Três perguntas para
Simon Mayle
Nascido em Chester, no noroeste da Inglaterra, Simon Mayle é o atual diretor da ILTM Latin America, feira de turismo voltada ao mercado de luxo e realizada anualmente em São Paulo (SP). O executivo é formado em Negócios pela Middlesex University Business School em Londres, e seu interesse pelo setor de viagens vem de longe: sua família é composta por profissionais da área. O inglês executou alguns dos maiores eventos do Reino Unido na Reed Exhibitions antes de vir para o Brasil em 2014.
1 – Além da mudança de nome, veremos mais alguma novidade nesta edição da ILTM? Quantos expositores e participantes são esperados? Quando cheguei aqui, não queria mudar a personalidade da Travelweek, que era bem brasileira. Mas a marca ILTM é muito forte no mundo inteiro, por isso alteramos o nome e o formato. Questionamos os expositores sobre o que eles buscavam e a resposta foi unânime: networking. Eles querem que façamos a intermediação do relacionamento com as agências, que os coloquemos em contato com pessoas com objetivos similares aos seus. Então, agora, cada expositor terá uma mesa com sua marca e uma foto. E os preços serão os mesmos das outras ILTMs, será mais acessível para o mundo inteiro. Teremos 360 expositores, e o mesmo número em agências. Entre os brasileiros são 25 expositores, divididos entre hotéis, barco e operadoras; este é um número muito bom. Temos 90 novos no total e também cerca do mesmo voltando (empresas que saíram nas últimas edições por causa da crise). Estimamos que serão realizadas cerca de 15 mil reuniões em três dias.
2 – Como você avalia a evolução do mercado de luxo no Brasil desde que você assumiu a direção da ILTM Latin America? Houve alguma mudança? O mercado consumidor mudou muito, e isso aconteceu no mundo inteiro, como nos Estados Unidos e na Inglaterra. Eles começaram a dar prioridade para um jeito mais simples, mais rústico, mais básico de viajar. Antes, buscavam o luxo tradicional; a mesma coisa aconteceu aqui. O consumidor está mais low profile, não quer ostentar o que está fazendo. Diante do momento difícil que o País atravessa, as pessoas não querem mostrar para o mundo inteiro que estão gastando dinheiro. Hoje, todos também estão mais introspectivos. Querem viagens de transformação, estão indo para localidades diferentes, e não apenas para Miami, Nova York, Paris. As viagens de fé, onde é possível conhecer, por exemplo, mais sobre religiões como Budismo e Hinduísmo, também estão em alta. Todos esses rituais nos transformam um pouco quando os vivenciamos. Eu acredito que o mercado está mais sofisticado, mais aberto para conhecer lugares diferentes e destinos novos.
3 - Você falou sobre os consumidores brasileiros. E o Brasil como um produto de luxo? Acredita que mudou alguma coisa desde que você chegou ao País? Eu já viajei para mais de 40 países, localidades completamente diferentes, e, sinceramente, acho que o Brasil tem todas as coisas que as pessoas querem em um destino. Vocês têm as praias lindas da Bahia, Florianópolis (SC), Amazônia (AM), Foz do Iguaçu (PR), o povo com sua alegria, uma cultura tão forte e tão diferente do mundo inteiro, comida exótica. Há experiências de fé, sejam religiões afro-brasileiras ou catolicismo. Sem contar os produtos lindos, independentes, místicos. O Brasil tem hotéis como o Mirante do Gavião, o Ponta dos Ganchos, o Fasano, o Belmond Copacabana Palace. Porém, o governo precisa focar um pouco mais no turismo, já que o taxista, o restaurante, o boteco e as lojas de artesanato, todos ganham com essa atividade.