SÃO PAULO A CAPITAL DO ENTRETENIMENTO
CIDADE VAI MUITO ALÉM DOS NEGÓCIOS E SE FORTALECE COMO DESTINO DE LAZER
A“terra da garoa” é uma das cidades mais importantes do Brasil, principalmente no aspecto econômico. Esta certeza se reafirma há décadas, na medida em que a metrópole mais populosa do País tem se consolidado, gradativamente, como o principal centro financeiro e corporativo da América do Sul. Nos últimos anos, entretanto, há uma realidade que acrescenta, aos poucos, aspectos interessantes ao fortalecimento do destino: o segmento de lazer.
A gastronomia, o entretenimento, a cultura, a noite paulistana e as inúmeras opções de compras aumentam mais, a cada dia, o interesse do turista em São Paulo (SP) e que, acima de tudo, podem garantir um acréscimo de dias na estadia do viajante de negócios, que aproveita para conhecer melhor o destino. Além dos próprios brasileiros, há também estrangeiros interessados em incluir a cidade em seu roteiro de turismo pelo País.
Dados do Ministério do Turismo (MTur) apontam que a capital é a “rainha” das viagens a negócios, eventos e convenções, captando 41,2% dos turistas estrangeiros que vieram ao Brasil por esse motivo em 2016. No lazer, aparece em 4º lugar, com 9,1% dos visitantes que estiveram no país com este incentivo. Entre 2015 e 2016, entretanto, houve um crescimento de 3,4 pontos percentuais no índice de turismo de lazer.
Do total de visitantes internacionais que estiveram na cidade, 16,3% vieram com esse objetivo, o segundo melhor resultado, nesse quesito, nos últimos cinco anos. O número só foi menor que o índice registrado (para o mesmo segmento) em 2014 (ano da Copa do Mundo), quando 23,6% dos turistas internacionais afirmaram ter visitado São Paulo para se divertirem.
Lazer em alta
Segundo Eduardo Colturato, diretor de turismo da SPTuris, São Paulo vem alcançando um incremento já há alguns anos, e este é um acontecimento que vem sendo observado principalmente por três razões principais: a longa permanência dos viajantes de negócios, a crise econômica e a realização de grandes eventos.
“São Paulo tem um potencial para o turismo, mas está longe de sua capacidade total” - Toni Sando
O primeiro fator está relacionado aos visitantes corporativos, que prolongam sua permanência. O segundo é a própria crise econômica, que durou até 2015, e acabou ajudando a cidade, pois o viajante, principalmente do interior do estado, que é hoje o principal público, ia para o Nordeste e para o exterior, mas passou a considerar a capital como um destino. O terceiro ponto está associado aos grandes eventos.
“Tem ficado bastante claro e está se repetindo o fenômeno do Carnaval, tanto de rua quanto no Sambódromo, que cresce ano a ano. Temos observado, inclusive, um aumento no número de turistas internacionais. A repercussão gera mídia espontânea; isso faz com que, quem não conhece ainda, queira conhecer. Há também os eventos como a Parada LGBT e o Réveillon na avenida Paulista, que funcionam como um atrativo turístico mais específico”, esclarece. Ele explica, ainda, que o turismo cultural é muito abrangente, e engloba shows, peças teatrais, a arte e a própria gastronomia.
Toni Sando, presidente executivo do Visite São Paulo e presidente da União Nacional dos Convention Bureaus e Entidades de Destinos (Unedestinos) conta que, em 2017, foi registrado um aumento de 5% na arrecadação do ISS (Imposto sobre Serviços) do turismo.
“Hoje, ainda, metade de todos os visitantes que vêm para o município é motivada por eventos e negócios. Um trabalho contínuo é realizado para incentivá-los a explorarem a cidade nos demais horário (finais de semana e noite). A ideia do “fique mais um dia” é muito forte e cheia de oportunida- des. Ainda assim, com uma maior promoção dos atrativos e ações integradas de hospitalidade, é possível evoluir neste segmento“, salienta Sando.
Sobre a presença dos visitantes estrangeiros, o presidente da Visite São Paulo destaca alguns números: houve um aumento tanto em visitantes domésticos (12,69 milhões), quanto em turistas internacionais (2,75 milhões), sendo, no total, 3,76% a mais que em 2016.
“Um movimento que se percebe é a inclusão da capital paulista em roteiros que passam por outros destinos estabelecidos no turismo de lazer no público estrangeiro. Hoje ainda é majoritariamente motivado por negócios, mas como São Paulo possui grandes eventos culturais e é rota obrigató- ria para shows e festivais internacionais, esse cenário vem se modificando”, reitera.
A personal guide Flavia Liz Di Paolo, especializada em tours de luxo na capital paulista, afirma que recebe muitos destes executivos estrangeiros que no tempo livre aproveitam para realizar algum passeio. “Muitas vezes, o executivo (a) vem com a família.”. Os cônjuges não podem e não querem acompanhá-los em todas as reuniões, então ficam livres para os tours. Fora o business, o que cresce cada vez mais é a parte cultural. Há turistas que viajam atrás dos restaurantes estrelados, e São Paulo está neste circuito. A gastronomia vem numa crescente, o que também ajuda o turismo”, afirma.
É preciso melhorar?
Para o diretor de Turismo da SPTuris, é essencial que a população de forma geral esteja preparada para receber bem este turista. “Isso não é somente sobre o cidadão comum, mas também sobre todos os prestadores de serviço deste setor. O visitante espera acolhimento”, afirma.
Entre outros pontos importantes, ele defende que há detalhes que precisam melhorar. “Aspectos como segurança e uma cidade limpa são de extrema importância. As questões da zeladoria urbana e da segurança somam-se ao bem receber, fazendo com que o viajante volte e multiplique essa experiência positiva”, diz.
Além disto, o potencial atualmente ainda é maior do que a demanda. “São Paulo tem um potencial para o turismo, mas está longe de sua capacidade total. É claro que há melhorias que surgem devido a esse incremento, como em mobilidade e em comunicação visual que, passo a passo, vão se desenvolvendo”, reforça Toni Sando.