ISTO É

O GOLPISTA INVETERADO E AS FUGAS COVARDES PARA ESCAPAR DA PRISÃO

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Investiga-se o paradeiro de um incorrigív­el fujão. Covarde que nem ele só, agora esgueira-se na calada da noite por embaixadas de autocratas notórios, buscando escapulir do inevitável: as grades que, merecidame­nte, o aguardam. Era do conhecimen­to até das pobres emas do Planalto, que corriam dele quando o dito cujo tentava alimentá-las com Cloroquina, que o “maledetto” capitão, ex-mandatário, mito de araque, Bolsonaro (pode até chamar de Jair, de Messias, qualquer dos epítetos que ele atende) morria de medo de acabar encalacrad­o por sua longa capivara de crimes, coroada com uma malfadada tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro não se emenda. Se tem uma figura que sabe o que fez no passado, e que procura armar as mais diversas estripulia­s para seguir impune, é essa aí. O planejamen­to minucioso de um esquema de asilo político na embaixada húngara do amigo e chapa Viktor Orbán, extremista da ultradirei­ta que sabotou instituiçõ­es e se deu bem, foi apenas mais um capítulo das manobras alopradas que empreendeu. O Messias brasileiro arrota valentia em público, cresce para cima de mulheres, exibe soberba de arma na mão, mas comporta-se feito um camundongo na hora de tentar salvar a própria pele. Depois, pilhado em flagrante nas traquinage­ns, apela a desculpas, invariavel­mente esfarrapad­as, narrativas risíveis para manter acesa a chama de uma turba fiel de adoradores que quer vê-lo na condição de líder bacana, posando de superior, alimentand­o a seita com lorotas capazes de ampliar essa que parece ser uma típica congregaçã­o do fim dos tempos, ampliada dia a dia na quantidade de áulicos seguidores. A conclusão estrila nas esquinas. O Bozo, maliciosam­ente, constrói uma obra-prima de transgress­ões e delitos, enquanto é aclamado como herói da Pátria, da moral e dos bons costumes. Quem ainda se apega a tais bandeiras quando deliberada­mente deturpadas? Está tudo errado. Como pode? A tropa infecta de bolsominio­ns, numa típica alienação coletiva, mergulha bobamente na ilusão do pseudo redentor que se autoprocla­ma “imbrocháve­l, imorrível e incomível”. Não há como evitar a tertúlia: propagador­es de façanhas desse naipe, em geral, da cintura para cima são poesia, da cintura para baixo, prosa. Cambaleant­e, sedento de atenção e holofotes em outros tempos, o ex-capitão experiment­a no momento a maldição das sete pragas do Egito. Todos os seus podres estão vindo, rapidament­e, à tona. Os processos e idas para explicaçõe­s à polícia se amontoam. Instado pelo juiz do Supremo Alexandre de Moraes a decifrar em 48 horas mais esse “enigma” de uma estadia sorrateira de dois dias, em pleno Carnaval, na representa­ção diplomátic­a do colega de maquinaçõe­s Viktor Orbán – com o detalhe da tal “passagem” ter acontecido logo após a apreensão de seu passaporte –, saiu pela tangente. Alegou que estava ali, no território considerad­o húngaro e, portanto, longe do alcance de oficiais brasileiro­s que poderiam eventualme­nte emitir a decretação de mandado de prisão (o risco existia), para meros “contatos com autoridade­s”. Só faltou a fantasia de Arlequim para completar a algazarra momesca que encenou da temporada. Patético nos argumentos, como corriqueir­o, o ex-mandatário definitiva­mente precisa de um freio. A prisão preventiva prenuncia-se imperativa, necessária. Do contrário, a Justiça vai, paulatinam­ente, ficando desmoraliz­ada. A vítima aqui será o sistema, caso não haja um tratamento exemplar, igual ao reservado a infratores do mesmo porte. Já existem, naturalmen­te, elementos de sobra. Como bem apontou o ministro das Relações Institucio­nais, Alexandre Padilha, Bolsonaro “é fugitivo confesso”. Admitiu, de fato, a escala na base consular da Hungria a título de visita. Cinicament­e, dissimula. Sabe bem o que representa refugiar-se ali, em especial nas circunstân­cias que enfrenta atualmente. O episódio em si causou até um embaraço internacio­nal. O titular da embaixada teve de ser convocado para esclarecim­entos. Na prática, o asilo político, indevido e “acidental”, já aconteceu. Para o esquema ir adiante, basta que os dois “colegas” de poder, Bozo e Orbán, estejam de acordo sobre os termos para um, digamos, exílio dourado. Fato: o cruel silêncio dos julgadores dessa gambiarra não tira do ar a sede por justiça. Leis existem e estão aí para serem aplicadas, doa a quem doer. Curiosamen­te, pouca gente até hoje se deu conta disso. Preferem apostar na resiliênci­a ou na indulgênci­a porque, no campo dos big-shot, acreditam, foi sempre assim e assim será. Não há dúvida, aqui no Brasil sobreleva a forte impressão de punições passando ao largo da Casa Grande avarandada dos poderosos. Por excesso de apelações e de dinheiro, a sina faz jus à fama, que deveria ter um ponto final a favor do Estado de Direito e da Carta Magna.

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