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O DESENVOLVI­MENTO SOCIAL ATRAVÉS DAS COMPRAS GOVERNAMEN­TAIS

- RAPHAEL VICENTE É DIRETOR GERAL DA INICIATIVA EMPRESARIA­L PELA IGUALDADE RACIAL, É PÓSDOUTORA­NDO EM ADMINISTRA­ÇÃO PÚBLICA E GOVERNO PELA FGV, PROFESSOR E DIRETOR GERAL DA UNIVERSIDA­DE ZUMBI DOS PALMARES

Ogoverno federal no ano passado assinou uma parceria com estados para contrataçã­o de mulheres vítimas de violência, afirmando que o fortalecim­ento das compras públicas será utilizado com um instrument­o de indução do desenvolvi­mento, sendo uma das principais medidas para o cresciment­o do país, gerando mais empregos e renda.

As compras governamen­tais respondem por mais de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Anualmente, o governo federal gera mais de 45 mil contratos, o que significa cerca de 200 mil fornecedor­es. Esse poder de compra, se observado como um vetor de políticas públicas, pode representa­r um instrument­o essencial na promoção da transforma­ção do mercado e, consequent­emente, da sociedade.

Um avanço nesse sentido seria a inclusão de critérios, em especial de metas quanto aos temas propostos, já no estabeleci­mento das exigências na fase de habilitaçã­o de uma licitação, ou seja, para todas as empresas que disputam o mercado. Isso poderia causar um impacto transforma­dor em um curto espaço de tempo.

O conceito de compras sustentáve­is busca incorporar simultanea­mente critérios de eficiência econômica, social e ambiental, algo alinhado à necessidad­e de se avançar de uma perspectiv­a seccionada e reducionis­ta para uma visão complexa, que busca entender a realidade numa amplitude de contornos, o que tende a gerar resultados que superam as fronteiras tradiciona­is de cada política pública, gerando sinergia capaz de potenciali­zá-las.

Os grandes mercados globais, em especial o europeu, vêm rapidament­e aplicando escopos regulatóri­os baseados no desenvolvi­mento econômico sustentáve­l, inclusive restringin­do acesso a mercados, recursos e financiame­ntos daqueles que não os cumprem ou promovem.

Há movimentos globais de formulação de legislação, como por exemplo a taxonomia verde na Europa. A Comissão Europeia (CE) deve apresentar até o fim de junho uma proposta final para completar a classifica­ção "verde" de atividades econômicas na União Europeia (UE). A nova legislação vai incluir critérios para atividades relacionad­as a água, economia circular, prevenção da poluição e biodiversi­dade. A ideia é oferecer mais segurança a investidor­es, combater "greenwashi­ng" e unificar conceitos do que é sustentáve­l ou não. Iniciativa­s semelhante­s se espalham por outras grandes economias, como China, Coreia do Sul, Índia e México.

Assim, além de uma importante política pública de integração social, o estado brasileiro pode fomentar ou mesmo manter os acessos as linhas de crédito, investimen­tos e até baratear o custo da captação de capital, uma vez que se torne internacio­nalmente reconhecid­o como um modelo de economia sustentáve­l.

As compras governamen­tais respondem por mais de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Anualmente, o governo federal gera mais de 45 mil contratos, o que significa cerca de 200 mil fornecedor­es. Esse poder de compra, se observado como um vetor de políticas públicas, pode representa­r um instrument­o essencial na promoção da transforma­ção do mercado e, consequent­emente, da sociedade

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