então, a procura de
pessoas interessadas em conhecer os novos coquetéis só aumen–‘ u”, afi”ma.
Mesquita conta que o bar apresenta uma carta bem en
xuta, porém com receitas requintadas e apresentação bem elaborada. Entre as mais pedidas estão a Seasons of Love, que na receita leva gin, manjericão, pepino, uva verde e tônica; e o intitulado Nectar 706, com Grey Goose L’Orange, framboesa, limoncello, simple syrup e suco de maçã verde.
Entre os ingredientes mais utilizados, ele menciona manjericã‘, fl‘” de sabuguei”‘ e chá de cam‘mila. N‘ H‘–el San–a Te”esa Ri‘ MGalle”y by S‘fi–el, –ambém na ca’i–al fluminense, ‘ Ba” d‘s Descasad‘s vem chamand‘ a atenção de hóspedes e não-hóspedes por conta das bebidas autorais. “Decidimos atualizar a nossa carta em agosto deste ano, com a chegada do chefe de bar, Renato Tavares, e a divulgação tem mostrado resultados. O público de visitantes é composto 80% por não hóspedes e 20% de hóspedes. O ba” a–”ai ‘ ’úblic‘ em ge”al. Às sex–as-fei”as –”azem‘s DJ, portanto temos uma clientela mais jovem; já aos domingos agradamos os apreciadores de jazz com música ao vivo”, conta Bruna Guedes, gerente de A&B do empreendimento. O chefe de bar Renato Tavares acredita que uma carta de bebidas vai muito além de utilizar apenas ingredientes disponíveis no bar. “Criar um coquetel não é apenas misturar ingredientes. O cardápio precisa fazer sentido, contar uma história, passar para o cliente a proposta do estabelecimento no qual ele se encontra, e isso também se aplica a um coquetel”. O menu criado pelo especialista, portanto, é dividido em categorias, sendo elas: “Signature”, que são coquetéis e se dividem em contar a história de alguns dos pontos turísticos
mais visitados de Santa Teresa, e homenagear alguns dos famosos que se hospedaram no hotel; “Ao pé da letra”, com receitas originais de clássicos; “Do fundo do baú”, com clássicos esquecidos; “Gin & Tonic”, com versões de gin tônica bem trabalhadas; além dos coquetéis sem álcool. Os drinques mais inusitados são o Back to Black, em homenagem a Amy Winehouse, que tem uma releitura do coquetel favorito da cantora: o Rickstasy cocktail; e o Snoop, que homenageia o cantor Snoop Dog. A receita no segundo caso é inspirada no single de maior sucesso do primeiro álbum do artista: a música Gin and Juice. “A particularidade deste drinque, que rende muitas fotos e risadas dos clientes, é a folha de Cannabis desenhada com Bitter de especiarias sobre a espuma de gengibre”, conta Mesquita.
Um único drinque
No centro histórico de Paraty (RJ), o hotel boutique Casa Turquesa investiu em dois diferenciais para fortalecer a identidade do local. A proprietária Tetê Etrusco explica que o welcome drink oferecido na recepção virou parte do cardápio após o sucesso entre os visitantes. “Quis oferecer aos hóspedes algo que fosse personalizado, como tudo é no hotel. Nada mais óbvio do que um drinque turquesa”, explica. O Dry Turquesa é realmente azul e leva as bebidas Curaçao Blue e uma cachaça especial, com o rótulo desenvolvido para o hotel. A cachaça utilizada na Casa, aliás, é da produtora Maria Isabel, a única mulher da região que desenvolve este tipo de produto. A bebida premiada é engarrafada e conta com um rótulo especial para o hotel. Distante dos destinos mais badalados, o Malai Manso Resort Iate Golf Convention & Spa, na Chapada dos Guimarães (MT), investiu, como a Casa Turquesa, em um único drinque autoral, que gera curiosidade nos hóspedes e se tornou o mais pedido no menu do bar. “A ideia foi traduzir a atmosfera da Chapada dos Guimarães e do Lago do Manso e se ins’i”a” nela ’a”a ‘fe”ece” um ’”‘du–‘ únic‘”, afi”ma Eduardo Cardoso Guedes, gerente de Gastronomia do local. O coquetel Malai é feito à base de leite de coco, vodka e leite condensado. O resultado é um conjunto de sabores marcantes com uma concentração alcoólica bem presente.